Sustentabilidade I
Ideias
2012-05-14 às 06h00
A história das populações e o percurso de vida de muitas pessoas ficam marcadas por enormes mistérios, alguns dos quais nunca se conseguem esclarecer.
Um dos maiores mistérios que ocorreu na freguesia de Ruílhe, concelho de Braga, foi a morte do seu pároco, ocorrida em 1899, passam agora 113 anos.
Tudo aconteceu nos primeiros dias de Outono de 1899 (dia 26 de Setembro), quando um rapazinho da freguesia passava, por volta das cinco horas da manhã, pelo lugar da Igreja, dessa freguesia, e se deparou com um cenário horroroso, uma vez que encontrou, jazido no chão e envolto numa poça de sangue, o padre Domingos da Cunha Almeida Peixoto.
Perante um cenário tão horrendo, o rapaz decidiu de imediato dar conhecimento à família do pároco e ainda ao regedor da freguesia, que logo mandou chamar as autoridades judiciais e administrativas de Braga.
Esta triste notícia percorreu logo as freguesias vizinhas de Ruílhe, e depressa chegou à cidade de Braga. Logo nessa manhã, não faltavam os palpites acerca desta misteriosa morte que, para uns, tinha sido o resultado de um assassinato à facada e, para outros, fora o resultado de uns tiros disparados contra o padre.
Da parte da tarde chegou a Ruílhe o juiz de direito e respectivo escrivão, o subdelegado e ainda os conhecidos médicos Francisco Pinheiro Torres e Alfredo Machado.
Da autópsia efectuada, concluiu-se que a morte do padre Almeida Peixoto tinha sido consequência de cortes efectuados por um objecto, e que lhes perfurara a pele e os músculos, atingindo a artéria, provocando uma enorme hemorragia e, consequentemente, a morte.
Perante estes dados, o mistério manteve-se em Ruílhe. Há a referir que o padre tinha sido o responsável pela confecção de um jantar, dado na freguesia de Priscos, por ocasião de um baptizado, e que quando regressava a casa transportava com ele uma faca de cozinha, que media 40 centímetros.
Outro dado confirmado é que em redor do padre, e numa área com vários metros, viam-se enormes poças de sangue, mas não havia indícios de crime que fossem esclarecedores. Estranho foi ainda as pessoas terem encontrado, no casaco do padre, uns papéis, um relógio e uma importante quantia de 210 réis, que permaneceram junto ao cadáver. Também junto ao cadáver estava a faca que media 40 centímetros e o cão que acompanhava o padre.
Em relação à faca, há a referir ainda que esta apresentava-se contorcida na sua ponta.
O padre Almeida Peixoto deixou o local do baptizado, em Priscos, por volta das 23 horas, atravessando a freguesia de Tebosa em direcção a Ruílhe, onde se situava a sua residência, tendo sido vítima desta morte horrenda. Tinha 50 anos e era natural da freguesia de S. Paio de Merelim, onde foi sepultado.
Nos dias seguintes à morte do padre Almeida Peixoto, os boatos acerca deste caso mantinham-se bem vivos por toda esta região. Um deles referia-se à hipótese de ser efectuada nova autopsia ao cadáver do padre, uma vez que a primeira não tinha sido conclusiva para o tribunal. Também a faca e o casaco do padre foram novamente analisados, para verificarem se conseguiam retirar mais provas deste enigmático caso.
Duas semanas após a morte do padre de Ruílhe, as dúvidas quanto às causas deste estranho caso mantinham-se. No Tribunal, o juiz multiplicava-se em interrogatórios a várias pessoas de Priscos, Tebosa, Ruílhe e outras freguesias vizinhas. Ainda no Tribunal foram várias as pessoas a apresentarem o seu testemunho, destacando-se aqui os padres de Cunha e de Vilaça e ainda o comissário da polícia de Braga.
Associado a todo este mistério, a própria comunicação social da altura foi chamada a depor em tribunal, uma vez que as redacções dos jornais ‘Correspondência do Norte’ e ‘Cruz e Espada’ insistiam com o tribunal para que não parassem com as investigações, uma vez que deduziam estar-se perante um misterioso assassinato.
Quando passam 113 anos deste enigmático caso, creio ser importante recordar este facto, pois se ocorresse hoje, seria notícia de abertura de muitos telejornais, e dele seriam feitas várias reportagens.
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