A responsabilidade de todos
Voz às Bibliotecas
2021-10-28 às 06h00
Por força da globalização, o que tradicionalmente em Portugal era designado por “Dia das Bruxas”, agora assume maior força comercial “Halloween”. Este dia é comemorado a 31 de outubro, na véspera do feriado religioso que corresponde ao Dia de Todos os Santos ou dos Fiéis Defuntos (os santos em geral não estão vivos, todo o processo de beatificação ou santificação exige como premissa a morte dos próprios). Pensa-se que esta comemoração terá tido origem num festival de colheitas celta, mais tarde adaptado pelos primeiros movimentos cristãos. Ou seja, por um lado, esta comemoração terá origem em algo que é positivo, as colheitas necessárias para a passagem do inverno, e por outro em algo negativo ou menos positivo, o culto dos mortos e da santidade que a alguns é atribuída. Seja como for, é tempo de outono, do cair da folha, do empardecer da paisagem. As cores douradas de verão são substituídas pelas cores castanhas e laranjas das folhas, das árvores. O céu é em geral mais pardacento também, os dias reduzem-se na sua duração e o frio começa. É fácil perceber algum pessimismo ligado às comemorações nesta data. Mas também se inverte por vezes esta tendência com, por exemplo, o verão de S. Martinho, onde por um dia os fenómenos climatéricos nos dão o ar da sua graça e invertem esta tendência de aproximação ao inverno.
É uma época em que começa a apetecer o recolhimento, o aconchego do lar. Os dias mais curtos convidam a uma menor permanência na rua, no espaço público. Tudo é mais privado, mais aconchegado. Os livros encaixam na perfeição nesta estação. As sugestões são várias. Os clássicos de terror são um must para esta época. Nos tempos atuais tudo é muito imediato e gráfico. O cinema devolve-nos imagens que se sobrepõem à nossa imaginação. Mas não devemos perder a capacidade de imaginar. Os livros são os nossos maiores aliados no desenvolvimento dessa capacidade. E o poder da sugestão que resulta da imaginação exacerbada pela leitura de um livro é algo de muito poderoso. Por vezes, subitamente poderoso. Imagine-se a ler um livro de terror, só, sentado num velho sofá, de noite, à luz bruxuleante de um candeeiro. Parece um cenário aconchegante, não é? Comece a leitura e verá que tudo muda. A cada passagem de um dos muitos clássicos de terror já escritos, as sombras à sua volta ganharão outra vida, outra dimensão. Os sons subitamente deixarão de fazer parte do ambiente e parecer-lhe-ão suspeitos. Todo o ambiente à sua volta mudará. Permanecerá o mesmo, mas na sua cabeça, na sua perceção, terá mudado. À sua volta existirão agora ameaças, receios, cautelas. Tal é o poder dos livros. Tal como são capazes de nos infundir um confortável bem-estar, são também capazes de nos infundir preocupação, medo ou mesmo terror. Tudo, na realidade, está dentro de si. Mas os livros e a mensagem que nos transmitem têm esse poderoso efeito de nos influenciar. Por isso, neste dia das bruxas, leia, acelere o ritmo cardíaco, olhe em volta com precaução, reviste os armários e o espaço debaixo da cama antes de se deitar. Durma aconchegado e, se necessário com uma pequena luz de presença no quarto. Sem o saber, terá, por força da leitura de um livro, regressado por momentos à sua infância. E quando adormecer, saberá que, lá fora, seres alados montados em vassouras se divertirão livremente, por uma noite.
Deixamos aqui algumas sugestões dos clássicos do terror que pode encontrar na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva ou numa livraria próxima de si: Os Melhores Contos de Edgar Allan Poe, A Coisa de Stephen King, Contos do Além de Agatha Christie, Apontamentos de Terror, de Pepedelrey, Doutor Sono de Stephen King, 101 Lugares Para Ter Medo em Portugal de Vanessa Fidalgo, O Deus das Moscas de William Golding, O Exorcista de William Blatty, Frankenstein de Mary Shelley.
07 Março 2024
29 Fevereiro 2024
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