Fala-me de Amor
Ideias
2014-06-27 às 06h00
Certamente todos ainda se recordam do famoso professor Pardal e de suas “históricas” invenções, que preenchiam o imaginário de muitos jovens adolescentes, aliás de todo “pasmados” com as suas descobertas, a que se juntavam as rocambolescas mas deliciosas histórias e aventuras de um “sabido” e avarento Tio Patinhas, do Pato Donald e sua Margarida, dos sobrinhos Huguinho, Chiquinho e Luisinho, da vóvó Donalda, do Pateta, do Zé Carioca, dos Irmãos Metralhas, do Gastão, do Gansolino, do detective Peninha, do clube dos escuteiros Mirins, etc., etc., e das muitas outras “personagens” das sempre suculentas e divertidas “realidades” da cidade de Patópolis.
Historietas que faziam sorrir e até dar gargalhadas com o desenrolar das mil e uma aventuras e “epopeias” em que tais personagens se envolviam, aliás de um enredo corriqueiro e sempre de leitura fácil em que se destacavam certas figuras bem personificadas e caracterizadas pelas suas qualidades e defeitos, que, diga-se, eram e são verdadeiras caricaturas dos muitos que povoam os nossos dias. Histórias desdobradas em coloridos quadradinhos que se “devoravam” com certo gozo e um imenso prazer.
Claro que ao evocarmos a figura do Prof. Pardal com o seu ar lunático e “inteligente” a soltar-se duma cabeleira revolta nada há que nos impeça de recordar o ridículo e extravagante das suas descobertas e invenções, e os sucessos (!?) em apertos, mas não se pode esquecer também a figura do Prof. Ludovico. Tudo “professores” e “inteligências” que natural e inevitavelmente nos transportam para os muitos “professores pardais” de hoje, que invadem e enchem as televisões e jornais do país “vomitando” interpretações e comentários, bolçando “patacoadas”, “inventando” factos, “descodificando” casos antigos, “espirrando” pretensas novidades, fazendo futurismo e “arquitectando” cenários e paisagens, quais delas as mais extravagantes e trampolineiras.
E sempre, reconheça-se, com aquele ar ridículo de quem “comprou” a granel tão “aureoladas” inteligência, saber e finura de espírito, se porventura não as adquiriram até em saldo nos supermercados, e em “embalagens” sem marca.
Aliás se atentarmos em certos figurantes que enxameiam os programas das TVs, num óbvio aproveitamento da crise do país e aflições do seu povo, forçosamente se concluirá que sempre “ficcionam” um global e universal entender e saber, pronunciando-se e tomando posição sobre tudo e todos com uma empáfia de geniais, inauditas e inatingíveis inteligência e sabedoria, e sem pejo em “destilar verdades” e “inventar realidades” de duvidosas existência, veracidade e suspeitosa qualidade, e deixando fluir tolas vaidades, despeitos e até a vingançazinha e desforço tão comuns nos políticos. Como aliás o evidenciam as conversas de muitas vóvós Donalda!...
Tal como o atrevido pardal que vem voando sobre as searas e campos das aldeias, os “professores pardais” de hoje apresentam-se sempre de bem com a vida e saltam de galho em galho revoluteando, pipilando, sorrindo e soltando piadas, mas sempre de olho vivo em busca de algo que os sustente e alimente os seus egos.
E é com tal “pardalada” que nos confrontamos no nosso quotidiano, sem que venha diminuindo o número dos papalvos ouvintes, aliás preguiçosos em inteligência e acomodados a tais ”assomos” de esperteza e saber, como se a política, com seus factos e intérpretes, fosse algo de extravagante, esotérico e de difícil compreensão, e se constata que tais “professores pardais” estão de tal modo “embrulhados” na mesma política que é impossível vingar qualquer rigor, isenção e independência nas suas muitas “pardalices”.
Sempre revoluteando com a esperança de atingir um “galho” melhor, mais seguro, rendoso, menos agitado e sujeito aos “ventos”, tais figuras apresentam-se como uns pavões de penas sempre enfunadas ante os que os ouvem e apaparicam.
Como os muitos Patetas, Zés Cariocas, Gastão, Gansolino, Donald, Margarida, sobrinhos Huguinho, Chiquimho e Luizinho e os clubes de escuteiros Mirins espalhados por toda esta enorme Patópolis em que Portugal se transformou.
Um país em crise de identidade e de valores e em falência económico-social, mas onde tem medrado e crescido o número dos pataratas em vénias e mesuras aos muitos Tios Patinhas que vêm surgindo e sobrevivendo graças à subserviência dos “sobrinhos”, “familiares”, amigos e dependentes do ouro das suas “casas fortes”, bancos, empresas e “cargos”. Uns Tios Patinhas cuja riqueza vem crescendo com algumas “aventuras” esconsas e dúbios “negócios” , mas de que se vêm safando sempre.
E sem ninguém que os modere e castigue, pois os irmãos Metralhas, os afins e outros “confrades” não conseguem “alcançar” e atacar os seus cofres e por sua vez o detective Peninha e os justiceiros não resolvem os casos mais calamitosos. Nem com a ajuda do avô Metralhas, pois as “desgraças” e “asneiras” são sempre reversíveis.
Aliás, pensando curto e devagar, esta Patópolis em que se tornou Portugal foi na realidade tomada de assalto por uns outros e novos “Metralhas” que entraram pelas portas “escancaradas” da partidocracia vigente ocupam bons lugares e continuam com as suas “metralhices”, e quem vem penando são os Zé Carioca, os Pateta, os Donald e os Gastão em que todos nós nos tornámos. E, diga-se, são cada vez mais esses novos “Metralhas” (chamem-se eles irmãos, camaradas, companheiros, amigos ou confrades), com o curioso de que hoje nem têm qualquer número nas suas roupas, que de prisionais não têm nada, e não são celulares os carros que os transportam.
Os números, esses, agora são outros, figurados em euros, acções, títulos, prédios, carros e ouro, muitas das vezes escamoteados do erário público, ou nele apoiados, uma situação que incomoda, atormenta, penaliza e perturba os cada vez mais numerosos Zés Cariocas, Patos Donald e Patetas das “aventuras” e “histórias” políticas dos nossos dias. Umas histórias bem reais, “épicas”, “dolorosas” e “tristes” para as quais já não são suficientes as “invenções” e “sujestões” dos conhecidos e aureolados Prof.s Pardais de hoje, nem dos seus recentes parceiros, uns tipos a quem chamam de Politólogos.
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