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O Momento da Escola Pública

“Portanto, saibamos caminhar e …caminhemos!”

O Momento da Escola Pública

Voz às Escolas

2023-03-30 às 06h00

Carlos Alberto Gomes Teixeira Carlos Alberto Gomes Teixeira

Diz a história que Pirro, general grego, tendo vencido, a Batalha de Ásculo contra os Romanos, no momento em que recebia os parabéns pela vitória, terá dito a seguinte frase: “Mais uma vitória como esta e estou perdido”. Em 2008, passando o país por um momento conturbado, no que a Educação diz respeito, utilizei este episódio da história para me referir ao que estava prestes a acontecer: a aparente vitória do Ministério da Educação sobre luta de toda uma classe docente, que, à época, clamava por respeito e valorização da sua profissão. Passados quinze anos, não retiramos a devida ilação da história. Ora vejamos, até aos dias de hoje, o que aconteceu perante a aparente vitória do Ministério da Educação. Será que foi uma vitória de Pirro, uma vitória que faça um general proferir que está perdido? Porventura, sim. O que saiu da “Batalha” de 2008. O fim da divisão da carreira entre os professores titulares e os outros; um Estatuto da Carreira Docente com garrotes ao longo da carreira, que não atende à especificidade da profissão, em vez de valorizar a condição de professor, causa desânimo; uma avaliação do desempenho docente, que de-veria estar ao serviço da valorização profissional dos docentes, tornando-os melhores professores a partir da reflexão sobre a sua relação pedagógica com os alunos, na senda do sucesso educativo, e não uma avaliação docente que está a minar o ambiente escolar e o trabalho colaborativo, pois não assenta na reflexão em ação, na perspetiva da melhoria contínua, sendo uma avaliação que está a exacerbar o individualismo, com a preocupação classificativa com enfoque na progressão da carreira.
Infelizmente a “prova do algodão” que nos leva a afirmar que ao longo de quinze anos na Educação estivemos a marinar em lume brando, está patente este ano letivo. O que está em causa, o que leva os docentes a proclamarem por respeito, já é sobejamente conhecido, todavia, simplificando, fiquemos pela criação de mais e melhores condições para o desempenho de uma profissão que precisa de ser reconhecida por todos. A profissão docente é essencial para o desenvolvimento da condição humana, sem pessoas bem preparadas, bem educadas, sem pessoas melhor pessoas, não há o desenvolvimento do país. Por tudo isto, estamos a viver um momento decisivo para a educação e para a escola pública em particular. A resposta a dar à contestação docente, não pode ser uma nova vitória de Pirro do Ministério da Educação. O país, a educação, a escola pública não aguenta uma segunda vitória onde só um dos lados vence, seja pela obstinação, seja pela falta de visão sobre as consequências da inexistência de uma verdadeira vitória, um verdadeiro acordo, onde ambos ganham e, sobretudo, os alunos vencem. Se isto não acontecer, com a maior brevidade possível, está em risco o melhor que a escola pública tem, a diversidade de cultura e de condição social, uma escola pública que torna os nossos jovens com competências compreensivas globais.
Uma escola que educa sem a redoma do estatuto social, proporcionando a todos uma melhor compreensão do mundo, fazendo com que o futuro esteja assegurado por pessoas com uma visão humanista e solidária que só a escola de todos e com todos, unidade na diversidade, nos dá verdadeiramente.

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