Natural(mente)... Março
Ideias
2017-03-12 às 06h00
Falho de argumentos, atónito, quem não ouviu o meloso, em pleno parlamento europeu, libertar um duplo ‘merde’? Gostei! E para um Juncker que não carbura, tenho o telefone do mestre Novais, especialista em fogões e esquentadores. Garanto que fica a bufar como novo. Obra para quarto de hora, com tarifa social. Ouvimos um Carvalho, também, - que às vezes é levado do dito -, a dissertar sobre as virtudes das aragens ‘borde de la mer de…’. Fiquei sem saber qual a praia da marginal que recomendava.
Tendo pensado cronicar sobre o argumento de Juncker, mal me parecia não puxar com a mesma rede o peixe-carvalho. Ao fim e ao cabo: que mais se topa no luxemburguês, que falhe ao herdeiro dos viscondes de Alvalade? Para mim, nada. De mínima utilidade, o sporting, no entanto, para quem quer dissertar sobre uma europa à deriva, mas mal corria se saísse a adro apenas com um andor.
Queria - disse bem - dissertar sobre a europa. Mas eis que se impõe, na ordem do dia, a última inconfidência da wikileaks. Dizem que nos espiam, os gringos e os bifes, através de qualquer porrinha electrónica que tenhamos em casa. Com os telemóveis já estávamos avisados. Que fazer, agora: porventura voltar aos tempos do PBX? Da Radio Marconi?
Desculpem, se repiso tema que aqui e ali desponta em crónicas de minha autoria. Compare-se o eco a repercussão desta notícia, com a escandaleira da interferência do Kremlin nas eleições americanas. Aqui-del-rei que assassinam a democracia! Lembram-se? Ora batatas, para não usar o argumento de Juncker. A democracia matamo-la nós, alegremente, sem a ajuda do Valodya.
Detenha-se o leitor na presente prosa. Será verdade que um Estado procure debilitar outro Estado, por todos os meios, incluindo os militares? Sim! Nós até podemos evocar o ultimato inglês. E tão amigos que nós eramos. De séculos!
Mas, passe o leitor à segunda mesa de jogo: procuram ou não, os Estados, condicionar os seus cidadãos, debelar dissensões, controlar movimentos radicais - puramente anarquistas, no passado, hoje organizados em plataformas eleitorais, com uma estratégia consequente de conquista do Poder? E a resposta é: sim!
Escolha o leitor a lógica, e alinhe os factos como bem entender. Cresce o descontentamento, florescem os populismos, dilui-se o carisma dos partidos tradicionais e da elite da última centena de anos. E a quem quer, o bom do leitor, puxar as orelhas? Aos trogloditas reciclados que nos têm governado? Aos sociais-liberais que mumificaram o capitalismo socializante e o estado-providência?
«Mais uma corrida, mais uma viagem!». Salutar linguagem de Feira Popular. Brande-se o espantalho russo, hoje, como no passado. Então era uma ameaça. Concedo. Até por professarem ideologia distinta. Ah! Esquecia-me: no passado era o comunismo que ameaçava a estabilidade europeia. Hoje é o neofascismo. Recordemos Lopes Graça. Cantemos o ‘acordai’. Que seja por esta singular palavra.
Mata-se a Europa, à medida que se retalha a esperança das pessoas. Toldam-nos com a crise, com as urgências dos mercados. E as aspirações das pessoas? E a dignidade individual?
Falha o mundo ocidental, diria, porque quer, não porque russo meta bedelho. Vigiam, espiolham, maquinam, as potências ocidentais, por receios fundados de ordeira revolta, não porque bárbaro usurpe as blandícias do poente. Somos escutados, gravados, varridos a radar e raios-X, por autómatos policiais cada vez mais potentes, e eu só me recordo do que se dizia da devassa soviética. Não será bem o mesmo, eu sei. Mas já não falta tudo. Pelo sim, pelo não, desfiz-me da bimbi, escrevi a crónica a caneta, e remeti-a por pombo-correio.
01 Março 2021
28 Fevereiro 2021
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