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Braga, segunda-feira

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O ‘paleio’ do não há dinheiro

‘Spoofing’ e a Vulnerabilidade das Comunicações

Ideias Políticas

2024-07-02 às 06h00

Inês Rodrigues Inês Rodrigues

Não há dinheiro, andamos nessa conversa o ano inteiro. Na semana passada, o Primeiro-Ministro, confrontado por Paulo Raimundo com a necessidade de aumentar salários e cumprir direitos, perguntou ao Secretário-Geral do PCP se este lhe emprestaria dinheiro para cumprir com a revindicação de milhares de trabalhadores que se manifestaram na semana de luta convocada pela CGTP-IN que termina agora.
Em vez de insistir nesta lenga-lenga do “não há dinheiro”, o Primeiro-Ministro poderia começar por pedir a devolução aos milionários que se enchem com as rendas, os benefícios fiscais e os resgates que PSD, CDS, PS, Chega e IL lhes têm garantido ao longo dos últimos anos. É que realmente não é coisa pouca, o Jornal de Negócios noticiou que as PPP nas estradas custaram 1,1mil milhões de euros ao Estado em 2022 (Jornal de Negócios, 19-05-2023), a RTP conta que o excedente orçamental foi de 3193 milhões de euros em 2023 (RTP, 25-05-2024), o Expresso anunciou que os lucros nas multinacionais são pouco tributados, sendo Portugal um dos países com mais incentivos fiscais às empresas (Expresso, 21-11-2023), o Jornal Económico noticiou a ajuda do Estado aos bancos em 25,5 mil milhões desde 2007(O Jornal Económico, 01-06-2020), e por aí vai.
A semana de esclarecimento, acção e luta da CGTP-IN, que arrancou no dia 20 e terminou na passada quinta-feira, com numerosas acções convergentes por todo o País, foi uma grande manifestação de força e organização dos trabalhadores de todo o país. Na Petrotec, empresa em Guimarães com operários especializados do setor metalúrgico, bastou o sindicato avançar com o pré-aviso de greve, marcada para reivindicar o aumento do salário, que o patrão, que antes estava totalmente relutante na negociação com o sindicato, logo acenou com um prémio chorudo para tentar desmobilizar os trabalhadores em greve. Mas estes trabalhadores sabem que a valorização do trabalho se dá pelo aumento dos salários e não pela via de prémios, que vêm e vão como vento, dependente da vontade, ou falta dela, do patrão.
Grandiosa foi também a luta dos trabalhadores da grande distribuição, com uma vigília em Lisboa, em frente ao Pingo Doce da Avenida Duque de Loulé, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN). A vigília de 24 horas denunciou a proposta de revisão do Contrato Colectivo de Trabalho apresentado pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), a associação patronal que abrange o sector da grande distribuição. Segundo o CESP, o patronato propõe novamente que os trabalhadores em topo de carreira fiquem a receber apenas 30 euros acima do Salário Mínimo Nacional; mantém a proposta de 150 horas de trabalho gratuito, com o banco de horas e quer alastrar a precariedade, com contratos de até 12 meses para campanhas e inventário, algo que é actividade diária das lojas.
Quando o PCP nas eleições legislativas apresentou a proposta de aumento de todos os salários em 15% - os tais 15 mil milhões, arredondando para cima – também afirmou que o montante representava menos de metade dos lucros gerados nas empresas e menos que o aumento de lucros registado entre 2019 e 2022.
Não vamos na conversa dos representantes do grande patronato, ficamos ao lado da luta, da luta dos trabalhadores, das populações e de diferentes camadas e sectores, de resposta e resistência, mas também com possibilidades de avanços, uma luta que dá confiança, e que terá de continuar e de se intensificar.

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