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Braga, sexta-feira

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Manuel Cândido Braga • O Meu Chefe de Alcateia

As férias e o seu benefício

Manuel Cândido Braga • O Meu Chefe de Alcateia

Escreve quem sabe

2025-02-21 às 06h00

Carlos Alberto Pereira Carlos Alberto Pereira

“O homem põe e Deus dispõe”
Adágio popular

No itinerário das minhas crónicas estava determinado que hoje deveria regressar à vida e obra de Baden-Powell e, a partir dela, olhar para o desenvolvimento do escutismo nos seus primeiros anos de vida uma vez que amanhã, dia 22 deste mês, celebraremos os 168 anos do seu nascimento.
Para mim, fica cada vez mais fica claro que, por mais que façamos planos, uma vontade sábia e superior muda as nossas vontades e planos. Isso até mesmo pode gerar crises e aborrecimentos. No entanto, ao final, sabemos que Deus tem sempre o melhor para nós. Assim foi, também comigo, pois no passado dia 18 do corrente mês tomei conhecimento que um dos antigos dirigentes do Agrupamento 208 – de Santa Maria de Ferreiros falecera no passado dia 17 e que o corpo do saudoso falecido se encontraria em câmara-ardente na capela mortuária de Ferreiros, no dia 18 de fevereiro, às 10h00. Sendo que missa de corpo presente terá início às 17h00, finda a qual irá a inumar em jazigo de família, no cemitério local.
O Chefe José Cândido Araújo Braga foi admitido no Grupo 104 – Dom Manuel Vieira de Matos (o conceito de Agrupamento ainda não havia sido implementado), no dia 25 de maio de 1958 fez a sua Promessa Solene (Ordem de Serviço Nacional, número 3/1958) tornando-se dirigente do Corpo Nacional de Escutas. O seu primeiro cargo como dirigente foi ser Secretário no dia 2 de fevereiro de 1958 mesmo antes de ser dirigente, a sua saída do Agrupamento e do Corpo Nacional de Escutas ficou registada a Ordem de Serviço Nacional número 9/1977, com data de 1 de setembro de 1977.
Nos anos sessenta, o Chefe Cândido trabalhou na Alcateia (ou I Secção) do Agrupamento 208 e foi nessas funções que conheci este dirigente, sendo eu um dos seus lobitos, integrado o bando branco (ou cinzento).
Das memórias que guardo destes dois anos de vida na alcateia foi a forma como o Àquêlà, nome pelo qual se designa o chefe da Alcateia, preparou os aspirantes para fazerem a Promessa de Lobito que realizamos no dia 14 de setembro de 1962.
O Chefe Cândido tinha uma “calma olímpica”, a sua paciência parecia ser inesgotável. Tinha sempre uma palavra de conforto e de estímulo, para cada um de nós. Sentíamo-nos seguros quando percorríamos, em Bandos (pequenos grupos de 4 a 8 elementos), longas pistas pela freguesia que ele preparava minuciosamente para a Alcateia. Quando havia uma “carta escondida” ao longo do percurso, ele tinha o cuidado de calcular o número de passos, a partir da distância do passo de uma criança e não de um adulto (erro que ainda hoje acontece).
Como gostávamos de escutar as suas histórias sobre a Sagrada Família e sobre a vida de Jesus. Como nos ensinava que a “Boa Ação quotidiana” era importante para nós, mas era muito mais marcante para aqueles que dela beneficiavam.
As reuniões com o Chefe Cândido pareciam sempre pequenas, tal era sua capacidade de nos “prender”, com o seu entusiamo, com a sua capacidade de comunicar, usando uma linguagem simples e compreensível. O Chefe Cândido, aos olhos dos seus Lobitos era uma espécie de “super-herói” que nos liderava no nosso crescimento e desenvolvimento pessoal e comunitário.
A forma como nos apresentava o sistema de progresso, sendo que cada um de nós seguia o seu próprio itinerário, mas todos, cada um ao seu ritmo, chegávamos aos nossos objetivos, concluindo o progresso programado. Como ele, tantas vezes nos comparava ao Menino Jesus quando dizia, de forma mais aprofundada aos nossos pais, que o seu objetivo era fazer com que os seus Lobitos, também eles, crescessem “em Idade, Sabedoria e Graça”.
Este homem discreto e simples, mas profundamente empenhado e competente, que nunca deixou ninguém para trás, bem pode ser um daqueles dirigentes que soube aplicar, de forma integrada o Método Escutista, tal com Baden-Powell, nos ensinou, no “Escutismo para Rapazes”, no “Manual da Alcateia” e no “Auxiliar do Chefe-Escuta”. Oh! Como o Chefe Cândido nos ensinou a “impelirmos a nossa própria canoa”. Quero crer que, neste momento ele estará, lá no “Eterno Acampamento”, preparando o “Campo” para todos e cada um de nós.
Obrigado Chefe Cândido pelo seu testemunho, pelo seu trabalho, pela sua amizade, mas sobretudo pelo seu exemplo de vida. Bem-haja!

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