Correio do Minho

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O inefável e impagável Dr. Araújo

Uma primeira vez... no andebol feminino

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Ideias

2015-04-10 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Não o conhecendo pessoalmente nem sequer sabendo da sua concreta e real existência, a grande realidade é que já nos temos cruzado com alguns outros Drs. Araújos, mas muito diferentes, diga-se. É óbvio que se estranhou a sua escolha por Sócrates, inesperada até, diga-se, já que tínhamos por seguro que como seu advogado se apresentaria o Dr. Proença de Carvalho, que seria de sua inteira confiança, um amigo seguro com quem aliás já teria tido certos contactos e conversas. Que até poderão terem-se tornado num incómodo e incontornável obstáculo. Aliás “nesta altura do campeonato” dizem-se muitas coisas e nem é possível prognosticar qualquer resultado pelo que o melhor é adoptar a atitude de João Pinto e dizer, como ele, que “prognósticos só no fim”.
Tendo-se estranhado a escolha feita por Sócrates para seu advogado no processo, e tendo já visto e ouvido algumas das suas muitas intervenções e “aparecimentos” polémicos, ficámos tão intrigados que, com muita curiosidade e atenção, nos demos ao trabalho de ler o “retrato” e relato da sua personagem no suplemento “Domingo” do CM n.º 13 064 onde se refere ser “um advogado sempre pronto a disparar”, “um advogado de língua afiada”que “militou no MRPP e destacou-se na defesa de operacionais das FP 25”, e não resistimos a respigar e a sublinhar certas passagens e pormenores de toda uma vida, aliás referenciados e destacados por amigos, colegas e conhecidos. Sabe-se que frequentou o liceu Salvador Correia em Angola e depois a Faculdade de Direito de Lisboa, cidade onde, estabelecendo-se por conta própria, exerceu (e exerce)a advocacia (aliás entremeada com passagens pela banca, pelas Caixa Central de Crédito Agrícola e Caixa Económica Açoreana, antes desta falir). Filho de um juiz de origem goesa, as suas aproximação e amizade com Sócrates serão mesmo de data recente, como teria dito numa entrevista à RTP, e quiçá radicadas no facto dos filhos adolescentes serem amigos. Registando-se tal facto, sabe-se ainda que já teria representado a mãe de Sócrates e também o agora muito falado Costa Reis, actual companheiro de Sofia Fava, a sua ex, que é visita frequente em Évora e lhe teria feito chegar aos pés as muito afamadas botas.
Comprendendo-se já um pouco melhor a escolha feita, e o substrato que lhe subjaz, importa dizer-se que nem como mera piada se acolhe o ouvir-se referir que a sua indicação tenha tido o dedo do Costa (por afinidades, conhecimentos e interacções de cariz étnico), aliás um político assoberbado e preocupado em lidar com pinças o caso Sócrates, ainda que não se tenha dispensado de uma visita a Évora no último dia do ano e possa ter algum significado a ida lá recentemente de sua mãe Maria Antónia Pala, com uma ex-vereadora da Câmara de Lisboa (CM,19.3). Aliás até não nos custa a admitir que o Dr. Araújo tenha mesmo um perfil adequado para tal processo, ainda que não se goste muito do formato em si, muito embora se considere que teria sido muito mais natural, porque mais habitual e traquejado em todo um conhecido trajecto económico-político-jurídico-mediático, e com “escolhidos” e “apropriados” relacionamentos, o Dr. Proença de Carvalho, um homem que vem coleccionando “lugares em administrações”, que está ou pretende estar em todas, sempre com “sorrisinho estanhado e irritante” e com um ar de candura e inocência que até enjoa. Uma personagem que vem caminhando ao longo dos anos por entre os pingos da chuva, sempre de bem com Deus e o Diabo, e sem se molhar, diga-se!...
Mas debruçando-nos sobre a nossa figura, o advogado Sócrates, será de dizer-se que defendeu dois operacionais das FP 25 envolvidos, e depois condenados em 1ª instância, em crimes de sangue e militou no MRPP, o que não é pecado nenhum pois por lá também passaram outros como Durão Barroso, José Lamego, Ana Gomes, a Morgado, etc., etc, e de referir que teria sido advogado de Saldanha Sanches num processo contra Proença de Carvalho, perfilando-se como “um advogado de língua afiada”, “com um humor muito corrosivo” (Magalhães e Silva), que “tem uma personalidade sarcástica” (Artur Marques), tendo-se até escrito que “é uma figura familiar nos meandros da Justiça. (e que) «Competente», «desconcertante», «desbocado» e «arrogante» são adjectivos que colegas ouvidos (...) lhe atribuem” (id.). Curiosamente João Nabais, o “ nascido” num programa da SIC tal como o Arrobas, refere-o como o homem que numa ocasião festiva “«veio com a ideia de abrir um bar. Seria o Habeas Copos e até tinha um slogan: ´o único sítio onde se pode beber um copo com protecção jurídica´»”.
Mas se é gostoso recordar e sublinhar estes pedaços de vida “despejados” por “amigos” e colegas como o Nabais, o Artur Marques e outros, a grande realidade é que o Dr. Araújo terá mesmo um perfil perfeito e ajustado para defender Sócrates, já que é uma figura lutadora e guerreira que costuma disparar com violência em todas as direcções e sem medir as consequências, até contra magistrados, e daí que já tenha sido arguido num processo-crime, e condenado, sendo ainda de se referenciar que “ao longo dos anos, já foi alvo de diversos processos disciplinares na Ordem dos Advogados, por frases venenosas dirigidas a magistrados ou a colegas” (id.). Aliás cremos não se poder nem dever ignorar algumas opiniões exaradas no CM(18.3) onde se diz “que não tem categoria para exercer advocacia”, cuja profissão “ficou desprestigiada com os insultos proferidos por este sem-vergonha”(sic), que inclusivamente envergonha colegas seus por não se ter coibido de ser “inconveniente e de insultar uma jornalista, resvalando para um final cavernoso quando diz «esta gajada mete-me nojo»”. Na verdade o “desampare-me a loja” e “a senhora devia tomar mais banho porque cheira mal” (id. 11.3) são palavras e atitudes inadmissíveis em quem “nem parece ser advogado, tal a forma como se expressa, na maior parte das vezes de forma grosseira, insultando tudo e todos”(id.21.3), e de todo inaceitáveis, chocantes e violadoras do dever de urbanidade previsto no estatuto, e “arrasadoras” para qualquer perfil . Aliás, reconheça-se, o seu comportamento, palavras e posições em público e na função são inqualificáveis por mais que a politização e o empolamento mediático do caso Sócrates possam perturbar e incomodar, e são de tal modo indesculpáveis que até não custa a admitir que tal figura tenha sofrido graves precalços e profundos desvios em todo um trajecto educacional e de formação humana, e perdido aqueles princípios basilares de respeito, educação e consideração normais e exigíveis num qualquer relacionamento. Por mais aborrecidas e “chatas” que sejam as pessoas e por mais incómodas que sejam as perguntas ou observações, sublinha-se, pelo que até sufragamos a ideia de que a posição e a defesa de Sócrates só perdem com as atitudes e os “humores” deste Dr. Araújo .
Mas, como diz o ex-ministro Rui Pereira quanto ao processo de Sócrates, “a procissão ainda vai no adro”, com o que, aliás, de todo em todo concordamos, e muita água vai correr ainda debaixo das pontes até que tenha o seu fim e tudo se desvaneça e esqueça. Verdades, meias verdades, insinuações, declarações, insultos e suspeitas, etc., mas há que esperar para ver e ... com muita paciência e forte estômago!...

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