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Marcelo, el rubialito?

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Marcelo, el rubialito?

Escreve quem sabe

2023-09-30 às 06h00

João Ribeiro Mendes João Ribeiro Mendes

Há pouco mais de um mês, precisamente no dia 23 de agosto, domingo, na cerimónia de entrega de medalhas às acabadas de sagrar-se campeãs do mundo no futebol de seleções, em Sidney, Austrália, o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales deu um “piquito” à jogadora Jenni Hermoso, segundo ele consentido, segunda ela, um gesto de importúnio sexual e moral à frente de todo o mundo.
Diga-se que, já antes, na bancada VIP do estádio, quando estava sentado ao lado de suas majestades, a rainha Letizia de Espanha e a filha, a infanta Sofia, com 16 anos, Rubiales agarrou a sua genitália enquanto celebrava entusiasticamente o feito da seleção feminina do seu país.
Seguiu-se uma histeria mediática sobre o assunto, característica da silly season, que, à semelhança de todas as indigna- ções e revoltas, ao fim de alguns dias, como acontece com qualquer moda, perdeu o interesse e a atenção migrou para outro alvo.
Neste caso, pareceu-me, desde o início, que o problema não foi o beijo, mas tudo o resto. O comportamento de Rubiales em relação a quase todas as jogadoras foi altamente inapropriado. Hermoso foi apenas mais uma. Mas, por exemplo, com a lateral esquerda Salma Paralluelo mostrou-se menos expansivo. Rubiales não estava entusiasmado, estava, sim, excitado, e nesta fase da sua vida já devia ter aprendido e comportar-se em público.
Da mesma falta de boas maneiras padece o nosso Presidente da República ou, então, como dizem os brasileiros, está broco. A 9 setembro, no início das comemorações dos cinquenta anos do 25 de Abril, em Alcáçovas, Viana do Alentejo, chamou gorda a uma senhora quando, ao preparar-se a mesma para se sentar, perguntou “A cadeira aguenta?”.
Não muito depois, a 15 de setembro, em Toronto, Marcelo teve o seu momento Rubiales. Enquanto passeava pelas ruas da cidade canadiana e convivia no Little Portugal, encontrou duas luso-descendentes, mãe e filha. A mais velha meteu conversa com ele dizendo-lhe que se chamavam ambas Maria e Marcelo, desbragado e com um sorriso malandro, disparou “A filha é mais bonita do que a mãe. Ainda apanha uma gripe: já viu bem o decote?”.
Esta inusitada e despropositada brejeirice, como é óbvio, atraiu um coro de críticas. No entanto, diferentemente do caso Rubiales, a visada não teve acesso aos meios de comunicação social para expressar como se sentiu afetada pelo marialvismo presidencial, nem a imprensa mundial se agitou com o caso, nem as tropas feministas marcharam sobre Belém para exigir a deposição imediata de Marcelo. Estamos perante dois pesos e duas medidas? É que, afigurando-se-me ser os dois casos idênticos, das duas uma: ou o tratamento dado a Rubiales foi manifestamente excessivo ou Marcelo devia ter sido apeado.
A toda a gente pareceu que a Marcelo faltou pundonor, que o seu reparo foi inequivocamente sexista, machista – nunca o faria se fosse um homem com os peitorais semi-expostos –, que revela uma crescente dificuldade em conter os seus impulsos primários, condição necessária para se manter na esfera social.
Contudo, para piorar a situação, o PR optou por, no dia seguinte, negar o inegável e cobrir-se de mais ridículo recusando qualquer malícia sexista ao seu reparo e que o mesmo se deveu a uma genuína preocupação com a saúde da senhora.
Tratou-se de um insulto à nossa inteligência. O representante máximo da República Portuguesa esteve mal e já teve tempo suficiente para se retractar. Não o fará, estou convencido. É que a soberba que vem exibindo é tão grande que, como reza a conhecida anedota, só morrerá meia hora depois dele.

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