Correio do Minho

Braga,

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Os jovens e a política

Recordando o 75.º Aniversário do Escutismo nos Açores

Ideias

2011-03-02 às 06h00

Luís Rodrigues Luís Rodrigues

O processo de mobilização dos jovens à volta de temas tão importantes como sejam o seu envolvimento na construção de propósitos de cidadania europeia e de proximidade com a vida pública e política intra e inter nacional exige atenção cuidada e sobretudo urge encontrar caminhos capazes de inverter tendências preocupantes.
De facto, o distanciamento da juventude às Instituições e aos processos em democracias consolidadas revelado por muitos estudos realizados por essa Europa fora, requer reflexão e ponderação, mas principalmente medidas que motivem os jovens a participar em causas e mecanismos colectivos.
Porque, tal como um dirigente associativo afirmou recentemente, “não é tarefa fácil encorajar as pessoas a construir uma sociedade para elas próprias mas também para os outros”.
A globalização dos mercados e os crescentes requisitos associados à competitividade caracterizam o desenvolvimento recente das sociedades.
O individualismo e o consumismo decorrentes desta realidade constituem obstáculos à participação alargada, ao colectivismo e ao associativismo.
Mas esta argumentação pode ser apenas uma face do problema e não deve por isso ser ignorada. É que, tal como Fernando Pessoa notou, 'tudo o que chega, chega sempre por alguma razão'.
Por isso é necessário ouvir. Por isso é necessário debater e diagnosticar.
O papel do poder público na construção do futuro colectivo é parte importante no funcionamento do sistema democrático de qualquer país. Acreditar e, simultaneamente, fazer com que o cidadão seja o elemento central para aqueles que governam - Instituições e pessoas - deverá constituir o guião padrão para o comportamento destes últimos.
A insatisfação, a indiferença, o alheamento relativamente às diferentes dimensões de tomada de decisão associadas à democracia representativa, têm sido apontados como sendo indicadores comuns à maioria das sociedades europeias.
Preocupante é o facto dos jovens de hoje se inserirem, de uma maneira plena e assumida, neste grupo de pensamentos pois eles serão os depositários dos valores daquela que é a melhor forma de governância ao nosso dispor.
Contudo, e neste particular, é importante realçar o facto de a alienação, o desinteresse e o descontentamento não significar que exista, intrinsecamente, falta de reconhecimento da importância dos processos e das Instituições.
Adicionalmente, e neste contexto, importa salientar que identificar e avaliar a importância relativa do tipo e da extensão dos pontos negativos expressos relativamente a cada elemento do sistema pode e deve levar a que estratégias diferentes possam ser consideradas.
De facto, um estudo efectuado pela Hansard Society - uma organização inglesa não governamental cujo objectivo é encorajar um maior envolvimento da sociedade na política - mostrou diferentes atitudes e avaliações por parte dos inquiridos quanto à importância, à relevância, à acessibilidade, à eficácia ou à representatividade de órgãos fulcrais ao funcionamento da democracia.
Este conhecimento permite conceber intervenções mais intensas em determinadas dimensões e descartar acções noutras.
No que diz respeito à negatividade expressa consistentemente por grupos etários mais jovens relativamente à política e aos seus agentes em particular, utilizadores de uma linguagem demasiado complexa, decidindo sobre assuntos demasiado longínquos dos seus interesses, constituem exemplos universais de que existem hiatos importantes na cadeia de ligação entre cidadãos e os seus representantes.
A era da informação e das tecnologias de comunicação actualmente disponíveis coloca desafios adicionais na medida em que o impessoal e o curto prazo se assumiram primordiais em detrimento da abrangência, do duradouro, do significativo, da proximidade.
No entanto, a internet é há muito considerada uma aliada poderosa da democracia.
Na abertura e aproximação a novos e a públicos existentes, mas sobretudo enquanto potenciadora da responsabilzação e credibilização dos agentes e das Instituições. Guiando o cidadão pelas estradas do poder. Por áreas, por temas, por projectos. De maneira amigável. Oferecendo transparência. Mostrando-se responsiva e concisa. Consagrando o princípio de engajamento com o cidadão.
Será porventura este um modo e um meio para inverter o alheamento presente dos jovens para com o colectivo e o público.
Simultaneamente, e como Barreto Nunes, ex-Director da Biblioteca Pública de Braga, defendeu os jovens, sempre que tiveram causas, disponibilizaram-se para, e cito, 'lutar e em muitos casos para as liderar. A guerra colonial, a censura, a PIDE, a emigração e a pobreza são exemplos de situações em que os estudantes expandiram capacidades de organização, de reflexão e de intervenção política e social'. Realçaria a este propósito o papel de populações extremamente jovens nos movimentos de “libertação” que vimos assistindo em muitos países do Médio Oriente (na Líbia por exemplo um terço da população tem menos de 15 anos e 85% da população é alfabetizada).

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