Pandemia, trabalhadores e pais: como conciliar?
Ideias
2018-06-09 às 06h00
Este ano vou de Bruno. É isso mesmo, vou estriar um boneco novo em folha, prensado de boa fibra, que nem imperador romano em palanque, vestido com trapos de marca, Armanti e Praga, essencialmente. Ainda houve quem sugerisse um atrelado para o narguilé e escarradeira de esmalte, mas isso foi por piada tosca.
Como se vê, estou que nem me aguento, de alma são-joanina a rebentar pelos pespontos. Suponho que devesse manter segredo, aguardar por aplauso e apoteose espontânea. Suponho, ademais, que me possam acusar de folia precoce Eu, por mim, teria preferido levitar, de gigantone e tudo, ao sabor do burburinho clamoroso que se fizesse ao longo da arruada, ainda que pouco ou nada ouvisse, dado o matraquear das baquetas nas peis esticadas até ao último, roufenho suspiro. Mas, e se corre mal? E se uma súcia descambada de terroristas mas que exagero! leva por afronta, a líder irrepreensível, o que, a meu modesto ver, vale por homenagem à escala de um Óscar da Academia?
O Bruno é um herói popular e, como tal, merece glórias de panteão de armazonas. Incito os sportinguistas, assim, a que não se revoltem, e os demais a que se abstenham de casquinada torpe. Contenho-me: à minha passagem, isto é, à passagem da efígie, que para nada eu conto, não espero reverências processionais devidas a pálio, mas um momento de recolhimento será sempre bom tom.
Estivemos para não avançar com a homenagem, em vista do perigo de perturbação da paz pública. Estivemos a pontos de tudo fechar em cerimónia privada, em jantar nos reservados do Ritz, mas a administração resolveu dar umas de mete-nojo, e bateu o pé à pretensão que formulávamos, de que fossem as velas Feng Shui substituídas por tochas certificadas de 1200 lúmen. E que dizer do balde de água fria da ementa: que o chef não tinha a receita da solha à moda de Alcochete, nem da caldeirada à marginal-sul, e muito menos da mioleira com molho holandês. Que pobreza!
Ainda bem que assim calhou, que é na rua que o Bruno merece ser celebrado. O Bruno é o Robin dos Bosques do futebol. O Bruno é o Messias do futebol. A aclamação pós AG do Bruno está para a entrada triunfal do Nazareno em Jerusalém, como o processo vil, que ora lhe movem, está para o calvário do Senhor da Cana Verde. Quantos Pilatos! Quantos fariseus! Eli, Eli, lama sabachthani, parece-me que já o oiço, consciência nos últimos estertores.
Celebro-te, Bruno: este ano serás o rei dos cabeçudos. Sofres, é certo, mas ganhas a imortalidade. Perdes mesquinhices terrenas, mas atinges os patamares da ambrósia olímpica. Assim te acontece como a mim: quantas vezes não me esgueiro, entre celerados que circulam em contramão, que de passagem me insultam de Magoo para cima, e eles sim, de olhos remelentos e vesgos, é que circulam à inglesa!
O mundo é injusto. Tritura-nos. Demanda o espectáculo do sacrifício de sangue. Estamos onde sempre estivemos, mas o Céu ganhou um Santo.
Retenho a ironia, amigo Bruno, de teres sido atraiçoado por um soldado da paz, e por um ingrato de nome Jesus. Quem haveria de esperar que, entre um e outro, estivesses como em rio de piranhas!? Mas a vida é mesmo isto: nunca estamos preparados, confiamos na bondade do bicho-homem, e há sempre uma alma-gêmea armadilhada de falsidades à nossa espera. Para ti, Bruno, deixo este versinho, que podes trautear com a moda que te calhe: Viva o S. João da Ponte; Viva o Bruno no assador; Viva o verdinho da fonte; Que alívios te dá à dor. Boas sardinhas, ou caviar, que não sei lá do que comes.
05 Março 2021
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