Ettore Scola e a ferrovia portuguesa
Escreve quem sabe
2020-09-14 às 06h00
Fim de semana soalheiro. Apetece praia. Deixo para depois as cansativas reuniões digitais e a azáfama pandémica que nos amedronta. Na Apúlia, os moinhos sobrelevam-se na paisagem e as crianças brincam por entre os rochedos. Calmo, absorvo o vento, os cheiros da maresia e do sargaço.
Aproveito para ler «Principais indicadores no retalho» de Emanuele Schmidt, um pequeno livro que permanecia intocável na prateleira lá de casa. Este livro, tal como o próprio título sugere, destaca a importância da constante e obrigatória procura de se criar valor no retalho através da seleção e da adoção de medidas de desempenho mais eficientes, adaptando-as às circunstâncias atuais. Mediante a análise dos seus resultados, o autor enaltece a importância da posterior adoção de ações estratégicas eficazes. Corrigir falhas e potenciar a melhoria de alguns processos de negócio menos eficientes é o objetivo.
Esta breve leitura, muito focada no papel dos indicadores de desempenho, relembra-me uma curiosa situação recente num retalhista onde trabalhei. Por ali, a sorte andava à solta. Havia, confirmo, quem a procurasse sistematicamente, num frenesim constante do entra e sai na loja, como quem procura no jogo da roleta o sucesso de uma vida inteira mal paga. O evento fazia parte da estratégia das equipas de Planeamento e Marketing. Um algoritmo matemático mágico implementado pela equipa de IT dava início a todo o mecanismo da misteriosa lotaria aleatória dentro de loja. Passo a explicar: as equipas de negócio planeavam um valor máximo a atribuir por loja e por período. Todo o cliente que se deslocava a uma das lojas nesse intervalo de tempo poderia ser ou não selecionado como um vencedor de alguma percentagem do valor total da transação no ato de pagamento. Após a varredura de todos os produtos na caixa, o algoritmo era imediatamente chamado a atuar, espoletando um estímulo elétrico sobre uma lâmpada colorida por cima do terminal de venda. Se a mesma ficasse intermitente, não só indicava a sorte ao consumidor, destacando bem lá do alto, e a quem por lá circulasse, mais um prémio atribuído, como também informava o empregado de caixa de mais um sortudo cliente.
Com as respetivas equipas, analisámos o impacto na métrica «vendas brutas» nos períodos antes e durante a pandemia. Questionei-me, muito honestamente, se este processo seria suficientemente eficiente para o retalhista continuar a presentear os clientes desta forma tão aleatória e não segmentada, como atualmente se vislumbra em grandes marcas. Curiosamente, e após a análise dos dados, comprovou-se a eficácia do evento. Se por momentos acreditei que tais resultados pudessem ser pontuais, através dos diversos dados captados provámos que a estratégia de alavancar as vendas estaria a ter um efeito positivo e constante mesmo nas circunstâncias atuais.
Continuo a ler Schmith. Penso na complexa situação coronovírica global e imagino um outro conjunto distinto de métricas. Imagino, por exemplo, as métricas associadas ao desempenho dos fornecedores na distribuição («OTIF – On Time in Full», cujas siglas designam entrega a tempo e nas quantidades certas), da própria distribuição interna (<
*com JMS
10 Outubro 2024
08 Outubro 2024
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