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Voz aos Escritores

2020-11-20 às 06h00

Fabíola Lopes Fabíola Lopes

Andamos à volta com os números de contagiados, de altas, de internamentos, de internamentos em Cuidados Intensivos. Os números de mortos por Covid-19.
Os dias a medirem-se em distâncias e em saudades. Alunos na escola, alunos em casa, uma intermitência mascarada de normalidade.
Os mortos sem Covid-19. As consultas e as cirurgias por fazer. As ajudas por chegar e por alcançar. O cansaço. Um íssimo cansaço.
Os medos. Os gestos contraídos, subtraídos, admitidos. O que somos em resistências a este tempo suspenso, este tempo de exigência, este tempo de mudança e de estranheza.

Será também um tempo de oportunidade para muitas áreas, uma transformação à medida da Revolução Industrial só que agora é tecnológica e, por isso, às vezes invisível.
E como o essencial é invisível aos olhos, já dizia Saint-Exupéry, poderá ser um tempo de transformação para a humanidade também. Deverá ser.
Deverá ser se puder ser um tempo do ser, da reflexão, da renovação, da procura por uma melhor razão. Afinal, no fundo do sofrimento estará sempre a luz a indicar caminho e, com ele, vontade e crescimento.
As folhas sempre caíram no outono, os rios sempre correram para os mares e todo o planeta continua a sua rotação e navegação indiferente às aflições humanas. Apenas reage quando afetado ou purificado por excesso ou ausência de atuação humana. Tudo isto é medível ou quantificável.

Como medir as ausências?
Quanto valem os almoços de domingo em família?
As visitas?
As partilhas das vivências, das existências, das identidades?
Os aniversários?
Quanto valem os jantares de amigos, os convívios com os colegas de trabalho?
Os concertos por assistir, as exposições por visitar? Os livros e as músicas por editar?
Quanto valem os empregos perdidos, as empresas que fecharam e mais as que irão fechar?
As famílias desequilibradas, o desespero a aumentar a par da violência que espreita a cada manifestação?
Em cada rua ecos da desgraça anunciada a cada semana. A cada dia.
Quanto vale uma morte? Com Covid-19 ou sem Covid?
E o Natal? Quanto vale o Natal?
E o país? Que país temos e teremos?
Quanto vale um país onde há falta de professores e o concurso para a Polícia de Segurança Pública ficou por preencher?
Por entre as muitas razões para este desfecho que agora levemente se vislumbra, estará certamente a desvalorização social e a humilhação que estas profissões têm sofrido ao longo dos últimos anos e governos.
Quem quer ser polícia? Quem quer ser professor?
Quem souber as respostas, por favor não se cale.
E assim sendo, quanto vale um polícia? Quanto vale um professor?
E quanto vale um profissional de saúde?

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