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Braga, quarta-feira

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Pandemia e... terrorismo

António Braga: uma escolha amarrada ao passado

Pandemia e... terrorismo

Ideias

2020-06-28 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Continuamos a viver um período de pandemia, por mais que se procure despejar “otimismo” e “noticiar” números, esperanças e expectativas, pois as realidades concretas da região de Lisboa e Vale do Tejo são bastantes más para nos preocupar. O vírus continua a dominar, a manter-se e a espalhar-se, e não se conhecem meios de o afastar, tendo-se conhecimento de um recrudescimento em vários países, com a China a ver-se obrigada a decretar o condicionamento de 22 bairros em Pequim. Tudo isto quando em Portugal se intenta retomar a vida antiga e ensaiar um renascer da economia, apesar de todas as loucuras e a inconsciência de muitos, incluindo governantes.

São bastantes os apregoados otimismos dos Costa e Marcelo, mas há que ter uma atenção redobrada aos noticiários e às dicas da DGS, apesar do “trôpego” palavreado da Graça e do fraseado “enganador” da Temido, Jamila e do Sales, anotando-se a afirmação de que “9,4 camas de cuidados intensivos por 100 mil habitantes é um objetivo até ao fim do ano” (CM, 14.6.20). Isto quando são já mais de 70 os internados nos cuidados intensivos e rondam os 300 os novos casos, sendo mais de 90% na região de LVT, aliás uma situação preocupante que, para cúmulo, vem sendo vivenciada por muita estupidez e arrogância, de mãos dadas a um ambiente de contestação, de rua e de agressividade, associado a um clima de política boçal, imbecilidade e violência, que se vem alastrando por esse mundo fora, e que teve o seu início nos USA com a morte brutal e estúpida de um preto por um polícia branco, de joelho afincado ao seu pescoço. Num alastrar de manifestações, tumultos, violência, agressões, gás pimenta, bastonadas, pichagens e pilhagens, etc., a que se seguiram outras mortes, mais agressões, mais prejuízos, mais caos e desordens, tudo a descambar pela Europa e até por Portugal, logo transmudadas em ações de luta e contestação contra o racismo, a escravatura, o colonialismo, a supremacia branca, a ordem, a segurança, a história, o bom senso, a memória e a própria cultura nos seus alicerces e monumentos, sem se ter o cuidado e a inteligência de se expurgar e condenar as falhas, excessos, erros, os especiais condicionamentos e episódios censuráveis na história e em séculos de vida de muitos povos.

É certo que o atual momento e condições de vida face a uma pandemia devastadora e ainda não vencida, os medos, as inseguranças e incertezas do Amanhã, a fome, a miséria e o desemprego que se adivinham, as “mazelas” psíquicas, os destemperos, as desordens e o “fim” de um mundo tido por seguro nos seus hábitos e costumes enraizados perturbam e enlouquecem qualquer um, e põem termo a uma cultura adulta de bom senso, de defesa da sensatez, de calma e serenidade, e ao cultivo da pacificação e de um tempo para pensar. Aliás, vive-se um tempo de “acanalhada” correria e de louca bestialidade, quase num salve-se quem puder, exaram-se afirmações absolutas e garantísticas de novos valores e de outras e antigas “estórias”, exacerbam-se temperamentos, soltam-se slogans e alimentam-se “rancores” e ódios antigos para aproveitamento dos “loucos do costume”, os extremistas das esquerda e direita e os “políticos” que “vivem e vegetam” nos “nadas”, aproveitando o caos e as desordens. Em correrias, em berreiros populistas, em manifestações ativistas e vivendo o anonimato das turbas, amorfos e indiferenciados, foi-se dando vida a um clima de “arrasto” e “perturbação” em que a perda do bom senso e da razão encontrou “alimento” e “força”. Aliás sustentada na irresponsabilidade de grupo e na avulsa coragem de comparsas de ocasião, vingando a oportunidade de “ir com os outros” e fazer barulho e “berreiro”, em que «o objetivo do berreiro não é estancar as mortes, mas sim atacar um modo de civilização, gerar culpa e humilhação, desfazer qualquer projeto comum» (M. Fonseca, CM. 16.6.20). E são muitos os que em vivência de anarquia e tumulto cometem loucuras, derrubam estátuas, destroem estórias que “ignoram”, fazem pichagens, escrevem mensagens e soltam “gritos” de revolta, formatando «uma geração de moralistas que se colocam acima de qualquer suspeita quer varrer a memória por decreto e por vingança; é a geração do ressentimento» (F. J .Viegas, CM. 11.6.20).

O que era normal acontecer em tempo de tiranias, hoje, como se vê, «vem de baixo, e os poderes submetem-se à multidão», formando-se um «terrorismo infantil» que é dirigido pelo «fanatismo da multidão», faltando «um adulto na sala para responder a este terrorismo infantil» (P. Coutinho,CM.14.6.20) e pôr fim a todo um vandalismo acanalhado e à boçalidade de uma juventude que se revê nas redes sociais, nas manifestações de rua, nas diatribes contra o poder constituído, nos “shots” à socapa, na cerveja e no álcool emborcado e na droga aqui e ali obtida. E vendo-se as imagens, a estátua do Padre António Vieira, em Lisboa, a do Cónego Melo, em Braga, as pichagens, os “escritos” e o ”vandalismo” boçal que vem alastrando, e as “fotos” e “juventude” dos “ativistas” anti colonialismo, racismo, escravatura, ordem, segurança e polícia de rua, e seus “berros”, é de se concluir que há “política extremista” a montante, num hábil aproveitamento das fraquezas e inseguranças de vida geradas pelos confinamento e incertezas dum futuro desconhecido. Sendo que «para instigar o ódio, nada como a história, que os alarves transformam em retrete» (Moita Flores, id.), impõe-se-nos admitir e reconhecer que a pandemia tenha propiciado um crescer do medo, aumentar a ignorância, a boçalidade e afetado o estado psíquico de muitos que temem o futuro e que culpam tudo e todos pelo que acontece, desde os ciganos, os pretos, os polícias, os colonialistas, os esquerdistas e os direitistas, destruindo-se a anulando-se assim princípios, regras, costumes e valores morais de um povo, para quem até há pouco era uma valência a solidariedade, o respeito pela palavra, a honra, a sinceridade, a verdade, o companheirismo, a virtude, o saber dos mais velhos, a experiência de vida e a sensatez. E se «o estado do debate público nos países ocidentais entristece» e «os assassinos no tempo do confinamento são agora os assassinos do tempo do racismo» (Luciano Amaral, CM, 15.6.20), face ao que se vê e assiste é de acompanhar F.J. Viegas no que escreve sobre Camões, a quem chama pobre homem, e diz: «De arauto das glórias e penumbras do Império a vate do imperialismo e do colonialismo, foi um salto – e correndo agora o risco de ser apeado de onde quer que esteja. Nestes dias de tolinhos à solta, apetece-me ler “Os Lusíadas” de novo». Ele que desde o século XIX é sinónimo de patriotismo, «ora pela “esquerda cívica”, ora pela “direita da tradição”» (CM, 16.6.20). Mas tenha-se a esperança de não ver derrubados a Torre de Belém e os Jerónimos!...

Entretanto, em luta contra o vírus, “temos um país em que as exceções são mais do que a regra” (P.J. Santos, CM. 10.6.20), sendo que «na gestão da pandemia de Covid – 19 Portugal tem tido mais sorte que juízo» (A. Leite, CM. 17.6.20), pois «a falta de sensatez é endémica», vai «do povo às instituições oficiais», importando referir as muitas “festas” e contágios em Palmela, em Pombal, em Lagos e noutros locais, os atropelos nos “assadores” por parte da DGS, «a estafada celebração do 1º de Maio, o desnecessário espetáculo do Campo Pequeno, as sanitaria- mente grotescas manifestações contra o racismo», etc., sendo evidente toda uma falha em força e autoridade por parte da DGS e Governo para impor e fazer cumprir as medidas necessárias com rigor e controlo na rua, nos aeroportos, em certos bairros e concelhos da capital e arredores, obrigando a que todos cumpram as regras de segurança, defendam a saúde pública, evitem os contágios e o crescente número dos casos de infeção. Que preocupam e assustam, e que de modo nenhum justificam a “sorte” de Lisboa ter sido escolhida pela UEFA para a fase final da Liga dos Campeões de 12 a 23 de Agosto, com os consequentes efeitos em termos de turismo e de visibilidade. Uma “sorte” que caiu do céu, mas que a situação e o momento de todo não justificariam. Mas espera-se que Portugal mereça a confiança dada, e que o governo, a DGS e o povo caiam em si, usem a sensatez e cumpram as regras de segurança, e não façam asneiras. Aliás a marca ‘Portugal’, de que fala Marcelo, só terá mesmo valor se o Governo impuser o seu cumprimento, com uma “zaragatoa” de marca “miúra” com uma “coima” abonada na ponta, e “espetada” nos infratores até onde custa dinheiro. Uma promessa de Costa para o conselho de ministros de hoje, e para ser cumprida!...

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