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Os poemas da Olívia

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Os poemas da Olívia

Ideias

2023-05-22 às 06h00

Álvaro Moreira da Silva Álvaro Moreira da Silva

No passado sábado a biblioteca Lúcio Craveiro da Silva promoveu mais um evento de foro literário, calorosamente recebido pela sua diretora, Dra. Aida Alves, e impulsionado pela editora “Edições Morfema”. Na presença da renomada autora Lídia Borges, pseudónimo de Olívia Marques, e da não menos reconhecida ilustradora Patrícia Ferreira, a apresentação focou-se no recente livro infantil “Poemas de calções”. O evento contou também a participação dos professores José Moreira Silva e Fabíola Lopes, convidados que ajudaram a alimentar a tarde com a sua boa disposição e conhecimento literário-linguístico.
Chegado a casa, e embebido de sumarentas ideias, decidi escrever este artigo centrando-me em dois pontos essenciais. Primeiramente, refleti sobre a complexidade inerente à produção de uma obra, muitas vezes impercetível e desvalorizada aos olhos do leitor. Idealizar, pensar, escrever, ilustrar, editar e fazer chegar o produto final às nossas mãos, parece-me uma suada tarefa. Depois, vieram-me à mente algumas palavras proferidas pelos intervenientes do evento, que colocaram a ênfase na importância do papel dos pais e professores na seleção e mediação de livros infantis. Indago-me sobre qual será a verdadeira missão de um autor, em particular quando escreve para crianças. Será o enriquecimento financeiro ou a potenciação do desenvolvimento espiritual, transmitindo ideias, senti- dos e valores, ingredientes essenciais ao equilibrado crescimento infantil? Cada autor há de ter a sua intenção.
Partindo de uma ideia inicial, o autor procura encontrar a harmonia entre as palavras e as ilustrações, o equilíbrio entre a componente digital e a impressão, para além do necessário marketing e distribuição. São algumas etapas da cadeia que requerem minuciosidade e dedicação de todos os intervenientes. Neste último livro da professora Olívia, encontramos ingredientes sinestésicos suficientes para aguçar o apetite do pequeno e grande leitor. A autora fê-lo com excelência e com um genuíno objetivo pedagógico, utilizando a poesia para comunicar e transmitir as suas ideias. A combinação dos seus poemas de “comer, imaginar, brincar e amar”, remete-nos para as raízes e valores familiares, utilizando um variado conjunto de figuras de estilo. Paralelamente, as ilustrações procuram temperar as suas palavras. Em uníssono, contribuem para o imaginário do pequeno leitor, despertam a sua curiosidade, criatividade e capacidade interpretativa, para além de possibilitarem o seu desenvolvimento e sentido crítico. Por fim, a parte digital, gráfica e de impressão, onde a editora procurou promover empresas portuguesas, evitando origens de produção e distribuição chinesas. Não sei se repararam, mas a maioria dos livros infantis têm origem de impressão na China, o que desvirtua as empresas nacionais, nomeadamente bracarenses, algumas com padrões de elevada qualidade. Importa produzir ao mais baixo custo ou com a mais alta qualidade?
Um livro leva-nos a viajar, a viver histórias e a encarnar personagens, umas almejadas, outras que nos aterrorizam. Ele ajuda-nos a desenvolver vocabulário, a focar a atenção, a melhorar a dicção, a desenvolver a nossa forma de estar e de ver o mundo. Quando iniciamos a viagem, a história passa a ser nossa, assimilamos a informação como se da nossa própria realidade se tratasse, fazemos pontes, comparações, fazemos com que os personagens se encaixem nas nossas vidas. O seu conteúdo é deveras importante, pelo que a eleição de um livro terá de obedecer a um conjunto de requisitos, nomeadamente a faixa etária, o nível de literacia, o propósito da leitura. Na infância, os agentes de socialização são responsáveis por esta escolha. Haverá crianças em que será importante simplesmente estimular o gosto pela leitura e em que as ilustrações têm um papel preponderante, e haverá outras em que o livro ajuda a desenvolver competências socioemocionais e sensoriais, tantas vezes em falta nos nossos pequenos.
“Poemas de calções” alia o melhor dos dois mundos: o incrível mundo da palavra e o mundo encantado da cor.
*com JMS

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