Mulheres Portuguesas no Quebeque – Caminhos de Liberdade
Ideias
2022-10-03 às 06h00
O romance O Memorial do Convento, um dos mais conhecidos de José Saramago, tem como mote o Convento de Mafra, palácio português construído por ordem de D. Joa?o V entre 1717 e 1744. Para além da grandiosidade e beleza do Convento, os 27 anos de construção implicaram um enorme custo, que se diz ter sido suportado pelas remessas de ouro e diamantes do Brasil. O Rei promete a Deus e à Igreja a construção de um convento caso tenha um filho com a sua consorte a princesa austríaca D. Josefa. A rainha engravida e o Convento é construído. Na narrativa coexistem figuras históricas, com personagens ficcionais, como Baltazar, um ex-militar que perdeu uma mão na guerra, e Blimunda, que vê o interior das pessoas quando está em jejum. Os dois formam um dos pares mais extraordinários da literatura portuguesa, e vivem uma história de amor imediato e sem reservas. Se ainda vivesse e escrevesse, talvez Saramago pudesse ter escrito um romance tendo como mote a construção de um aeroporto em Lisboa.
A narrativa do Memorial do Aeroporto deveria iniciar-se em 1969, quando Marcello Caetano e Américo Thomaz decidem criar o Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa. No diploma de aprovação, o governo já falava na necessidade de resolver rapidamente o que se considerava um importante problema nacional decorrente do aumento do tráfego aéreo na capital portuguesa. A novela teve já muitos capítulos, com personagens históricos em quase todos os Governos de Portugal. Por exemplo, as localizações escolhidas ao longo dos anos para a construção incluem Fonte da Telha, Porto Alto, Rio Frio, Portela, Santa Cruz, Ota, Azambuja, Alverca, Granja, Tires, Marateca, Alcochete, Montijo, Santarém.
Em 2019, o primeiro-ministro António Costa afirmava perentoriamente que ‘não é possível estarmos 50 anos a tomar uma decisão. Pagámos um custo muito elevado pela não decisão.’ O Governo liderado pelo mesmo António Costa aprovou então a criação de uma comissão técnica independente para proceder à avaliação ambiental estratégica do futuro aeroporto de Lisboa, sendo Montijo, Alcochete e Santarém as localizações consideradas. Pela voz do Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, sabemos que devemos ter calma, porque “o novo aeroporto vai demorar”.
Esta infraestrutura corresponde a um investimento que, a preços atuais, pode chegar a 10 mil milhões de euros, se contabilizarmos todas as suas complementares necessárias. Esta é, portanto, a uma construção de dimensão comparável à promessa de Rei D. João V e terá de ser em larga medida suportado por fundos europeus. Pelo menos o Palácio demorou mas foi construído, algo de que não podemos estar certos quanto ao novo aeroporto. Por vezes, Portugal mais parece uma obra de ficção.
19 Julho 2025
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