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Os problemas são relativos e adaptação também

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Os problemas são relativos e adaptação também

Ideias

2022-03-21 às 06h00

Pedro J. Camões Pedro J. Camões

A importância dos assuntos depende muito de como se comparam com outros. Na minha última crónica discuti os problemas que persistem e nunca são resolvidos. O exemplo que dei foi o das eleições legislativas no circulo da europa que tiverem de ser repetidas não obstante os erros serem já bem conhecidos nas eleições anteriores. Entretanto, iremos ter a posse do Governo nos últimos dias deste mês e provavelmente tudo será esquecido. Mas a verdade é que, passadas quatro semanas, esse exemplo parece tão fútil e irrelevante que ninguém se deve lembrar dele.

Voltámos a falar de guerra como há muito não víamos. Evidentemente, o facto de não falarmos antes não significava que não existissem conflitos militares. Mas não tinham a importância que pressentimos haver desta vez. Os cenários são muito incertos e dimensão potencial é muito preocupante. As preocupações manifestadas pelos decisores políticos dos governos nacionais, da União Europeia, dos Estados Unidos, e outros tornam claro que algo muito sério está em causa. E isso como que apaga ou diminui a importância de tudo o que parecia crítico até há bem pouco. Isso é muito evidente no caso da pandemia, que foi uma grande preocupação durante cerca de dois anos mas agora parece ter desaparecido completamente do radar. Olhando retrospetivamente, o uso da metáfora ‘guerra contra a pandemia’ parece uma tolice sem sentido.

Os assuntos têm importância relativa que decorre da sua comparação com outros. Isto também é expresso na atenção que lhes damos e o modo como lidamos com eles. A verdade é que não é possível processar toda a informação disponível sobre todos os problemas. A nossa atenção tem limites. Nem a pandemia era o único assunto a merecer preocupação das sociedades, como pareceu durante os dois anos anteriores, nem passou agora a ser uma questão irrelevante, como parece ser o caso.

O modo de lidar com os diferentes tipos de problemas, isto é, o comportamento varia ainda com a perceção da sua importância. Isso observa-se muito claramente na nossa capacidade de adaptação. Uma notícia de ontem do jornal Público dava nota que algumas empresas e organizações empregadoras estavam a ponderar, ou tinham até já decido, retomar os modelos híbridos ou puros de teletrabalho, de modo a minimizar o impacto do grande aumento dos combustíveis, cujos efeitos são muito significativos quer nos bolsos das pessoas quer nas contas das empresas. Isto é muito interessante porque exatamente a mesma coisa decidi eu com os meus alunos da universidade. Como tenho alguns alunos que moram a mais de 100 km de Braga para assistir a uma única aula de 150 minutos ao sábado de manhã, decidimos em conjunto retomar o modelo das aulas online para quem pretendesse. Portanto, na aula do último sábado, cerca de metade dos alunos estavam na sala e a outra metade estava em casa online. Poupando assim o custo da deslocação. A integração do teletrabalho nas nossas vidas profissionais começou por ser uma consequência inevitável dos isolamentos em casa para suster a pandemia. Nesse período, a adaptação foi imposta pela lei, desta vez parece de adesão voluntária.
Poderemos, então, concluir que quanto maior é a gravidade dos problemas maior é a capacidade de adaptação? Pode não ser tão linear, mas há aqui uma relação.

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