Ettore Scola e a ferrovia portuguesa
Voz às Escolas
2023-06-26 às 06h00
A génese do que se é! Continuum entre o passado e futuro, identificando o que somos no presente. Perceber a instituição identitária que é a Escola Secundária de Alberto Sampaio, a ESAS, atualmente e perspetivar o seu futuro, bem como o do Agrupamento que agora integra e a que confere nome, faz-se percorrendo esse caminho.
Para a ESAS, o início desse caminho confunde-se com a génese do ensino técnico em Braga, na Escola de Desenho Industrial, por via do decreto régio de 11 de dezembro de 1884, mais tarde Escola Industrial Bartolomeu dos Mártires e Escola Industrial e Comercial de Braga.
Instalada na Rua do Castelo desde 1936, é através do decreto-lei 457/71, de 28 de outubro, que adota a égide do atual Patrono, passando a denominar-se Escola Técnica de Alberto Sampaio, ramificando a herança comum com a Escola Técnica de Carlos Amarante. A partir de 1979, adota a atual denominação, de Escola Secundária de Alberto Sampaio, mudando-se pouco depois, em romaria de alunos, professores e funcionários, montados, e de mobiliário às costas, em tratores e camionetes, para a atual localização.
Ao comércio e à contabilidade juntam-se a informática, o teatro, a ginástica, o turismo, as artes, a entrega, o rigor e o humanismo, no respeito pelo outro e pelo meio, que cimentam a identidade da ESAS e do Agrupamento que integra.
Na passada quinta-feira, dia 22, foi inaugurado um mural, precisamente denominado “Origens”, da autoria dos artistas Joana Brito e Ricardo Miranda, da Casa ao Lado, concebido após interação criativa com todas as dezoito turmas e todos os alunos do nosso 12.º ano. A iniciativa emergiu no âmbito e com o apoio do Projeto ATLAS, do Município, Projeto alinhado com a Estratégia Cultural de Braga 2020-2030 que procura concretizar projetos de desenvolvimento de competências que, em complementaridade e numa abordagem multidisciplinar, permitam a interação e conexão entre artistas, agentes e profissionais da cultura, escolas e público em geral, numa lógica de cruzamento, usufruto e partilha de experiências.
No evento, que contou com a presença dos Exmos. Presidente da Câmara Municipal de Braga, Presidente da Assembleia Municipal, Coordenadora do Plano Nacional das Artes, bem como de inúmeros outros significantes convidados e membros da Comunidade do AESAS, foi lido um belíssimo texto de José Miguel Braga, escrito, por convite, para o evento. É esse texto, em homenagem e agradecimento ao José Miguel, parte indelevelmente integrante das nossas “Origens”, bem como a todos os outros, mais anónimos ou proeminentes, que construíram esse nosso “indelével”, que aqui, com a respeitosa e devida vénia, nos atrevemos a partilhar:
“Origens
Um fio d’água vai criando seu caminho. Logo vem outra mais à frente e outras mais tarde se acrescentam. A água vai correndo e não podemos dizer ao certo de quantas mães nasceu este rio. Assim as casas. A princípio era uma casa antiga como um desenho, os materiais se acrescentam e tomam forma, lugar de espaços e um dia chegou a gente e a agitação da língua e das matérias. Faz-se tempo e experiência. Esta casa é uma escola, o lugar onde se reúnem as gentes e se cuidam as dúvidas e o entendimento. Agora ouvem-se vozes e cânticos, o silêncio dos problemas, a solução dos laboratórios e nascem pontes e passagens, poldras, túneis, lugares um pouco mais escuros ou esbatidos e grandes clarões para anunciar as descobertas.
Chegou o dia para mudar as peças, as paredes, os livros e materiais, as gentes saem em romaria para habitar outro lugar e vem outra luz, com o tempo dos pequenos deuses da ginástica, as máscaras do teatro e os seus actores, os corpos em fuga nas voltas do fogo e do silêncio. Uma agitação nas árvores e a respiração da terra nos mistérios do sub-bosque. É o tempo dos debates e agora não nos cansamos de falar da casa e nasce uma revista que há-de ler-se e fazer-se por todos estes anos. A arte e os estudos, o bosque que cresceu com a magia de coisas que podem sonhar-se, vêm as aves e os pequenos animais, saem as crianças entre os gritos e o silêncio, um desejo de paz que devolve a pequena água que um dia, era uma vez…”
Alberto Sampaio: “Nunca se perde tempo com aquilo que amamos!”
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