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Maga, Maga...

Ideias

2025-02-12 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

…E profissões de fé análogas, teria posto ao alto. Contive-me, pela extensão. Que época de grandeza, de apogeu, pretende recriar a metade maior dos cidadãos americanos, embarcando no propagandismo de uma casta que não governará senão em favor próprio? Pode objectar-se que, nesse particular, nada os distinga de quem tenha vindo antes, de quem esteja para vir depois, de modo que, tudo calibrado, resultem estes maus, no que outros foram bons e vice-versa, ficando os ingénuos e desarran- jados no velho impasse, com os tremeliques de orçamento pessoal de sempre, com o cinzentismo doméstico de sempre, com os horizontes sombrios de sempre.
Mas, com efeito, que América de encher medidas se invoca? Não será a da conquista do oeste e da sujeição das nações índias, não será a do capitalismo selvagem e da grande depressão, não será a do espezinhamento dos direitos cívicos, da paranoia conspiracionista, do segregacionismo. Em suma, em que época foi a América boa de dentro para dentro, dando por adquirido que não cuidarão de ser bons de dentro para fora?
Reste a América em paz. E a Europa, que por aqui há quem copie em divisa tão exortatória? Quando é que a Europa foi grande? Quando católicos e protestantes se passavam a fio de espada, não porque não compreendessem uns o Deus de outros, mas porque o fanatismo e a avidez impelisse cada facção à impiedade, ao assassínio e ao confisco? Quando as Luzes inundaram de intolerância os espíritos ditos progressistas e cultivados, e quando Napoleão encenou conquistas de Lisboa a Moscovo, antecipando de um século o diktat soviético e a subserviência melosa a Washinton? Grande, mas mesmo grande, não terá sido a Europa quando trocou tractores por blindados, sementes por granadas, colheitas e vindimas por carnifici- nas e fornos crematórios?
Rodopio e não encontro era de grandiosidade perdurante e transformadora, porque não basta que inspirados digam umas graças, que franjas pintem, esculpam e escrevam, não basta que alguns inventem ou proponham transformações, quando o quadro continua o mesmo, e insisto em argumento que não esgoto, nem que por si se esgota: que civilização temos, quando nem da labuta diária uma pessoa chega a viver, quando de casa para o trabalho e volta um infeliz consome o que deveria ser tempo de lazer, o que deveria ser tempo de casal e vida familiar?
MAGAS e MEGAS em que nós somos catedráticos, ou não nos consumamos em saudosismos por uma pátria magnífica, que o mais certo é que nunca tenha existido, que igualmente certo é que não levantemos, se tanto falamos no passado, se tão intangível concebemos o futuro, se com tamanho absurdo e distorções elaboramos sobre o presente, quanto como eles, os sobrinhos do tio Sam, vamos elegendo quem destila estupidez e mediocridade.
Ficamos reduzidos a um encolher de ombros, quando o americano oferece a honra de 51º estado ao vizinho do norte que, régua em mão, suplanta em extensão a torta democracia ianque. Pérolas de tiranete, que acólitos mascaram: que é estratégia, que não é para levar a sério, que é bravata, farsa, fumo, areia para os olhos. Mas estamos conversados, se a política ao mais alto nível é isto.
Vamos ao logro ou não, mas de todo o modo somos enrolados, como se prefigura que seja o caso das somas astronómicas para o desenvolvimento da IA. Tanta dificuldade em encontrar fundos para carências imediatas, e tanta prodigalidade com uma ferramenta que, sendo boa, se quer soberba, meta-humana e atrofiante portanto.
Para que super-homem, escreveria Nietzsche nos dias correntes? E Chaplin, um filmezito.

P.S. Texto sem vapores de IA.

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