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O mais longo SMS de Natal

Ensinar e Aprender História com Alma

Escreve quem sabe

2010-12-18 às 06h00

Fernando Viana Fernando Viana

Estamos a chegar ao Natal, quadra do ano de grandes contrastes, em que a alegria de uns alterna com a tristeza de outros; evocamos a nostalgia de natais passados; o colesterol e os triglicerídeos preparam-se para bater novos recordes; fazemos promessas de bom comportamento futuro, para compensar pecadilhos cometidos durante o ano que está prestes a findar; escolhemos o melhor bacalhau e preparamos a casa para receber família e amigos.

Há porém um fenómeno novo que está associado ao Natal e que me aterroriza: os sms de Natal (short messages service ou serviço de mensagens curtas na tradução portuguesa).

De alguns anos a esta parte, o envio de mensagens escritas pelo telemóvel no período de Natal não tem parado de aumentar. Fazendo uma rápida pesquisa, cheguei à conclusão que só no período de 21 a 25 de Dezembro de 2007 as três principais operadoras de comunicações móveis registaram perto de mil milhões de sms enviados (não, não é engano, aliás o número exacto anda pelas 945.000.000 de mensagens). Agora façam as vossas contas, multipliquem este número pelo preço médio de um sms (0,16 € por ex.) e vejam o valor astronómico que as operadoras facturaram naquele curto período de 5 dias e apenas em sms. Este ano caso se bata mais uma vez aquele recorde, naturalmente que as operadoras agradecem. Porém, em minha opinião, o valor obtido poderá ser canalizado para coisas bem mais proveitosas do que contribuir para os lucros fabulosos das empresas de telecomunicações.

Mas este é apenas um dos muitos lados da questão. Todos já experienciamos estar com várias pessoas, cada uma com o seu telemóvel no dia 24 de Dezembro e já assistimos ao barulho ininterrupto das mensagens a entrar e depois o trabalho incessante dos respectivos destinatários a proceder à resposta aos mesmos sms. Nos primeiros anos teve a sua graça, dada a novidade, mas há medida que os anos vão passando e o número de mensagens não cessa de aumentar, a tarefa tem-se vindo a mostrar desgastante e dispendiosa.

É evidente que também existem boas razões para o envio de sms e que é certamente devido a essas boas razões que as pessoas enviam sms desejando Boas Festas umas às outras. Mas já se lembraram como era dantes? Quando não havia telemóveis? Não gostávamos menos uns dos outros certamente. O envio de sms neste período tornou-se uma moda, mas uma moda que cada ano que passa se torna mais cara e fatigante.

Também não constitui novidade que existem sms de Natal verdadeiramente ternurentos uns, bem-humorados outros, maliciosos e brejeiros ainda outros, a deixar bem patentes a grande capacidade de imaginação dos portugueses (porventura noutros países acontece o mesmo).. Vejam alguns exemplos:

• Como não posso andar de chaminé em chaminé vou andar de telélé em telélé a desejar um Feliz Natal e Bom Ano.
• Se um homem gordo, velho, vestido de vermelho te tentar embrulhar não resistas... fui eu que já escolhi a prenda deste natal
• Este Natal queria dar-te uma prenda linda, fantástica, imprescindível, maravilhosa, autêntica......mas infelizmente.....eu não estou à venda..!!
• Só um coração aberto recebe AMOR, só uma mente aberta recebe SABEDORIA, só mãos abertas recebem PRESENTES, e só uma pessoa especial recebe mensagens minhas.
• Boas Festas (de preferência pelo corpo todo).
Aliás, outra particularidade resiste no facto de muitas das mensagens se limitarem a serem cópias, não existindo, para além do nome do remetente, nada de verdadeiramente pessoal, nos sms enviados. Mas este ano está decidido, não vou enviar mensagens de Natal a ninguém. Não, não estou zangado com o Mundo, mas as pessoas de quem gosto, os amigos, a família, sabem que lhes desejo o melhor Natal do mundo, por isso não é por mais um sms que a sua felicidade vai aumentar. Em alternativa, vou aplicar o dinheiro gasto habitualmente em sms pelo Natal a ajudar alguma boa causa. Nestes tempos difíceis não faltam oportunidades para isso. Só de pensar nisso já me sinto duplamente satisfeito: por um lado não vou perder tempo a enviar sms e por outro vou contribuir por melhorar o Natal de quem verdadeiramente necessita.
Já que não vais haver sms de Natal daqui vos desejo a todos um Feliz e Santo Natal.

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