26.ª Conferência Mundial na área da sobredotação, em Braga!
Ideias
2025-05-11 às 06h00
A eleição de Leão XIV não é apenas um acontecimento religioso. É um sinal político, social e espiritual num mundo em profunda transformação. A escolha do nome, carregado de ressonância histórica, aponta desde logo para a ambição de um pontificado marcante. Mas mais do que o nome, é a origem do novo Papa (norte-americano) que lança novos contornos sobre o rumo que a Igreja poderá tomar.
A América é, por natureza, um palco de contradições: fervor religioso e secularismo agressivo, liberdade de expressão e discursos de ódio, inovação tecnológica e desigualdade estrutural. A Igreja Católica nos Estados Unidos reflete essas tensões, e foi nesse contexto complexo que se formou Leão XIV.
Não é irrelevante recordar que a América deu ao mundo, nos últimos anos, figuras polarizadoras como Donald Trump. Por isso, o impacto de um Papa vindo dessa mesma nação suscita um duplo movimento: esperança de renovação e receio de radicalização. Será Leão XIV um conciliador, ou um defensor intransigente de valores tradicionais? Estenderá a mão ao mundo, ou erguerá muros doutrinários?
Há, no entanto, sinais encorajadores. A escolha do nome “Leão” evoca firmeza, mas também responsabilidade. Leão I foi o Papa da diplomacia espiritual, que enfrentou Átila com palavras em vez de espadas. Leão XIII foi o pai da doutrina social da Igreja, abrindo a instituição ao mundo operário e às urgências do século XIX. Se Leão XIV conseguir unir esses dois legados (firmeza e escuta, doutrina e compaixão), o seu pontificado poderá ter um impacto profundo e duradouro.
Vivemos tempos de grande escuridão: guerras que não cessam, crises climáticas, desequilíbrios sociais, um avanço tecnológico que corre à frente da ética, e uma crescente perda de sentido. A Igreja, se quiser permanecer relevante, não pode ser apenas uma instituição, tem de ser missão. Uma presença ativa. Um farol de luz no meio da tempestade.
Essa é, talvez, a maior tarefa de Leão XIV: tornar a Igreja novamente missionária, viva, próxima do sofrimento real. Não bastam discursos. É preciso ir às periferias, estar com os refugiados, dar voz às mulheres, escutar os jovens, proteger os abusados, responder aos desafios éticos da ciência. É preciso, sobretudo, resgatar a fé como horizonte de esperança, não como arma de exclusão.
Foi com esse espírito que Leão XIV pronunciou, no seu primeiro discurso, uma frase que já ecoa como um lema: “Quero uma Igreja que seja a soma de todas as partes.” A força de um Papa mede-se não apenas pelas encíclicas que assina, mas pelos gestos que pratica. Pela forma como acolhe, ou não, comunidades marginalizadas. Pela coragem com que enfrenta os poderes dentro da Cúria. Pela continuidade que dará, ou não, ao processo sinodal iniciado por Francisco. A maneira como exercerá o poder dirá tudo sobre que tipo de “leão” será. Mas há uma verdade que não podemos esquecer: o mundo precisa de uma Igreja que fale menos de si própria e mais dos outros. Que seja um espelho de Cristo e não de Roma. Que desça da cátedra e caminhe entre os homens e mulheres do nosso tempo.
E por cá, também nós aguardamos por um novo ciclo. No próximo domingo, 18 de maio, Portugal irá às urnas para escolher o rumo da sua governação. Espera-se, como com Leão, um sinal de mudança, de esperança, de ar novo. Que a vitória do Partido Socialista e de Pedro Nuno Santos represente não apenas um resultado eleitoral, mas o início de um tempo mais justo, mais atento às pessoas, mais firme na defesa do futuro.
Porque o futuro é dos que ousam. E o país, como a Igreja, precisa de quem ouse com coragem e visão. Vamos ter fé no novo ciclo que Leão XIV poderá inaugurar na Igreja. Vamos ter esperança neste momento decisivo para Portugal, porque a mudança começa com coragem, e a esperança constrói-se todos os dias. O futuro é já.
18 Junho 2025
18 Junho 2025
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