Hoje em dia, vivemos numa sociedade cada vez mais apressada e muito exposta ao marketing e publicidade agressiva. Neste contexto, comprar um carro tornou-se algo mais emocional do que racional. É cada vez mais comum ver pessoas de todas as idades e classes sociais a fazer escolhas impulsivas, influenciadas pelo desejo de status, pela facilidade de crédito e pela falta de informação técnica e financeira.
O carro já não é apenas um meio de transporte. Para muitos, representa sucesso, prestígio ou até identidade pessoal. Esta carga simbólica acaba por levar a decisões pouco sensatas, onde muitas vezes “ter o carro certo” fala mais alto do que analisar se ele realmente se adequa às necessidades do dia a dia — e à carteira.
Outro problema comum está no recurso alargado ao crédito automóvel. A proliferação de soluções de financiamento disponíveis, como leasing ou crédito pessoal, facilita a comporá, mas mascara o verdadeiro custo do veículo. O problema? A maioria das pessoas olha apenas para a prestação mensal que parece “comportável”, sem perceber os custos escondidos: juros, comissões, seguros obrigatórios… No fim, esta ilusão de acessibilidade torna o carro muito mais caro do que se pensava, e há quem acabe mesmo numa situação de sobre-endividamento, sobretudo em contextos de instabilidade económica. Outro fator preocupante é a insuficiente literacia financeira. Muitos consumidores não têm noção dos custos reais de ter um carro: combustível, manutenção, impostos, seguro... Outros não entendem bem os contratos de financiamento, e isso deixa-os vulneráveis a propostas pouco claras, feitas por vendedores ou instituições que nem sempre agem com total transparência.
A compra de um automóvel deve ser uma escolha pensada, informada e bem planeada. É fundamental apostar na educação financeira e na comparação de propostas antes de assinar qualquer contrato. Além disso, o setor precisa de mais regulação para proteger os consumidores.
Num tempo em que a mobilidade está em profunda transformação, com alternativas mais sustentáveis e partilhadas a ganharem espaço, é importante repensar a nossa relação com o carro. É urgente mudar a mentalidade de posse impulsiva, para uma abordagem mais consciente e responsável. Ter um veículo não precisa de ser uma questão de status. Pode — e deve — ser uma decisão consciente, equilibrada e adequada à realidade de cada um.
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