O dente do javali
Ideias Políticas
2022-06-28 às 06h00
“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!”
Álvaro de Campos
Estas são as palavras de Álvaro de Campos que definem exatamente o que é ser um jovem no seculo XXI. Um jovem que deixou de ser humano e passou a ser “máquina”. “Máquina” que deve ser competente, produtiva, mas também demonstrar ser feliz assim, isto é, perfeita. Na maioria dos casos o problema é que essa “máquina” não está feliz. Num país onde a taxa de suicídio jovem já tinha atingido o seu pico pouco antes da pandemia de COVID-19, por mais que este não seja um fenómeno causado pela mesma, ficou cada vez pior.
O que é que mudou para fazer com quem os jovens atualmente cometam cada vez mais o suicídio ou a sua tentativa?
Vivemos em tempos nos quais se torna importante para o jovem a permanentemente e desenfreada procura pela popularidade, sendo influenciado e querendo influenciar o maior número de indivíduos possíveis numa rede cada vez mais extensa. Tal é demonstrável de uma forma intensificada no crescente foco nas redes sociais, como o Instagram, onde se compete por mais “followers” e “likes”, como forma de afirmação na comunidade. Deste modo, muitos jovens acabam por entrar numa infindável busca pela aprovação dos outros, tornando-se muitas vezes obcecados pela perfeição estética do seu corpo, o “outfit”, a sua aparência.
Esta competição não é só estética, mas também no que é considerado socialmente como “bem-sucedidos”, na busca de resultados a nível escolar e/ou laboral. Enquadrado nesta glorificação das aparências, há uma crescente exigência de um percurso escolar e laboral de excelência para se conseguir afirmar com superioridade no meio escolar e familiar.
Assim sendo a nossa geração necessita de politicas prementes relativas à saúde mental, tais como:
É necessário olhar de forma diferente e com maior atenção para os cuidados de saúde mental nas novas gerações. Para tal, é necessário intervir em três frentes:
- Em primeiro lugar, quebrar este tabu, que tem ao longo dos anos criando ideias erradas na sociedade portuguesa, desmistificando a questão da saúde mental aos olhos da população em geral. Para tal seria importante a criação de um Check-Psicológo, tal como se fez há uns anos com o Check-Dentista para sensibilizar as pessoas a cuidarem de si mesmas e perceberem que recorrer a estes profissionais não é sinal de fraqueza.
- Em segundo lugar, deveria se dignificar novamente a profissão de professor para que nas escolas estes estivessem estimulados e atentos a perceber este tipo de situações, de forma a comunicarem às famílias indicando que estas deveriam procurar auxílio, seja com o psicólogo da escola, ou fora. É necessário também ampliar a rede de psicólogos escolares para um maior e melhor acompanhamento dos alunos. Acompanhado de um reforço da presença de psicólogos no meio escolar.
- Em terceiro é necessário criar uma rede de apoios financeiros ao acesso a psicólogos, psiquiatras e medicação por estes prescrita, para que todos, independente das suas capacidades financeiras, possam cuidar da sua saúde mental.
Esta problemática da saúde mental é um mundo muito amplo e diverso sobre o qual muito mais se poderia indagar. É necessário tornar este assunto uma prioridade na criação respostas urgentes para combater o fenómeno do suicídio jovem, principalmente para salvar as gerações mais novas em iminente perigo.
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