26.ª Conferência Mundial na área da sobredotação, em Braga!
Ideias
2025-05-14 às 06h00
Há 12 anos vivi uma enriquecedora experiência profissional na Argélia, o maior país da África em termos de tamanho. Em 2013, a necessidade de equilibrar a balança comercial levou a diplomacia económica do então ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, a conseguir um admirável negócio para as construtoras portuguesas: a edificação de 75 mil casas a custos controlados. Os números, de facto, impressionavam. Entre obra direta e exportação de materiais, a indústria portuguesa recebia uma injeção de 4 mil milhões de euros.
Não deixa de ser relevante que já há 12 anos a Argélia, um país com quase 45 milhões de habitantes, e que tem 80% de seu território no deserto, e a economia baseada na exploração e comercialização do petróleo e do gás natural, tivesse uma preocupação tão premente como a construção de habitação a custos controlados, tema tão atual e quotidiano no debate político nacional.
Foi também nesta experiência que conheci a história de Charles de Foucauld (canonizado em 15 de maio de 2022 pelo Papa Francisco). Há cem anos, este homem vivia no deserto do Saara e guardava sozinho um “tesouro”. Alguns salteadores sabiam deste seu “tesouro” e, para o roubar, mataram-no. A história do assassinato de Charles de Foucauld, o “irmão universal”, foi-nos contada pelo escritor René Bazin (1853-1932), que publicou a sua biografia em 1921, e rapidamente se tornou num “best-seller”.
Mas afinal, qual era o “tesouro” de Charles de Foucauld? A riqueza que ele guardava traduzia-se em hospedar todos aqueles, cristãos, muçulmanos, judeus, ou pagãos, que por ele passavam na vila tuaregue de Tamanrasset, onde redigiu um grande dicionário de francês-tuaregue, ainda hoje usado na região.
Cem anos depois, ultrapassada a pandemia do COVID-19, a nossa sociedade viu-se cercada por uma outra peste: a falta de credibilidade dos nossos governantes. É o grau zero da atividade política, é o vírus mortal da democracia e o funeral da ética republicana no seu triste esplendor.
Começando por Braga, será que não existem razões objetivas suficientes para chegarmos a esta situação? Existem, a começar pelos compromissos assumidos e não cumpridos ao longo de três mandatos. Os bracarenses não se sentem felizes quando constatam, comprovadamente, que as promessas de quem legitimamente os representa são ilusórias.
O então ministro das Obras Públicas, Valente de Oliveira, inaugurou no dia 13 de março de 2003, – há 22 anos! – a Variante Circular à Estrada Nacional n.º 14, em Braga. Depois veio a ligação ao novo Hospital e a circular exigida pela superfície comercial de Palmeira (Nova Arcada).
Hoje, após doze anos de gestão do PSD e CDS, os bracarenses perguntam: que mais se fez, numa cidade em contínuo crescimento, para facilitar a mobilidade dos seus habitantes? O imobilismo que se verifica em relação à solução para o nó de Infias constitui o paradigma da resposta: promessas e mais promessas.
Ou seja, em Braga, a resposta da mobilidade a este crescimento desapareceu desde 2013. Para a Mobilidade no Quadrilátero, “…foram gastos mais de meio milhão de euros em estudos de projetos de mobilidade ativa…”, mas até hoje não existem, no terreno, alterações que traduzam estes estudos.
Um dos exemplos que melhor traduz a vida dramática de tantos bracarenses, em cada dia de vida e de trabalho, é a inexistência do prometido prolongamento da Variante do Cávado até Ferreiros, em parceria com a IP, e que foi desenhado antes de 2013, já lá vão mais de onze anos. Atualmente está construído um trecho de 1900 metros, nas imediações do Nova Arcada, e um segundo troço, com ligação à freguesia de Frossos, numa extensão de pouco mais de 1100 metros.
E, no entanto, trata-se de uma via "…estruturante para o município de Braga, e para os municípios circundantes, que permitiria resolver muitos dos problemas com o trânsito de atravessamento da cidade, vindo de outros pontos da região…" afirmava a Coligação Juntos por Braga.
Não há justificação para adiar esta obra mais tempo, tanto mais que é assim, com comportamentos destes, que se desacredita a democracia, se engordam populismos e se enterra a ética na política.
Um dos grandes problemas com que Braga se confronta é o enorme fluxo de trânsito no centro da cidade, grande parte dele através do nó de Infias. A Variante do Cávado funcionará como dissuasor desse mesmo fluxo, ao mesmo tempo que pode criar condições de escapatória mais acessíveis, e mais rápidas, para quem não necessita de ir para o centro da cidade.
Dar sequência a esta Variante, como forma de melhorar a circulação de trânsito, bem como dar apoio às atividades económicas, garantindo as ligações aos parques industriais de Adaúfe e Pitancinhos, e às autoestradas A3 e A11, constitui uma inegável prioridade. O problema é que as promessas continuam a substituir as obras.
E não adianta aduzir argumentos porque aqueles que têm sido avançados apenas são meras tentativas frustradas de desresponsabilização. Aliás, a questão de fundo estará mesmo na falta de credibilidade em quem muito prometeu e pouco cumpriu. Como querem que os bracarenses acreditem numa maioria que os representa depois das trapalhadas que vêm adiando o Monumental Eco-Parque das Sete Fontes?
Braga sempre foi conhecida pela cidade da porta aberta e, da mesma forma que Charles de Foucauld, os bracarenses sempre souberam receber todos aqueles que os visitavam.
Também por essa razão, dos seus governantes esperam o compromisso com o seu maior “tesouro”, a garantia da credibilidade e da palavra de honra. Palavra dada deverá ser palavra honrada!
18 Junho 2025
18 Junho 2025
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