A responsabilidade de todos
Ensino
2022-04-20 às 06h00
Opresente artigo parece uma chacota à situação e realidade social de momento, com todo o agravamento de preços, instabilidade social e clivagens diversas, mas é um facto: Portugal tem 55.400 pessoas com uma fortuna avaliada em mais de um milhão de dólares (moeda de referência), o que equivale, aproximadamente, a € 905.000, de acordo com o relatório da Henley Global Citizens, da responsabilidade da Henley & Partners.
Estes números, para mim, têm duas leituras possíveis, nomeadamente: 1) surpresa (agradável) e inveja por não fazer parte desses números e, por outro lado, 2) agrado, pois revela confiança dos muitos afortunados no país e nas suas políticas, com a certeza de alguma impunidade (dá para os dois lados).
Portugal tem um suporte legislativo muito completo falhando na eficácia do controlo e respetiva punição pela infração. Somos, internacionalmente, conhecidos por sermos rápidos na aplicação da Lei aos mais fracos e lentos na aplicação aos mais fortes. Este artigo remete ao publicado no The Portugal News e Jornal de Negócios. O The Portugal News refere que, de acordo com o referido relatório, existe em Portugal cerca de 1.930 pessoas com uma fortuna compreendida entre os 10 e os 100 milhões de dólares (aproximadamente, entre 9 a 90 milhões de euros). Este número “cai” para 65 pessoas, nos casos em que as respetivas fortunas estimam-se entre os 100 e o 1 mil milhão (bilião) de dólares (qualquer coisa entre os 90 e os 904 milhões de euros). Aqui, perdoem-me o uso do vernáculo da nossa cultura popular, atrever-me-ia a dizer, com esta quebra de números, “coitadinho do crocodilo”. Não agravante, o relatório continua a registar que com fortunas bilionárias em Portugal são apenas identificadas 3 pessoas, com valores que excedem o bilião de dólares (acima dos 904 milhões de euros). Sobre este facto, alerto que em Portugal temos pessoas muitos esforçadas no processo de dissimulação ou “lavagem” das suas fortunas, passando estas para familiares, ex-mulheres ou maridos (ou apenas encostos), motoristas, advogados, ascendentes e descendentes diversos (na linha vertical e horizontal), amigos e simpatizantes da “causa”, passando para zonas offshore ou países simpatizantes da causa de não reportar e de proteger o sigilo dos seus clientes.
Historicamente, Portugal revela vários casos desses, como: (1) presidente de Câmara Municipal de Oeiras (Lisboa), que já esteve preso e voltou-se a candidatar, entre vários assuntos, alegou que a conta que tinha na Suíça era partilhada com o sobrinho taxista; (2) o ex-presidente do BPN, João Rendeiro, cujo motorista que vivia com os pais em apartamento alugado, tinha comprado uma mansão por mais de um milhão de euros na Quinta Patiño e emprestou à mulher de João Rendeiro para morar; (3) o caso Manuel Pinho que alega desconhecer, enquanto ministro, os depósitos mensais de 15 mil euros feitos pelo BES na sua conta na Suíça; (4) o caso do BES e da doença de Alzheimer do seu antigo presidente que alega não saber onde tem o dinheiro, (5) o eterno caso de José Sócrates, engenheiro humilde e funcionário camarário com uma fortuna avultada (hoje) movimentada pelo amigo, entre outros casos.
A compilação de dados, feita pela Henley & Partners, analisa os países em termos de agregados de cada um dos casos (considera os registos em propriedades, valores financeiros, participações em ações ou negócios). A empresa Henley & Partners estimou os valores de riqueza de cada país, considerando ser um melhor instrumento para calcular a saúde financeira, revelando que os Estados Unidos da América (EUA) são o local de maior prevalência de bilionários, com um bonito número de 810 pessoas detentoras de uma fortuna estimada em valores superiores ao bilhão de dólares (mais de 904 milhões de euros). Este número é, francamente, superior ao número de pessoas com fortuna igual, face aos segundo e terceiro lugar no ranking, nomeadamente, China e Japão, entre os países com pessoas detentoras das maiores fortunas. Em termos reais, a China com 234 pessoas e o Japão com (apenas, pobre ironia, para não dizer outra coisa) 36 bilionários. O facto é que neste lado do globo, existe uma forte tendência de tentar “diluir” os números entre membros da família e amigos próximos (como foi já acima referido). O estranho é na 4.ª posição do ranking ser indicado a Índia, conhecido pelos seus baixos ordenados e enormes disparidades sociais. De facto, as disparidades sociais no seu auge, com a desarmonia social cada vez mais gritante (a guerra na Ucrânia só vem agravar), com impacto na inflação. Fica a partilha.
14 Março 2024
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