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Legislativas 2025: Um espelho de um país dividido

Fazer Pedagogia da Memória

Legislativas 2025: Um espelho de um país dividido

Ideias Políticas

2025-05-20 às 06h00

Clara Almeida Clara Almeida

As eleições legislativas de 2025 deixaram uma mensagem clara: o sistema político português está em convulsão. O crescimento do Chega, agora firmemente estabelecido no Parlamento, não pode ser lido como um simples sucesso de um partido. É, acima de tudo, um sinal de alarme, e uma derrota para todos os que acreditam numa democracia liberal, tolerante e aberta. É um reflexo direto da desilusão e da frustração acumuladas por uma parte significativa da população que há muito deixou de acreditar no sistema político tradicional.
Este crescimento foi particularmente notório no sul do país, no Alentejo e no Algarve, zonas historicamente esquecidas por Lisboa e pelos sucessivos governos. Regiões onde os serviços públicos falham, o desemprego persiste e o acesso a oportunidades é limitado. Nessas zonas, a ausência do Estado nas funções básicas foi preenchida com o discurso simplista e populista do Chega, que encontrou eco onde o sistema político falhou. Estas eleições são, também por isso, um espelho de um país profundamente centralizado, onde os centros de decisão continuam a ignorar realidades muito distintas da capital.
O Partido Socialista teve o terceiro pior resultado da sua história. E há aqui uma ironia amarga: o partido que durante anos se apresentou como barreira à extrema-direita acabou por ser um dos grandes responsáveis pelo seu crescimento. Alimentou o Chega com o medo, com a polarização do discurso, com a ideia de que o único antídoto ao populismo seria o voto útil no PS. Ora, o eleitorado percebeu a manobra e, em vez disso, procurou alternativas. O problema é que, quando o centro se esvazia, as franjas crescem. O PS perdeu o centro-esquerda, que agora se dispersa ou se refugia na abstenção, e deixou um espaço aberto que o Chega soube ocupar com eficácia.
O PSD, apesar de ter vencido, não representa uma verdadeira alternativa reformista. O seu crescimento foi menos por mérito próprio do que pela erosão do PS. O Bloco de Esquerda e o PCP continuam em queda livre, agarrados a discursos ideológicos datados. A esquerda à esquerda do PS continua a preferir o confronto com o setor privado a soluções reais para os problemas do país.
Neste contexto, a Iniciativa Liberal reafirma-se como uma proposta diferente. Sem cair em radicalismos nem em promessas vazias, continuamos a defender um país onde a liberdade individual, a descentralização, o mérito e a responsabilidade sejam os pilares da política pública. Um país onde os cidadãos, do interior ao litoral, do Norte ao Sul, tenham igualdade de oportunidades para viver, trabalhar e prosperar.
O sonho liberal pode parecer distante, mas não é irreal. É, na verdade, a única resposta sustentável ao descontentamento que está a corroer o sistema por dentro. O liberalismo não oferece soluções fáceis, oferece soluções sérias. E é isso que Portugal precisa: de uma política que enfrente os problemas com coragem, que devolva poder às pessoas e que reconstrua o centro, onde a democracia respira.
Não nos resignamos. Continuaremos a lutar por um país mais livre, mais justo e mais moderno. Porque Portugal merece mais. E pode muito mais.

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