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Braga, quinta-feira

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O Flautista de Hamelin

Entre decisões e lições: A Escola como berço da Democracia

O Flautista de Hamelin

Ideias

2025-04-16 às 06h00

Artur Feio Artur Feio

Oconto dos irmãos Grimm (O Flautista de Hamelin) é uma narrativa sobre pessoas. Sobre a palavra dada. Sobre a honra que é devida à palavra dada.
O ciclo de mandatos da coligação PSD/CDS aproxima-se do fim e resume-se a uma angustiante desilusão, um emaranhado de trapalhadas sem solução, e uma girândola de promessas não cumpridas, apesar da propaganda diária.
Trata-se de um ciclo que sabe a “muito poucochinho” para a maioria dos bracarenses, incluindo uma boa fatia daqueles que acreditaram na propaganda.
Foram mandatos que celebraram solenemente a política do pão e circo (“panem et circenses”) do poeta romano Juvenal. Mas mesmo neste registo, não houve qualquer criatividade, optando-se por uma réplica de muito mau gosto.
Mesmo para os seus apaniguados, este ciclo político ajusta-se a um leque de amadorismos, uma procissão de leviandades, ou cortejo de vaidades do poder.
Após três candidaturas, a maioria da coligação não pode argumentar que não sabia ao que vinha, e devia ser, fundamentalmente, cumpridora das suas promessas.
Assim como no conto popular do Flautista de Hamelin, a credibilidade da ação política assenta primordialmente na palavra de honra, que traduz a exigência de cumprimento de promessas, e foram muitas as que foram feitas.
É com esta necessária mudança de paradigma que a coligação PSD/CDS se vai sujeitar a uma nova campanha eleitoral, depois do seu gabinete de propaganda ter construído uma auréola de mudança, que irradiava uma atmosfera favorável, e uma luz de esperança para a vida de todos os munícipes.
Nestes 12 anos, essa luz de esperança foi-se dissipando e os créditos da maioria de direita que governa o município esfumaram-se em desencantos, porque não teve a arte nem o engenho de Luís de Camões para superar os obstáculos que conhecia bem.
Preferiram inundar os bracarenses com anúncios constantes e permanentes, quando os eleitores pediam respostas, prolongando durante anos uma campanha eleitoral, com desejos, com propagandas, quando os bracarenses exigiam cumprimento da palavra dada.
A construção do Ecoparque das Sete Fontes e as sucessivas peregrinações ao local – um falhanço em toda a linha – era a bandeira primeira que cedo foi arreada e esquecida. É mentira? Não, é verdade!
A regeneração urbana e requalificação dos Centros Comerciais de primeira geração foi apontada como primeira necessidade, mas foi sempre adiada, talvez até que o centro da cidade se esvazie de gente, de vida e de alma. É mentira? Não, é verdade!
E quanto ao Comércio tradicional desprotegido, a degradação dos serviços da AGERE (limpeza urbana e espaços verdes), os 70 km anunciados de ciclovias, as iniciativas sem valor acrescentado para a imagem da cidade e ganhos económicos para o concelho, que nunca foram avaliados (quem não se lembra da etapa do Rally de Portugal), a implementação plena de um novo sistema de recolha de lixo, a construção da nova ETAR, entre tantas outras. É mentira? Não, é verdade!
Braga andou durante a última década a reboque de uma agenda ilusória de Ricardo Rio... eram tantas e tantas coisas.
Era a Tesla em Braga, mas nunca mais se falou no assunto. Depois era a Agência Europeia do Medicamento, mas nunca mais se falou no tema, e o Porto ganhou a etapa.
Até era o festival da canção… Mas foi parar a Guimarães!
Em contrapartida e olhando ao que foi feito, ao legado deixado na cidade após 37 anos de gestão socialista, podemos hoje orgulhosamente elencar algumas das medidas mais estruturantes dessa gestão.
A municipalização de solos para a construção de habitação, que atenuou a especulação e baixou preço das casas em Braga; a criação da empresa de Transportes Urbanos de Braga (TUB), que aproximou todas as freguesias da cidade, impediu a desertificação rural e introduziu passes gratuitos para milhares de idosos e crianças; a construção do Palácio de Exposições e Desportos, para apoiar os vários setores da economia e dinamizar atividades desportivas e culturais; a construção da maior área desportiva per capita do país, com piscinas rurais, pavilhões gimnodesportivos, parques de ginástica, parques infantis, campos de futebol relvados e polidesportivos; a requalificação do parque escolar, dotando-o de cantinas e cozinhas, bibliotecas e espaços de recreio; a criação da BragaHabit, de modo a apoiar milhares de famílias carenciadas. É mentira? Não, é verdade!
Mas podemos ir mais longe e referir a construção do Mercado Cultural do Carandá, a recuperação do Theatro Circo, e o lançamento de eventos que colocaram Braga na rota dos eventos nacionais: Mimarte, BragaJazz, Noite Branca, Braga Romana, GNRation, Capital Europeia da Juventude e Euro 2004. É mentira? Não, é verdade!
Podemos também salientar a revitalização do rio Este, desde a nascente até Ferreiros; a revitalização do Parque da Ponte e do Monte Picoto; a criação de praias fluviais de qualidade reconhecida, como Adaúfe, S. Paio de Merelim e Mire de Tibães; a regeneração do Centro Histórico de Braga, e a criação de uma das maiores áreas pedonais do país no centro da cidade; e a criação da Quinta Pedagógica e da primeira escola de educação rodoviária do País. É mentira? Não, é verdade!
Da mesma forma que no Flautista de Hamelin, na política é importante cumprir promessas e honrar os compromissos assumidos, o que nos últimos 10 anos em Braga não aconteceu.

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