Ettore Scola e a ferrovia portuguesa
Escreve quem sabe
2022-05-23 às 06h00
A “última milha” descreve o curto espaço para entrega de serviços de comunicação ou entrega de produtos a clientes localizados em áreas densas. Quando o conceito é aplicado ao contexto de uma cadeia de abastecimento a última milha é usada para descrever a reta final para transporte e entrega dos produtos ao consumidor final. Esta etapa tem sido, e será ainda mais nos anos vindouros, uma constante preocupação para as empresas retalhistas. Apesar de representar a fase crucial para a plena satisfação e/ou insatisfação do consumidor, tende a ser complexa e dispendiosa para as organizações que garantem a entrega desses produtos e serviços em complicados trechos da cidade. Tal facto tem obrigado as organizações a procurarem otimizar os seus processos de transporte e serviços de distribuição.
No retalho, por exemplo, sem a eficiência e a economia de escala garantidas pelo envio consolidado da mercadoria adquirida, a etapa final da venda vê os envios a granel divididos em milhares de entregas individuais, cada uma com seu próprio destino. Não raras vezes, com entregas em complexas zonas e rotas pouco ou nada otimizadas, os custos da organização aumentarão e o almejado nível de serviço dificilmente será atingido.
Embora as tecnologias possibilitem a otimização de rotas e até tenham sido atingidos grandes avanços nesse sentido nos últimos anos, o aumento do comércio eletrónico tem impulsionado os serviços de entregas. Nesse sentido, tenho notado que algumas empresas utilizam não só meios próprios de transporte, mas cada vez mais, utilizam serviços de terceiros parceiros para garantir a entrega do crescente número de produtos comprados online. Por sua vez, tenho também constatado que empresas de suporte à logística de última milha, procuram não só apostar na utilização de meios de transporte mais sustentáveis, tais como bicicletas e trotinetes, mas também procuram já mecanismos alternativos como os drones.
Muito embora seja bastante positiva a diversificação destas opções, considero que com o grande crescimento das nossas cidades, este tema de competição pela última reta de entrega seja tema central e obrigatório para importantes debates.
Num interessante estudo realizado em 2020 pelo World Economic Forum, “The Future of the Last-Mile Ecosystem”, a alta competitividade, os desenvolvimentos tecnológicos e as apostas em diferenciados transportes trazem um lado negativo às nossas cidades. Segundo o estudo, as cidades lutam com o congestionamento do tráfego e a poluição do ar devido ao crescente número de veículos de entrega, as emissões resultantes e ocupações de lugares de estacionamento. Prevê-se que, se nenhuma intervenção for feita de forma estratégica, o tráfego no centro das cidades será seriamente perturbado nos anos vindouros.
Se é certo que as intervenções que permitem a redução de congestionamento e até emissores poluentes deverão ser as prioridades das nossas cidades e municípios, as intervenções que diminuem o tempo de entrega e custos são as prioridades dos parceiros de logística e das organizações retalhistas, na procura de maior lucratividade e satisfação dos seus consumidores. Este relatório enaltece então que a procura deste equilíbrio seja essencial, através de intervenções estratégicas, graduais e colaborativas entre municípios e organizações, onde se deverão procurar alinhar as prioridades dos negócios com prioridades mais sociais. Subscrevo plenamente esta necessidade, e vocês?
*com JMS
10 Outubro 2024
08 Outubro 2024
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