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Mulheres no topo: mérito ou obrigação?

Maravilhas Humanas

Mulheres no topo: mérito ou obrigação?

Ideias Políticas

2025-03-11 às 06h00

Clara Almeida Clara Almeida

Nos últimos anos, o critério da representatividade tem sido usado como uma regra intocável para justificar quotas e distribuição de cargos com base no género. A intenção? Equilibrar a balança entre homens e mulheres nos cargos de poder. O problema? Em vez de promover a igualdade, isto pode estar a criar injustiças e a penalizar precisamente aquelas que supostamente se quer ajudar: as mulheres competentes.
A ideia de que as mulheres precisam de quotas para chegar a cargos de direção é, no fundo, um insulto disfarçado de progresso. Que mensagem passa? Que não são suficientemente boas para lá chegar pelo seu próprio mérito? Que só conseguem um lugar porque a lei obriga a que haja um certo número de mulheres? Isto desvaloriza todas aquelas que lutam e chegam ao topo pela sua competência, empenho e talento. Não queremos ser escolhidas só para preencher uma quota. Queremos ser escolhidas porque somos as melhores candidatas para a função.
Outro problema é que, ao definir quotas, está a colocar-se o género acima das qualificações e do mérito. Isto significa que uma mulher pode ser escolhida em vez de um homem mais competente, apenas para cumprir um número. Como é que isto é justo? Para além disso, esta lógica de "forçar" equilíbrios pode acabar por descredibilizar as mulheres que realmente merecem esses cargos, porque há sempre quem questione se foram escolhidas por mérito próprio ou apenas por serem mulheres. No fim, isto cria mais discriminação do que aquela que se pretende combater.
Nas empresas e na política, as quotas podem gerar um efeito perverso: as posições de liderança preenchidas por mulheres podem ser vistas como uma exigência e não como um valioso ativo. Isto não só desmotiva quem chegou ao topo por mérito, como também cria um ambiente de desconfiança e injustiça.
Se o objetivo é ter mais mulheres em lugares de liderança, o caminho não passa por quotas, mas sim por garantir que todas têm as mesmas oportunidades desde cedo. A promoção de um sistema onde a competência e o esforço são a única medida de sucesso, isso sim, é igualdade.
A verdade é que a meritocracia é a única forma justa de seleção. Se uma mulher é a mais qualificada para determinado cargo, que seja ela a escolhida. Se for um homem, que seja ele. O talento não tem género, e é insultuoso fingir que tem.
O que se está a fazer com estas políticas de quotas não é dar poder às mulheres, mas sim colocá-las numa posição de fragilidade e dependência de um sistema que as trata como incapazes de competir de igual para igual. Não precisamos de proteção paternalista. Precisamos de respeito e de reconhecimento pelo nosso trabalho. E isso só acontece quando somos escolhidas pelo nosso valor, não pelo nosso género.

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