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O que dizem os rankings? A escola pública no centro do debate

Travão de mão

O que dizem os rankings? A escola pública no centro do debate

Ideias Políticas

2025-04-08 às 06h00

Clara Almeida Clara Almeida

A divulgação dos rankings das escolas, apesar das suas limitações, continua a ser um instrumento útil para o debate sobre a qualidade da educação em Portugal. Não para promover uma competição cega entre escolas públicas e privadas , já que são realidades totalmente distintas, mas para perceber onde estão os bons exemplos, o que funciona e o que precisa de mudar. Ignorar as escolas públicas que, em contextos difíceis, conseguem resultados notáveis, seria um erro. Essas escolas mostram que é possível fazer diferente e melhor, mesmo sem os recursos dos colégios privados.
Uma escola pública de qualidade não se constrói apenas com exames e médias. O ensino deve ser mais do que a preparação para uma prova. Integrar as artes como a música, o teatro, a dança ou a pintura no currículo não devia ser um luxo, mas sim uma possibilidade. Estas áreas desenvolvem a criatividade, o pensamento crítico e a autoconfiança. São ferramentas sociais poderosas, especialmente em comunidades onde a escola é, muitas vezes, o único espaço de acesso à cultura.
Mas não se pode pedir inovação a um corpo docente envelhecido, desmotivado e desvalorizado. É essencial captar jovens professores com novas ideias e abordagens pedagógicas diferentes. A escola precisa de sangue novo, de quem traga entusiasmo, domínio das novas tecnologias e vontade de transformar. Para isso, é urgente tornar a carreira docente atrativa. Um sistema educativo que não valoriza os seus professores está condenado ao fracasso.
Ao mesmo tempo, é preciso enfrentar com coragem o facilitismo que se tem instalado no ensino público. A pressão para que os alunos transitem de ano, mesmo com várias negativas, descredibiliza a escola e prejudica os próprios alunos. A exigência não deve ser confundida com rigidez. Ensinar é apoiar, orientar, mas também exigir esforço, responsabilidade e compromisso.
Num país que acolhe cada vez mais alunos de outras nacionalidades, a escola pública deve ser inclusiva e capaz de integrar esta diversidade. Isso exige investimento em recursos humanos, formação intercultural e apoio especializado. A diversidade é uma riqueza, mas sem políticas eficazes de integração, pode tornar-se um fator de desigualdade.
Fiz todo o meu percurso escolar no ensino público e acredito profundamente no seu valor. Justamente por isso, preocupa-me a possibilidade de ver a escola pública degradar-se, sem resposta eficaz aos desafios que se acumulam.
Portugal precisa de uma escola pública que não seja apenas um espaço de passagem, mas de construção de futuro. É necessário mais do que reformas burocráticas, é preciso visão, coragem e vontade política. O objetivo não deve ser copiar o modelo privado, mas criar uma escola pública de excelência, onde todos os alunos, independentemente da sua origem ou contexto, possam realmente aprender e crescer.
Não se trata apenas de melhorar médias nos exames, mas sim de dar a cada criança e jovem a possibilidade de prosperar. Isso só será possível com uma escola que acredita no seu papel transformador, e com um país que acredite na escola.

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