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Os novos líderes partidários

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Os novos líderes partidários

Ideias

2022-11-07 às 06h00

Pedro J. Camões Pedro J. Camões

O PCP vai mudar o seu secretário-geral. De modo completamente inesperado, no sábado ao inicio da noite o partido comunicou à imprensa que Jerónimo de Sousa, depois de 18 anos no cargo, iria substituído por Paulo Raimundo. Quando foi anunciada, a substituição também foi completamente inesperada. A IL está também num processo eletivo interno de substituição do seu presidente, neste caso com dois candidatos já assumidos. Já este ano, o PSD e CDS haviam substituído também os seus lideres, neste último caso depois do partido ter perdido a sua representação parlamentar que sempre tivera desde 1975. BE não mudou e o Chega também não. Assistimos, portanto, a uma vaga de mudança de lideranças em alguns dos partidos mais importantes da democracia portuguesa.
As várias mudanças parecem ter origem, pelo menos em parte, nos resultados das eleições legislativas de janeiro de 2022 e na vitória com maioria absoluta do partido socialista, que, evidentemente, não mudou. As mudanças não são mera coincidência mas acontecem por razões muito diferentes porque os vários partidos têm modos de agir muito diferentes, o que se traduz também no que procuram das suas lideranças e, consequentemente, no modo como as escolham e as substituem.

Durante os 18 anos que Jerónimo de Sousa permaneceu no cargo, o PSD teve como lideres Durão Barroso, Santana Lopes, Marques Mendes, Luís Filipe Menezes, Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos Coelho, Rui Rio, e agora Luís Montenegro. Isto significa, em média, um presidente diferente a cada dois anos, sendo que alguns estiverem muito menos tempo no cargo. Olhando para estas oito personalidade, é muito difícil imaginar um grupo de pessoas com ideias mais diferentes. Muito simplesmente, este registo mostra que, coletivamente, o partido não sabe muito bem que tipo de líder deseja. Parece que o critério é apenas avaliar os resultados das eleições e, se forem menos que bons, mudar, seja por quem for. Provavelmente isto será natural num partido cujo objetivo primordial é governar e em que quase a única aspiração de quem o lidera é ser primeiro-ministro. Mas esta estratégia de tentar todas as possibilidade sem sequer pensar num critério não parece ter sido lá muito bem sucedida!

Quando olhamos para o PCP, o contraste não poderia ser maior. Teve cinco secretários-gerais em quase 100 anos de história e viveu apenas três mudanças na liderança do partido: em 1961, com Álvaro Cunhal, em 1992 com Carlos Carvalhas e em 2004 com Jerónimo de Sousa. Fica logo óbvio que este ritmo de alteração permite pensar muito bem em quem deve ser o escolhido. Definitivamente os critérios do sucesso eleitoral e da popularidade não são considerados para avaliar e escolher as lideranças. Aliás a escolha substituto mostra isso mesmo. Se fosse este o critério, a escolha poderia recair em João Ferreira, um nome muito mais mediático. Paulo Raimundo é um membro do partido praticamente desconhecido do público, incluindo da imprensa que acompanha estes assuntos. Aparentemente, o PCP é mesmo um partido muito diferente dos outros e, por isso, pouco conhecido e compreendido. Também neste caso a estratégia de quase não mudar e de, quando muda, ignorar a pulsão popular parece não ter dado grande sucesso!
Num artigo anterior, a propósito das eleições legislativas, sugeri que os partidos escolhessem modos de fazer campanha mais adequados aos nossos tempos. Parece que também o devem fazer na escolha de quem os lidera

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