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Braga, segunda-feira

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Olímpiadas autárquicas

As emoções no outono

Olímpiadas autárquicas

Ideias

2024-09-03 às 06h00

João Marques João Marques

Estamos a chegar à fase maior da definição da seleção de candidatos às medalhas autárquicas que consagrarão os melhores e piores atletas políticos concelhios, tendo por base as provas de qualificação dos últimos quatro anos.
Durante os próximos meses assistiremos a um rol infindável de políticos que demonstrarão a sua maior ou menor preparação para os jogos de poder que os diferentes partidos e movimentos apresentarão a concurso.
Sem qualquer ponta de cinismo ou ironia o digo, estes – os “jogos” autárquicos – são a mais interessante competição política a que se pode assistir. Desde logo pela proximidade que as comunidades têm aos protagonistas que escolhem, mas também àqueles que acabam por liderar os projetos políticos contendores.
Todos temos uma opinião, por básica que seja, quanto à aptidão dos nomes falados e somos muitas vezes os mais ácidos desqualificadores de quem se arrisca a dar a cara pelo seu concelho (original ou adotivo).
Não me atrevo a entrar para esse grupo Pelas responsabilidades que tenho, mas sobretudo porque sei o quão duro e desrazoável pode ser o escrutínio irracional de quem parece ostentar a mais cartesiana das lógicas.
Pensem, a este título, na extensa lista de comentadores que vão pululando pelas televisões fazendo passar por opiniões aquilo que são os seus interesses e inclinações (muitas vezes puramente pessoais).
Descontando o intróito, e porque se aproximam, de facto, longas maratonas políticas no concelho, é relevante apontar a tendência das performances que já se avistam à distância e começar a antever o futuro, num esforço de divinação seguramente pouco conseguido.
Os grandes contendores às medalhas parecem não se ter alterado. Falando por “equipas”, a Coligação Juntos por Braga tem todas as condições para continuar a afirmar o seu projeto de concelho, assente numa herança extremamente positiva e reconhecida pela generalidade dos bracarenses.
Numa altura em que entra na adolescência do poder, os partidos que compõem esta união federadora de vontades positivas só tem por onde crescer, desde que continue a primar pela dedicação a Braga e consiga prosseguir o esforço de agregação de cada vez mais vontades.
É verdade que 12 anos são já tempo suficiente para um caminho com solavancos, nem sempre percorrido em linha reta. Faz parte da humildade democrática reconhecer que nem tudo foram sucessos retumbantes. Aliás, essa capacidade de introspeção, necessariamente crítica, se bem que propositiva, deve ser uma das principais distinções com que o PSD, o CDS-PP, o PPM e o Aliança se afastam da incapacidade que o PS sempre demonstrou quanto à avaliação do período mesquitista.
Para além de que entre a Coligação Juntos por Braga há felizmente quem consiga ter essa difícil e rara característica de saber honrar o passado sem se deixa paralisar por ele. A medalha de ouro está, por isso, à vista, ainda que a prova a superar seja claramente a dos cem metros barreiras: rápida, clara, mas não sem dificuldades particulares.
No outro contendor reina um deserto que é francamente confrangedor. É incompreensível como pode o PS, 12 anos depois da primeira derrota não ter um rosto convincente, um “atleta” de primeira água, que já tenha dado provas de afrontar o triatlo com a mesma facilidade com que outros atacam as corridas de fundo e meio-fundo.
Para lá da falta de rostos credíveis e renovadores, mantém-se igual aridez nas ideias, não nas avulsas, que mal fora não existissem, mas sobretudo nos projetos de cidade. O PS continua enredado numa luta contra si próprio, porventura de índole greco-romana, jogando entre fações que se posicionam tendo como prioridade eliminar a concorrência, ao invés de tentarem somar e fazer equipa a favor dos bracarenses.
Dita a razão que o melhor que poderão esperar é repetir a prata das últimas eleições, contudo o cobre e o latão são uma ameaça real a quem teima desconsiderar o muito que já foi feito nos últimos três mandatos e o mais que custou a desfazer do pesado legado com que brindaram os seus sucessores na autarquia.
Os despojos dos “jogos”, na forma do bronze ou dos famigerados diplomas parecem reservados para os independentes que, mais ou menos desalinhados, parecem confundir o efeito ofuscante do reconhecimento do público com o genuíno e primaz reconhecimento público. Valha-lhes a vaidade.
Aos restantes partidos, talvez com a exceção da combativa Iniciativa Liberal, não se descortina como possam recuperar de provas mais ou menos medíocres, com resultados igualmente sofríveis. Não se vê nem se antevê como se forme qualquer elo de ligação substantivo e qualificado entre os bracarenses e quem prima pela ausência, ou não demonstra a tenacidade e resiliência que são exigíveis a quem representa a população. Não se é político, está-se na política, mas quem está na política, não pode ir estando à medida das conveniências, dos humores ou das disponibilidades pessoais.
Em qualquer caso, os dados estão lançados e os jogos prometem animação.

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