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Os Restricionistas

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Os Restricionistas

Ideias

2020-11-28 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

Congresso de parva polémica periférica: mas algum dos restricionistas acredita no que diz? Não despejamos nós, e eles connosco, que estamos pelos cabelos por causa de vidas que não temos, por fossos que inviabilizam romagem familiar ou banal deslocação de lazer, independentemente dos cuidados que tomemos? E não me venham, de novo e sempre, com o relambório do justo e do pecador, que da bacanal acontecida e suposta de franjas destemperadas resulta a prisão domiciliária do tecido social por inteiro.
Mercearia de quilo igual ao litro, deves e haveres de tasqueiro: por que cálculo de nobelizar se afere o efeito positivo de recolheres obrigatórios, de sabadais e domingadas no resguardo de paredes domésticas? Ele é só uma ideia, um eflúvio atravessado do senso comum, uma lapalissada do género de quem anda à chuva molha-se, sendo que, para bem, haja quem envergue impermeável.
De menos gente na rua, menor a difusão do vírus. Pois se pergunta: quem o tenha ao sábado, sem que o saiba, não o terá dois dias depois? Quem satisfaz o patriótico dever de não propagar pestilência domingo à tarde, não acertará contas com o mafarrico que atazana o Costa na terça à primeira hora?
Assumam os comentidores e os demagogos de direita ressabiada que se estão nas tintas para o bicho. Ou que não o digam, mas que virtude não lhes vejamos. Empola-se o congresso, o livre-trânsito de afiliados comunistas: «Vermelhos de má pinta, moralistas do bem para mim e do mal para os outros. Nós a sofrer, e eles a laurear. Vai sair-lhes cara a teima. O povo não lho perdoará nas urnas. É por estas e por outras que o Ventura aduba, que até velhos camaradas lhe levam o voto. Pois não se vê em França?». Sabem lá eles o se passa no Hexágono! A anos-luz, o Chega, do RN, e quanto ao PCF, por comparação com o PCP, nem é bom falar. Declinam os de cá, ainda assim, minguam mais do que florescem, mas é contracção que vem de trás e que continuará inexoravelmente.
Raiva que se palpa no éter, fúria de oprimidos que se cultiva em relação ao Congresso, como antes a propósito do Avante. O povo que quer sair e não pode, que quer folgar e não lho permitem, que se atemoriza de morrer por espirro de grau qualquer na escala de Richter, apura rancores contra os que levantam o pé em quintal de excepções, tal e qual eu escrevo à antiga.
Que um enfrente mil. Vícios e virtudes de maiorias de praça pública. Ocorre-me que os que fustigam o PCP possam ser herdeiros dos que em tempos queimavam bruxas, judeus e danados com trato demoníaco, dos que optaram pela soltura de Barrabás. A maioria legitima e dilui: nos mil que urram, que puxam corda, que chegam morraca, não há mão envergonhada, não há remorso. Os horrores da Alemanha Fascista não teriam sido possíveis sem adesão acéfala a chancelerzeco que tropeçaria nas nuances de um drama de Schiller, de uma dissertação de Kant.
Calar e seguir o chefe: valha-me Deus! Retórica de atarracha, lucidez de feijão miúdo, do que padroniza o aperto dos glúteos. E é com tolerâncias de ponto à segunda para meio mundo que se achata a curva? E se fossem os mandões dar uma curva? Quem não se evade a meio da tarde de sexta, para chegar onde queira antes das onze? Não o Zé e a Maria de vida torta, falhos de orçamento para cinco dias de vareio, que emburram sem desopilar um nico no sábado, um nico no domingo, horas que passarão a destilar venenos contra o Jerónimo.
Clarividência perdida. Talvez já não consigamos pensar, quiçá outros nunca o tenham feito.
Fascina-me a imunidade e a patine elitista do socialismo esclarecido.

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