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Luís Montenegro: a verdade dos factos

Travão de mão

Luís Montenegro: a verdade dos factos

Ideias Políticas

2025-04-15 às 06h00

Sofia Travassos Alcaide Sofia Travassos Alcaide

Encontramo-nos em pleno processo eleitoral para eleições legislativas, depois de um Governo derrubado pelo chumbo de uma moção de confiança. Tudo no seguimento de várias suspeições que recaíram sobre a ética, a integridade, a honestidade do Primeiro- Ministro.
Durante os últimos meses, todos (ou quase todos) os dias são veiculadas notícias que colocam em xeque o caráter do Primeiro-Ministro. Tentaram manchar o seu nome e a sua reputação e a oposição não perdeu tempo em ver neste espetáculo mediático a busca pela sua sobrevivência: um PS destruturado, que não se habitua a ser oposição; uma Esquerda que, em face da sua queda livre e contínua, tenta reverter desesperadamente a sua tendência de diminuição da sua representatividade e do seu peso político; um Chega radical, que sendo tudo menos impoluto, sabe apenas apontar o dedo aos outros sem nunca procurar limpar a sua própria casa.
Suspeitaram da legalidade da atuação do Primeiro-Ministro, enquanto pessoa individual e homem trabalhador, naquela que foi uma empresa por si detida antes de ser Presidente do PSD e antes de ser Primeiro-Ministro; disseram que o Primeiro-Ministro tinha comprado um imóvel a pronto e com recurso a dinheiro em contas bancárias que haviam sido escondidas das suas declarações de rendimentos apresentadas ao Tribunal Constitucional; nos mais variados fóruns, o Primeiro-Ministro foi acusado de mentir, de esconder, de misturar interesses públicos e privados.
As suspeições levantadas pela comuni- cação social conduziram à abertura de um inquérito pelo Ministério Público e que correu junto do Tribunal Constitucional, tendente à verificação das suas declarações anuais de rendimentos. Foram solicitados os esclarecimentos tidos por convenientes e os mesmos foram prontamente prestados. Sem surpresas, o inquérito aberto por eventuais incorreções, inexatidões ou omissões na declaração de rendimentos do Primeiro-Ministro, foi arquivado. E foi arquivado porque não se verificou qualquer falha na declaração de rendimentos anualmente apresentada, não existindo qualquer apreciação pendente.
Daqui resultam algumas conclusões muito claras: não vale tudo na comunicação social; esta deve ser isenta e procurar informar, sem denegrir; procurar a verdade dos factos que veicula, ao invés de fazer julgamentos em praça pública. A comunicação social desempenha um papel crucial naquele que é o escrutínio dos factos, mas não pode ceder aos interesses mediáticos, nem servir jogos políticos.
Na política, como na vida, também não vale tudo: exigia-se ponderação e cautela de partidos que se dizem responsáveis, nomeadamente do Partido Socialista, cuja narrativa nos últimos meses é de que o Governo maioritário de António Costa também caiu “apenas por causa de um parágrafo num comunicado da Procuradoria-Geral da República” – relembrando que a investigação prossegue -, numa tentativa vã de justificar a sua injustificada responsabilidade na queda do Governo através da rejeição da moção de confiança apresentada.
Agora, e já com o processo eleitoral em curso, as investigações têm o seu curso natural e a primeira já findou: o Primeiro-Ministro não cometeu nenhuma irregularidade no que aos seus rendimentos diz respeito. O Primeiro-Ministro não escondeu o seu património. Lamenta-se que se tenha abdicado da estabilidade governativa de um país apenas e tão só pela gincana política. Agora, já com os debates eleitorais em curso, fica patente que estas eleições legislativas não têm na sua origem um reprovar da governação que foi levada a cabo nos últimos 11 meses – porque essa só tem merecido o reconhecimento da população. Estas eleições tiveram e têm como objetivo o teste quanto à figura do Primeiro - Ministro, tão só. E, infelizmente e para prejuízo do país e do povo, não se têm debatido ideias para o país como era suposto: tem-se debatido a vida pessoal do Primeiro-Ministro. Em alguns debates, os comentários acerca dos rendimentos ou da atividade anterior do Primeiro-Ministro já ocupou cerca de 10 minutos – um terço do tempo televisivo para que os mesmos decorram.
Certo é que os portugueses não mereciam isto; Portugal não merecia isto; não merecíamos voltar a passar por um processo eleitoral, sem justificação plausível.
Mas a verdade é como o azeite: vem sempre ao de cima.

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