Portugal enfrenta um problema grave e alarmante: 30% da população jovem deixou o país. Esta fuga de potencial, composto pelos jovens mais qualificados e em idade fértil, representa um sinal preocupante, típico de estados em crise ao longo da história.
Mas qual a razão para esta saída massiva? Certamente a qualidade de vida da minha geração é bastante superior à da geração dos meus avós, porém, para quem emigra, isso não é importante. O que é importante para nós, jovens, são as oportunidades, presentes e futuras. Procuramos horizontes mais esperançosos e reconhecimento pelas nossas habilitações, muitas vezes exportadas para serem aproveitadas noutros países.
O crescimento económico é uma solução robusta e de longo prazo para os desafios da economia, incluindo a emigração jovem. Apesar de alguns discursos políticos celebrarem o crescimento económico recente, a verdade é que essa recuperação foi apenas uma resposta tardia às recessões anteriores, enquanto outros países avançaram a passos largos. Portugal, infelizmente, não conseguiu acompanhar esse ritmo.
E qual foi o tipo de crescimento que tivemos? Maioritariamente em setores como turismo e imobiliário, que, embora importantes, exigem pouca qualificação e oferecem baixos salários. Estes setores, apesar de serem pilares importantes da economia portuguesa, não são suficientes para garantir um desenvolvimento sustentável e de longo prazo. A dependência excessiva de setores de baixa qualificação e salários reduzidos limita o potencial de crescimento económico e impede a criação de oportunidades de carreira para os jovens mais qualificados.
Os dados desde o início do século XXI são claros: a economia portuguesa está estagnada, não convergindo com a dos nossos vizinhos europeus, para onde grande parte dos nossos jovens emigra. Esta estagnação é um reflexo direto da falta de políticas eficazes que promovem a inovação, a educação de qualidade e a criação de empregos qualificados.
Precisamos de um debate urgente e honesto sobre o futuro de Portugal. Um debate que reconheça a gravidade da situação e procure soluções eficazes para reter talentos, impulsionar a produtividade e construir um futuro promissor para todos os portugueses. É imperativo que o governo e a sociedade trabalhem juntos para implementar reformas que promovam um tecido empresarial dinâmico, melhorem o sistema educativo e criem incentivos para que os jovens permaneçam e prosperem em Portugal.
A fuga de jovens qualificados é um sinal claro de que algo está profundamente errado com a nossa economia e com as nossas políticas públicas. Devemos enfrentar esta realidade com coragem e determinação. O futuro de Portugal depende disso.