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Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção em Adultos: um desafio subestimado

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Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção em Adultos: um desafio subestimado

Voz à Saúde

2024-10-29 às 06h00

Ricardo Pinto Ricardo Pinto

A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é frequentemente vista como um problema exclusivo da infância, mas muitos adultos carregam os seus sintomas ao longo da vida, muitas vezes sem se aperceberem. Não é raro encontrar adultos a lutarem contra a desorganização, a impulsividade, a inquietação constante ou a incapacidade de manter a atenção em tarefas rotineiras, sem suspeitarem que estes desafios podem estar ligados a uma perturbação neurobiológica.
Embora a PHDA seja mais conhecida em crianças, nos adultos manifesta-se de forma mais subtil, como uma inquietação interna ou sensação de urgência constante. Esta dificuldade em relaxar pode aumentar o stress e a ansiedade ao longo do tempo. Mas é na falta de atenção que muitos adultos com PHDA sentem o verdadeiro peso da perturbação: a incapacidade de se focarem em tarefas simples, a tendência a perder objetos, esquecer compromissos ou a necessidade de saltar de uma atividade para outra, sem conseguir concluir nenhuma. Estes comportamentos, embora pareçam inofensivos, podem gerar frustração, tanto para a própria pessoa como para aqueles que a rodeiam.
A impulsividade é outro traço comum nos adultos com PHDA. Decisões apressadas, falta de planeamento e dificuldade em controlar reações podem ser características marcantes. Estas atitudes impulsivas, muitas vezes, levam ao arrependimento ou a mal-entendidos nas relações interpessoais e profissionais. Quantos adultos, sem saber, lidam diariamente com a frustração de se sentirem incompreendidos? Este padrão de comportamento pode gerar um ciclo vicioso: a pessoa tenta adaptar-se, mascarar os seus sintomas, mas sem conseguir enfrentar a raiz do problema, acabando por se sentir incapaz ou até mesmo inadequada.
Ao longo da vida, muitos desenvolvem estratégias para tentar gerir os sintomas da PHDA, mas estas “soluções” frequentemente não resolvem o problema, apenas o adiam. Um adulto com PHDA pode sentir-se sobrecarregado, com a sensação de que nunca tem o controlo total da sua vida. A procrastinação é uma constante, o que, no ambiente de trabalho, pode comprometer o desempenho, levando a uma sensação de falha contínua. Além disso, a desorganização mental reflete-se muitas vezes no ambiente físico: mesas desarrumadas, tarefas inacabadas e um constante sentimento de urgência, como se o tempo estivesse sempre a esgotar-se.
A PHDA pode gerar conflitos nas relações familiares ou amorosas, com a distração a ser vista como desinteresse e a impulsividade como desrespeito. Esta falta de compreensão desgasta as relações, acumulando frustrações ao longo do tempo e leva muitos adultos com PHDA a sentirem-se isolados e incapazes de corresponder às expectativas. O problema agrava-se pelo facto de muitos desconhecerem que possuem a perturbação, confundindo os seus sintomas com ansiedade, depressão ou desorganização. Contudo, o diagnóstico e tratamento adequados podem melhorar significativamente a vida de quem vive com esta condição, ajudando a desenvolver técnicas para gerir o dia a dia de forma mais eficaz.
O reconhecimento da PHDA em adultos é fundamental para que as pessoas possam compreender que os desafios que enfrentam têm uma explicação. A falta de diagnóstico leva a uma vida de lutas internas desnecessárias. Com tratamento, é possível alcançar um maior equilíbrio emocional e uma vida mais tranquila. Afinal, a PHDA não é uma falha pessoal, mas uma condição que merece atenção. Se se identifica com estes sintomas, procure ajuda. Lembre-se, cuide de si! Cuide da sua saúde!

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