Costa e os ratos
Ideias Políticas
2012-02-21 às 06h00
Portugal parece despertar para uma realidade para a qual não queria acordar. Foram anos a fio habituados à ladainha dos políticos que anunciavam facilidades, regalias e ilusões. Quando todos os indicadores indicavam a necessidade de arrepiar caminho no sentido de controlar o endividamento, proceder a reformas estruturais e tornar o Estado sustentável, os últimos anos foram de regabofe, de facilitismo e de cosmética.
Pois bem, quando o actual Governo de Portugal assumiu funções não mentiu: 2012 seria o ano de todos os sacrifícios.
A verdade é que a nossa consciência colectiva não estava e não está preparada para a dura e cruel realidade: o que separa o País da bancarrota é um duríssimo programa de assistência financeira. A maioria dos Portugueses não percebeu ainda que o risco iminente de não se pagar salários à função pública, de fechar hospitais, escolas e outros serviços públicos foi tão real como a existência de cada um.
Ora, o ano de 2012 foi vezes sem conta anunciado por Pedro Passos Coelho como um dos mais difíceis de sempre, onde, evidentemente, as medidas de austeridade conduziriam à recessão e a recessão ao aumento do desemprego. Isto não significa que se deva baixar os braços. Não significa que desistamos. Não significa que Portugal não vai ultrapassar esta situação. Isto apenas significa falar verdade. E nós não estávamos habituados.
Os dados recentemente conhecidos relativos ao desemprego são o espelho de um País que não fez o que tinha que ser feito. Os números assustadores do desemprego devem alarmar consciências e tornar cada um de nós mais solidário, mais competente e competitivo. Sejamos claros: esta é a herança de anos e anos de péssima governação, onde os culpados passam impunes, apenas julgados pelo voto popular que os recambia para uma qualquer universidade parisiense.
Ouvir hoje o Partido Socialista faz-me arrepiar. E não poucas vezes me salta à memória o comportamento de um incendiário que, após deixar tudo a arder, assiste ao combate ao incêndio reclamando dos bombeiros mais pressa e mais eficácia. A imagem não é exagerada. É fidedigna. Antes, em tempos que não se repetirão, os Governos tinham dois a três anos do chamado estado de graça; o actual executivo não teve seis meses.
A verdade é que Portugal não podia crescer e ser sustentável com o peso da dívida às costas. Alguns dizem que a culpa do desemprego é da austeridade. Mas como se o desemprego tem vindo sempre - sem parar! - a crescer nos últimos anos? O problema do crescimento e do emprego é estrutural e exige mudanças profundas: mudanças no mercado de trabalho, no tecido produtivo, na saúde, na justiça, enfim em todo o Estado, mas também nas mentalidades.
Que País somos nós que debatemos durante uma semana o facto de o Primeiro-Ministro de Portugal se dirigir a uma plateia de alunos, sim de alunos!, dizendo que os Portugueses devem ser competentes, lutadores, exigentes e não piegas. Sim! Não piegas! Mas qual é o medo das palavras? Que diriam se o Primeiro-Ministro dissesse a uma plateia de alunos que o caminho é o facilitismo e esperar que o Estado resolva todos os problemas?
Que País é o nosso que toca a reunir por o Primeiro-ministro - no ano de maior crise de que há memória - ter dito que não haveria ponte no Carnaval? Que Portugal queremos construir quando o líder da maior inter-sindical acusa uma empresa que durante anos a fio deu emprego a mais de setecentas pessoas de promover o trabalho escravo? Este não é certamente o País que a minha geração quer construir. Este não é o País que o governo de Portugal está a construir.
Pedro Passos Coelho está a ter a coragem, a determinação e a competência de fazer as reformas que o País há muito reclama. Portugal sairá desta crise profunda e voltará a crescer; será certamente o País onde todos teremos oportunidades. Não pode é ser mais o País daqueles que lutam pelo situacionismo.
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