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Os baixos níveis de literacia e numeracia em Portugal

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Os baixos níveis de literacia e numeracia em Portugal

Voz às Bibliotecas

2025-01-09 às 06h00

Rui A. Faria Viana Rui A. Faria Viana

Mais de metade dos adultos portugueses têm dificuldade em compreender textos longos e em resolver problemas matemáticos. Esta é a conclusão de um estudo da OCDE, desenvolvido através do Programa pa- ra Avaliação Internacional de Competências de Adultos (PIAAC), em que participaram 31 países e que coloca Portugal na cauda da Europa em literacia e numeracia.
Os adultos portugueses, com idades compreendidas entre 16 e 65 anos, alcançaram, em média, 235 pontos (numa escala de 0 a 500) em literacia, 238 pontos em numeracia e 233 pontos em resolução adaptativa de problemas, valores muito abaixo da média da OCDE. Tanto em literacia como em numeracia, os portugueses apenas ultrapassaram os resultados dos adultos do Chile, país que obteve os piores resultados nos três parâmetros principais do estudo. Portugal só conseguiu melhor resultado no domínio da resolução adaptativa de problemas (233), situando-se em 27.º lugar, entre os 31 países, à frente de Itália, Lituânia, Polónia e Chile.
Através deste estudo constata-se que 30% dos adultos em Portugal, nos três domínios observados, obtiveram pontuações nos dois níveis mais baixos das escalas de competências, quando a média da OCDE se situa nos 18%. Portugal é, assim, um dos 11 países, juntamente com Chile, Croácia, França, Hungria, Israel, Itália, Coreia, Lituânia, Polónia e Espanha, que apresentam um desempenho abaixo da média da OCDE em todas as competências. Com melhor nível de proficiência nos três domínios avaliados estão a Finlândia, o Japão, a Suécia, a Noruega e os Países Baixos, destacando-se os adultos finlandeses com 296 pontos em literacia (em comparação de 260 de média nos países da OCDE) e com 294 pontos em numeracia (numa média de 263 da OCDE), dividindo os melhores resultados, 276 pontos, na resolução adaptativa de problemas com o Japão (em comparação com uma média de 251 da OCDE).
Segundo o relatório, 42% dos adultos portugueses obtiveram o nível 1 ou abaixo (numa escala de 0 a 5), muito acima da média da OCDE situada nos 26%, o que significa que possuem baixa competência neste domínio, ou seja, “as pessoas no nível 1 conseguem entender textos curtos e listas organizadas quando a informação está claramente indicada, localizar informações específicas e identificar conexões relevantes. Aqueles abaixo do nível 1 conseguem, no máximo, entender frases curtas e simples”. Só 4% dos adultos portugueses pontuaram nos níveis 4 ou 5 (considerados de alto desempenho), uma percentagem abaixo da média da OCDE que é de 12%.
No domínio da numeracia, 40% dos adultos portugueses obtiveram competências iguais ou inferiores ao nível 1 (sendo a média da OCDE de 25% neste nível), em que as pessoas conseguem “fazer cálculos básicos com números inteiros ou dinheiro, compreender o significado das casas decimais e encontrar trechos de informação em tabelas ou gráficos, mas podem ter dificuldades em tarefas que exijam várias etapas (por exemplo, calcular uma proporção)”. Abaixo do nível 1 “conseguem adicionar e subtrair números pequenos” e os que se encontram nos níveis 4 e 5, que são 7% em Portugal (face aos 14%, em média, na OCDE), “conseguem calcular e compreender taxas e rácios, interpretar gráficos complexos e avaliar criticamente argumentos em informação estatística”.
Quanto ao desempenho na resolução adaptativa de problemas, 42% dos adultos portugueses situam-se no nível 1 ou inferior (sendo a média da OCDE de 29%) em que, neste nível as pessoas “conseguem resolver problemas simples com poucas variáveis e pouca informação acessória e que não se alteram à medida que se avança para a resolução. Têm dificuldade em resolver problemas com várias etapas ou que exijam monitorização de múltiplas variáveis”, conforme diz o relatório. Abaixo do nível 1 “compreendem, no máximo, problemas muito simples, normalmente resolvidos numa única etapa”. Só 2% dos adultos em Portugal conseguiram pontuação de nível 4 (sendo a média da OCDE de 5%), demonstrando “compreensão mais profunda dos problemas e podem adaptar-se a mudanças inesperadas”.
Refira-se que o PIAAC é um dos maiores e mais exaustivos estudos no âmbito da educação e das competências pessoais consideradas necessárias em múltiplas situações do dia-a-dia dos adultos, e, para a elaboração do relatório, publicado em 10 de dezembro de 2024, foram inquiridos 160 mil adultos de 31 países, com idades entre os 16 e os 65 anos, representando 673 milhões de pessoas. Sendo a literacia e a numeracia ferramentas fundamentais para a autonomia pessoal e o progresso social, é importante uma reflexão sobre as estratégias a adotar que possam ajudar a aumentar a capacitação dos indivíduos e das comunidades.

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