Braga - Concelho mais Liberal de Portugal
Ideias
2021-02-21 às 06h00
Anuncia-se um novo modelo de gestão pública. A crise global que estamos a viver, vai influenciar o paradigma de gestão pública que dominou a reforma administrativa durante os últimos 30 anos. A sociedade em que vivíamos e, em que ainda vivemos, assentava essencialmente, num sistema marcado pela dinâmica organizadora do welfare State e, estava dominado pelo princípio de “produzir mais para redistribuir melhor”.
Este era o contexto, em que o sistema de mercado promovia a conversão da vida social numa objetividade funcional, e transformava o ser humano num prestador e coletor de utilidades. Num agente submisso a uma burocracia tentacular, que lhe impunha uma constelação de limites, que chegava em algumas circunstâncias sociais e políticas, a ser assumida como a sua maior crença. Uma disfunção, que o actual sistema social, reproduz através da insegurança em relação ao futuro, e que resulta de mecanismos de produção de bens e serviços, com base em organizações orientadas pela burocracia, centradas nas suas próprias necessidades de sobrevivência.
Esta situação, implica a reformulação dos cenários mais convencionais ou mais informais. Capazes de responder às exigências do “novo paradigma” que está no horizonte, e que vai determinar uma nova estratégia de formulação das políticas públicas, que se aceleraram com a evolução da pandemia, que estamos a enfrentar. Um imperativo de realização de medidas, projetos e programas novos, que se radicam no objectivo de corrigir a situação que se vive, no atual contexto social am geral, e nas organizações públicas, sociais e empresariais, muito em particular. Assumindo uma importância crucial, como resposta alternativa à agonia que vive o “estado providência” e “paternalista”, em face da grande discrepância entre a racionalidade económica e os processos políticos de decisão.
Neste ambiente de transição persistem ainda muitas contradições, quer ao nível da formulação de políticas públicas, quer a nível das tomadas de decisão. Apesar desta tendência de “revolução de mudanças”, estar perfeitamente assumida nos mais diversos setores, resultantes da criação de novos modelos de gestão e comunicação, no sector público e no aparelho administrativo do Estado, baseados no conhecimento e na investigação. Numa dinâmica focada nos anseios da realização material e pessoal dos cidadãos, e numa nova visão do mundo, resultantes da situação de confinamento, de paralisação e de incerteza em que nos encontramos. Evidenciando uma nova ordem social, económica e cultural.
Este despontar de novos sistemas de organização, que decorrem das exigências de uma nova ordem social e em consequência do actual contexto de pandemia, começam a ganhar força. Um tempo marcado por profundas transformações e, com a ascensão e declínio de diferentes áreas de atividade económica, logo surgimento e extinção de “novas” e “velhas” profissões, sendo aquelas fortemente associadas a empregos de conheci-mento-intensivo, os quais requerem formação de nível superior. Novas qualificações, que decorrem do incentivo a atividade científica e Investigação e Desenvolvimento (I&D), em que estamos a apostar através das Instituições de ensino superior e dos centros de investigação com o objetivo de encorajar o investimento.
De forma a capitalizar infraestruturas e recursos humanos altamente especializados existentes, criando dinâmicas de aprendizagem ao longo da vida e condições para o desenvolvimento de novos perfis de empregabilidade no setor público. Condições promovidas através das instituições dos mais diversos níveis de ensino e de outros meios formativos, assim como implementar boas práticas, que permitam construir uma nova identidade social, económica e cultural de acentuado perfil digital. Sensibilizando as instituições públicas para a necessidade de modernização contínua e sistemática das aprendizagens baseadas nas TIC, garantindo a formalização do emprego qualificado e contribuindo para captar novos quadros e, assim, rejuvenescer as instituições públicas.
Desta forma será possível uma verdadeira coordenação assumida com responsabilidade, dentro das organizações públicas. Uma nova gestão pública baseada no conhecimento, que deverá assentar numa aprendizagem rápida, motivada pelo risco, inovação, criatividade e a descoberta. Uma dinâmica organizacional capaz de construir e desconstruir as estruturas organizacionais vigentes, com o pragmatismo e a visão estratégica para abandonar as “ideias enferrujadas”, através da construção de cenários da antecipação dos sinais dos tempos. Este é um dos desafios mais complexos com que, seguramente, estamos confrontados neste momento.
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