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Para onde vai o Ocidente?

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Para onde vai o Ocidente?

Ideias

2025-01-17 às 06h00

J.A. Oliveira Rocha J.A. Oliveira Rocha

Tenho estado a ver, com muito interesse, uma série Intitulada O Capitalismo Americano, a passar na TV2. Aí se refere que a história dos Estados Unidos se identifica com o desenvolvimento do capitalismo. Acentua-se, designadamente, que o sistema político americano havia sido apropriado pelos grandes capitalistas (Rockefeller. Carnegie, Morgan) que controlavam o Senado e faziam eleger os presidentes. A Primeira Guerra Mundial constituiu um momento alto deste domínio. Ao abrigo da Doutrina Monroe, a opinião pública americana resistia à possibilidade de intervenção na Europa. Acontecia, porém, que os capitalistas americanos haviam investido largamente nas máquinas de guerra inglesa e francesa. Mas, em 1917, temia-se a vitória do Eixo. Nessa altura, os capitalistas americanos, com receio de perder o seu dinheiro, levaram a América a intervir, como forma de garantir o reembolso dos seus investimentos.

O capitalismo americano atravessou um período crítico, sobretudo devido à crise financeira de 1929 e à política do “New Deal” do Presidente Roosevelt. Os capitalistas, que nunca haviam pago impostos, foram forçados a contribuir para a recuperação económica, mas conseguiram impor a estratégia de transferirem os seus lucros para grandes fundações, as quais não pagavam impostos e davam uma imagem filantrópica dos capitalistas
Depois da Segunda Guerra, o capitalismo fez uma simbiose com o exército, convertendo-se num complexo militar industrial, como referiu o próprio Presidente Eisenhower, mandando na política externa americana.
Esta política tem-se mantido ao longo do tempo, ganhando novo impulso com a política de desregulação do Presidente Reagan. Com a eleição de D. Trump, a aliança entre a política e o capitalismo tornou-se ainda mais clara, como se comprova com a ligação do novo presidente a Elon Musk, ao qual se juntaram Mark ZucKerberg e Jeff Bezos.

Esta parceria já não se traduz na produção e venda de armas, mas naquilo que B. Claverie e F, Cherzel (2023) chama de Cognitive Warfare que definem como uma forma não convencional de guerra que usa ferramentas cibernéticas para alterar o processo cognitivo do inimigo, explora preconceitos mentais e o pensamento reflexivo, provocando distorções de pensamento, influenciando processos de decisão, com efeitos negativos a nível individual e coletivo.
Em suma, trata-se de um mecanismo destinado a manipular a mente do inimigo, em ordem a enfraquecer, penetrar, influenciar, subjugar e destruir. Musk já iniciou este golpe tecnológico contra a Europa, vilipen- diando os governos social-democratas da Alemanha e do Reino Unido e apoiando a extrema-direita.

Em simultâneo, Trump prossegue a estratégia tradicional de enfraquecer a Europa, retirando-se da guerra da Ucrânia que considera uma guerra europeia e que a Europa deve resolver. Ao mesmo tempo, reivindica a Gronelândia, a maior ilha do mundo, situada no oceano Ártico, riquíssima em minerais, mas que constitui uma região autónoma, integrante da Dinamarca, país membro da NATO.De resto, a NATO deixou de ter interesse para os Estados Unidos, a não ser como compradora de material de guerra produzido na América.
Por outras palavras, deixou de haver Ocidente (Estados Unidos e Europa) e os seus valores, mas América “great again”. E os europeus como estão a reagir? Sentem-se abandonados, mas enfraquecidos, como estão, não se espera qualquer estratégia consistente. É o fim de um mundo que se considerava vencedor.

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