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Os vinhos de Braga na exposição de Berlim

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Os vinhos de Braga na exposição de Berlim

Ideias

2023-10-01 às 06h00

Joaquim da Silva Gomes Joaquim da Silva Gomes

Os meses de setembro e outubro correspondem à época das vindimas, quer no nosso país, quer na nossa região. Segundo dados desta semana da União das Adegas Cooperativas do Douro, há uma produção anormal de uvas, não havendo capacidade para as armazenar! Trata-se de uma situação semelhante em todo o país.
Segundo o Gabinete de Estatística da União Europeia, Portugal é um dos maiores produtores de vinho da Europa. A pujança do nosso país, neste ramo de negócios, deve muito à região do Minho.
Atualmente, o destaque que as marcas de vinho do Minho têm obtido, está associado aos certames nacionais e internacionais realizados, que divulgam ao mercado a qualidade dos vinhos desta região.
As exposições vitivinícolas não são um exclusivo do século XXI, nem sequer do século XX. Já no século XIX eram realizados certames nacionais e internacionais de promoção deste produto. Um deles realizou-se na imponente capital da Alemanha, Berlim, em 1888, poucos anos após a célebre Conferência de Berlim.
A Exposição de Vinhos de Berlim, de 1888, decorreu na Praça do Comércio da cidade, até ao final de novembro desse ano, foi organizada pela Associação Central de Geografia Comercial e Promotora dos interesses alemães no estrangeiro.
Para a “Folha de Villa Verde” de 11 de novembro de 1888, “O objetivo foi promover os vinhos portugueses no enorme mercado alemão da altura”, tendo o então ministro português das Obras Públicas, Emídio Navarro, dedicado grande atenção.
Trona-se importante recordar os produtores do concelho de Braga que enviaram os seus vinhos à exposição de Berlim. Segundo o “Commercio do Minho”, 10 de novembro de I888, participaram os seguintes viticultores de Braga:
A. Lino da Cunha Sottomayor, com o vinho da quinta de Torneiros, na freguesia de S. Victor; Amaro Azevedo Araújo e Gama, com o vinho da sua propriedade, na freguesia de Lamaçães; António Brandão Pereira, com o vinho da sua propriedade, na freguesia de Gondizalves. (Este expositor já tinha sido premiado com medalha de cobre na exposição agrícola de Lisboa em 1884); António Joaquim Oliveira Brandão, com o vinho da quinta de Vilar, freguesia de S. Victor. (Este expositor já tinha sido premiado com medalha de honra na exposição de Philadelphia); António Rodrigues Padim, com o vinho da quinta do Outeiro, na freguesia de S. Paio de Merelim. (Este expositor já tinha obtido o prémio de honra na exposição vinícola portuense de 1880); Ayres Frederico de Castro e Sola, com o vinho da quinta do Outeiro, freguesia de Adaúfe; Condessa de Bertiandos (D. Joana), com o vinho da sua propriedade, na freguesia da Sé; Domingos José Ferreira Braga, com o vinho da sua propriedade, em S. Martinho de Dume; Domingos José Soares, com o vinho da sua quinta, na freguesia de Adaúfe; Duarte Borges Pacheco Pereira, com o vinho da quinta de Infias, freguesia de S. Vítor (a freguesia de S. Vicente ainda não tinha sido criada); Francisco António Ferreira da Silva Araújo, com o vinho da sua quinta, em Ferreiros; Joaquim Firmino da Cunha Reis, com o vinho da sua propriedade, na freguesia da Sé; João António de 0liveira Braga, com o vinho da sua propriedade, em S. Jerónimo de Real; João Esteves Cerqueira Amorim, com o vinho da sua quinta, de Palmeira; José Teixeira de Carvalho Magalhães Carneiro, com o vinho da quinta da Fonte, de Palmeira; Lourenço da Cunha Velho Sottomayor, com o vinho da sua quinta, de S. Martinho de Dume, e Manuel José Ribeiro, com o vinho da sua propriedade, na freguesia de Cabreiros.
Os vinhos bracarenses obtiveram um enorme sucesso neste certame. Segundo o relatório dos delegados de Lisboa e Porto (Lisboa, Imprensa Nacional, 1889), “A exposição de vinhos portuguezes, em Berlim, realizada em 1888, foi uma verdadeira festa nacional, realizada em paiz estrangeiro. Apesar de limitada á exhibição de um só dos productos agrícolas do nosso solo, a opulência e a riqueza que ella revelava correspondia dignamente aos esforços empregados pela comissão alemã para lhe preparar instalação grandiosa”.
De referir ainda que concorreram à exposição de Berlim 446 expositores portugueses.
Segundo este relatório, muitos vinhos de produtores bracarenses obtiveram grande destaque em terras alemãs. Destaca-se o 2.º prémio obtido pelos seguintes vitivinicultores bracarenses: vinho tinto, colheita de 1887, apresentado por António Brandão Pereira, que já tinha sido premiado com medalha de cobre na exposição agrícola de Lisboa em 1884; vinho tinto de 1887, apresentado a concurso pela Condessa de Bertiandos; vinho tinto de 1887, de Lourenço da Cunha Velho Sottomayor e o vinho tinto de 1887, apresentado por Domingos José Soares.
O 3.º prémio foi obtido pelos seguintes produtores bracarenses: vinho tinto, de 1887, de António Joaquim Oliveira Brandão, que já tinha sido premiado com medalha de honra na exposição de Filadélfia; vinho tinto, de 1887, de António Rodrigues Padim, que já tinha obtido o prémio de honra na exposição vinícola portuense de 1880; vinho tinto de 1887, de Aires Frederico de Castro e Sola; vinho tinto de 1887, de Domingos José Ferreira Braga; vinho tinto, de João António de 0liveira Braga, e o vinho tinto, de João Esteves Cerqueira Amorim.
De referir ainda que o vinho que mais se destacou na Exposição de Berlim de 1888 foi apresentado pelo Visconde de Vilar de Além com o seu “Vinho do Porto”. A sua marca “Bismarck” foi indicada como o mais belo vinho em exposição, com um preço de 150 libras por pipa. A produção desse vinho foi limitada a 100 pipas por ano.
Atualmente muitas marcas de vinho portuguesas ainda recordam esta exposição de 1888, em Berlim: é o caso do “Vinho Periquita”, com a sua colheita de 1886, que obteve a medalha de ouro na Exposição de Vinhos de Berlim em 1888.
Também os “Vinhos Aveleda” ainda hoje destacam a conquista da sua primeira medalha internacional: “medalha de Ouro na Exposição Internacional de Berlim de 1888”!
Ainda a Adega Cooperativa da Vidigueira, que destaca a importância que foi a conquista da medalha de honra por um vinho branco da Vidigueira, o Quinta das Relíquias, presente a concurso pelo Visconde da Ribeira Brava, na Exposição de Berlim de 1888.
Se os vinhos portugueses e também minhotos, atualmente, têm um grande destaque mundial, esse realce começou nesta exposição de Berlim, realizada em 1888.

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