“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.
Fernando T. de Andrade

Mais um ano que terminou e com ele a vontade de fazer um balanço do que nos propusemos alcançar; estabelecer novos objetivos e metas que nos dão novo folego, nova energia, novas soluções, novas esperanças e novas formas de equilíbrio e de bem-estar pessoal, familiar e profissional.
Mas, para obter algo novo temos de fazer algo diferente! Por isso, para 2023:
Desejo que cada obstáculo seja uma forma de nos fortalecermos, de nos reinventarmos, de olharmos a vida de diferentes formas e de entender o que realmente é importante;
Desejo que a educação dos nossos alunos, influenciada pelo ambiente familiar e pela presença dos pais, seja positiva e permita a cada criança a segurança necessária para se desenvolver de forma significativa noutros contextos;
Desejo que se implementem, na escola pública, programas que promovam a literacia em saúde mental, facilitando às escolas respostas aos desafios emergentes; que a comunidade educativa saiba identificar sinais e sintomas de problemas de saúde mental bem como referências aos sentimentos e emoções, aos comportamentos aditivos e a algumas perturbações emocionais;
Desejo que todas as crianças tenham uma vida mais ativa, pratiquem mais exercício físico, uma enorme ajuda para reduzir a ansiedade, melhorar a autoestima e autoconfiança, combater a depressão, prevenir a obesidade… o sedentarismo está a aumentar o risco da obesidade infantil;
Desejo que a multiculturalidade social, que se reflete nas salas de aula, facilite a implementação de uma pedagogia para a equidade, promova a integração/inclusão dos alunos, contribua para a superação das barreiras culturais e seja um motor de desenvolvimento dos valores do Perfil dos Alunos à saída da escolaridade obrigatória, grande missão do Projeto Educativo André Soares;
Desejo que as escolas integrem, a curto prazo, educadores sociais que, em estreita colaboração com os professores, os assistentes e os psicólogos, promovam a mediação entre a escola e as famílias, facilitando a troca social e cultural e fazendo pontes entre o que acontece fora e dentro da escola, numa prática mediadora de equilíbrios da ação social;
Desejo que as questões ambientais, sociais e de sustentabilidade reforcem as posições, opções e argumentações dos nossos jovens, evidenciando efetiva mudança de atitudes e de comportamentos face ao ambiente, indicadores fundamentais de uma cidadania consciente, dinâmica e informada, face às problemáticas ambientais atuais;
Desejo que 2023 seja o ano dos docentes. A desvalorização da profissão, a perda de estatuto social e económico e a multiplicidade de exigências e funções provoca, ano a ano, o aumento dos níveis de stresse profissional.
Parecem muitos desejos, mas, no final, o que desejo mesmo é que se invista mais em recursos humanos das escolas, haja menos precariedade e mais estabilidade para que a escola pública mantenha uma consistente educação, reconhecida e valorizada por toda a sociedade.
Bom ano 2023!