Para reflexão...
Ideias Políticas
2022-05-03 às 06h00
Vivemos numa Europa que cresceu no modelo democrático, uniu-se livremente, consolidou-se e prosperou. Porém, na antiga União Soviética os regimes comunistas impuseram uma união regida que por fim fracassou.
A primeira grande guerra europeia no pós-1945 foi a guerra civil jugoslava, violentíssima implosão da federação supranacional legada por Tito. Ninguém a imaginara. A segunda grande guerra europeia pós-1945 é esta, em que a Rússia, com a Bielorrússia, quer esmagar e submeter a Ucrânia, na desforra da independência no fim da URSS.
O projeto europeu foi construído no sonho da Paz para sempre. As instituições postas de pé são atravessadas por esse desígnio. A arquitetura de livre circulação, de democracia, liberdade e Estado de Direito servia a aproximação entre povos como o método de paz geral e de progresso. Esses sonhos concretizados, década a década, estão em risco de desabarem.
No dia 20 de fevereiro, quatro dias antes do ataque brutal de Putin, nenhum ucraniano acreditava que a guerra fosse rebentar, poderia haver um ou outro mais inquieto, mas ninguém imaginava que a guerra fosse possível em pleno seculo XXI, no continente europeu.
E tudo ruiu. Já vamos em dois meses de destruição e morte, de arraso, atrocidades, tragédia. Tinham os mesmos sonhos que nós. Querem aderir e pertencer ao nosso método europeu de paz geral e de progresso.
Esta guerra na nossa fronteira ameaça e destrói a confiança com que olhávamos o futuro. As ameaças Russas não param, As perspetivas são sombrias, mesmo se a guerra acabasse hoje. Como ficariam as fronteiras russo-ucranianas? Se a Rússia guardar territórios ocupados, existiria realmente "paz"? Iremos viver outra vez, nos próximos 45 anos, com um muro a dividir a Europa? Como poderão as pessoas engolir as atrocidades, as valas comuns, as violações em massa, os bombardeamentos de hospitais, as torturas e assassinatos de civis, crianças, idosos, mulheres? Quanto tempo resistiria o muro?
A guerra intoxica enquanto dura. Entre comunistas e na direita radical e extrema, há europeus apoiantes de Putin. Não há rutura geral radical contra o invasor. E, nas correntes políticas dominantes, não é unânime o vigor do embargo total ao petróleo e gás russos. A divisão pode andar aí. Faz sentido fazer contas ao impacto no nosso PIB, quando a questão é quebrar a capacidade do agressor? Quanto vale o PIB, posto na balança com a guerra? Quanto quebrou o PIB da Ucrânia? Quanto quebrará o nosso, se a guerra de Putin nos entrar fronteiras adentro?
A guerra intoxica também para futuro. Como será uma Europa de novo dividida? Como será voltar a 1945, numa Europa outra vez de armas apontadas? Não há desenho de paz e amizade para depois do cessar-fogo. Que paz somos capazes de imaginar com autores de crimes de guerra?
Enquanto Putin e o seu regime estiverem no Kremlin, ninguém poderá garantir que não virá outra guerra depois. Só haverá paz segura na Europa, quando a Rússia puder viver em democracia e em liberdade, com Estado de Direito, o sonho comum europeu.
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