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Mais ação e dedicação pela saúde dos portugueses

Voz às Escolas

2014-11-20 às 06h00

Luisa Rodrigues Luisa Rodrigues

Os avanços e os recuos a que nos temos vindo a adaptar, nos últimos anos, por inexistência de um sistema que nos permita opinar em matérias em que podíamos dar as cartas, tem deixado marcas que se vão acentuando e cujas repercussões começam a evidenciar-se.
É certo que a vida continua e, com mais ou menos percalços, o sistema funciona, mas só funciona aparentemente porque, na sua génese, sofre de algumas maleitas que, por persistentes, vão ganhando raízes e acabarão por se instalar, definitivamente, se não pararmos para refletir sobre o estado, não da nação, mas da educação.
O que, vistas bem as coisas, acaba por dar no mesmo, já que a educação, sendo “um dos principais motores do desenvolvimento social e económico das sociedades”, condiciona a própria nação que, por inexistência de um sistema educativo desenhado em função dos anseios e das necessidades da sociedade, acaba por ficar moribunda.
Os mais incautos acharão que há uma dose excessiva de negativismo no que afirmo, o que é compreensível, sobretudo se tivermos em conta que se há profissão que mereça o direito às manchetes dos órgãos de comunicação social é, sem dúvida, a dos professores, embora nem sempre pelas melhores razões, pelo que de tanto ouvirem falar nos problemas da educação, das escolas e dos professores, acabam por se ficar pelos títulos das notícias e deixar que a poeira assente porque, com mais ou menos rebuliço, o certo é que a escola funciona e os professores continuam a dar o melhor de si mesmos para que as crianças não sintam os efeitos da revolta e da frustração com que, diariamente, os professores começaram a entrar os portões das escolas, de há algum tempo a esta parte.
No entanto, talvez fosse aconselhável que começassem a estar mais atentos às mudanças que se têm vindo a operar na educação, que procurassem informar-se sobre os motivos pelos quais cada vez mais os professores tentam encontrar uma saída através de uma reforma antecipada, e não perspetivada, ou da assinatura de um protocolo de rescisão amigável com o estado, neste caso o MEC, mesmo quando se trata de profissionais que sempre foram reconhecidos pelo excelente trabalho em prol da educação e do ensino, e a quem ficamos a dever o sucesso pessoal e profissional de gerações de jovens com os quais contamos, na esperança de que o futuro seja mais promissor.
Talvez para alguns esteja a falar de um cenário que se repete um pouco por todo o lado, face à atual conjuntura, mas apesar de poder ser mal interpretada, já que ninguém é bom advogado em causa própria, não consigo não os convidar a acompanhar-me num exercício de viagem pelo passado, passado esse que, entenda-se, ainda não faz parte do programa de história mas que um dia, se houver memória e a memória for fiel aos factos, há-de fazer correr muita tinta e ficar registado, para que os vindouros saibam como facilmente se transforma um sonho num tremendo pesadelo.
Assim, talvez se lembrem do ar jovial e confiante com que os professores transpunham o portão da escola, da vontade inabalável de partilhar conhecimentos, de improvisar e de dar asas à criatividade para que houvesse respostas para cada um dos muitos rostos, com nome, que os aguardavam sedentos de ouvir, de questionar e de aprender.
Talvez se lembrem dos momentos em que a escola abria as portas à comunidade e os sorrisos não eram gestos de cortesia, resultantes de um esforço acrescido para que a fatura não seja paga por quem não participou no banquete, embora haja que reconhecer que há muitas formas de conivência e o silêncio é a mais marcante de todas elas, pelo que, numa análise consciente, talvez a fatura devesse ser melhor repartida.
Mas a realidade é bem diferente, a memória bem mais curta e a indiferença o melhor escudo para quem não ousa sequer indagar as razões pelas quais uma classe que se realizava no trabalho que fazia, hoje faz esse mesmo trabalho porque, na esmagadora maioria dos casos, tem a obrigação de o fazer.
Os professores continuam a dar o melhor de si, a lutar contra todas as adversidades para que a escola tenha sucesso, mas as mudanças, apesar de tantas vezes invisíveis, estão a destruir o que de melhor tinham - o sonho.
Porque já alguém dizia que “A escola é uma fábrica de sonhos” e os professores “A profissão mais próxima da magia”.
Pensem nisso…

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