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Voz às Escolas

2017-11-29 às 06h00

João Graça João Graça

Aos professores do séc. XXI cabe-lhes a árdua tarefa de ensinar um público mais exigente e abrangente, fruto da massificação do ensino e do alargamento da escolaridade obrigatória; um público que nasceu imerso em tecnologia - Nativos Digitais (Prensky, 2011), que possuem uma visão do mundo diferente daquela em que nós, professores, fomos educados. Este novo aluno, multitasking, “exige” então um ensino centrado em si tornando-se evidente que a interatividade do seu mundo impõe à escola uma nova forma de estar. Hoje não se aprende da mesma forma que se aprendia há 30 ou 50 anos atrás, sendo que a aprendizagem é cada vez mais ubíqua, ultrapassando os contextos formais da sala de aula, passando a assumir um forte pendor em contextos informais.

Esta nova forma de aprender, assente na permanente conectividade, mobilidade, partilha e colaboração da geração multitasking impõe, como já referi, uma nova forma de estar no ensino e na escola. Estas “novas capacidades”, que os jovens cidadãos transportam, assentes no desenvolvimento de novas habilidades e estratégias, permitem mudar a forma de obter e criar conhecimento. Logo, o modelo pedagógico transmissivo, o currículo “uniforme, tamanho único, pronto-a-vestir” (Formosinho,1989) , não mais serve esta nova geração porque contraria o modelo construtivista, centrado no aluno, que vê na partilha, colaboração, nas experiências vividas, nas aprendizagens informais uma nova forma de fazer escola. Ou seja, perante este novo paradigma de aluno, a escola e seus atores têm que reagir.

Trata-se, pois, de pensar uma escola centrada no aluno, centrada nas suas aprendizagens, ciente de que o conhecimento se tornou volátil e de difícil domínio exclusivo, tal como refere Vasconcelos (2014). Para (re)orientar a escola neste sentido, é essencial mudar a forma como a pensamos. A escola deve assumir-se reflexiva, que se pensa e que se avalia. Esta nova escola - Escola Aprendente (Senge, 1990) - é uma organização que qualifica não somente os que nela estudam, mas os que nela ensinam no sentido de se renovarem e inovarem.

Hargreaves e Fullan (2000) apontam para a necessidade de pensar o papel da escola como uma organização que aprende, ou seja, como local que se desenvolve na medida em que seus profissionais também se desenvolvem. Isto é, para que estes últimos possam ter um bom desempenho, é necessário que haja uma mudança de atitudes, conceções e práticas dentro da escola, visando o envolvimento de toda a comunidade no seu desenvolvimento. Isto implica que as mudanças deixem de ser feitas para os profissionais, para serem feitas pelos profissionais, tornando-os profissionais “totais”.

A escola passa assim a ser pensada numa lógica de espaço que ensina e aprende, formada por pessoas que expandem, continuamente, a sua capacidade de criar os resultados que desejam, onde se estimulam padrões de comportamento novos e abrangentes, em que a aspiração coletiva ganha liberdade e as pessoas se exercitam, continuamente, em aprender juntas. Em suma, nesta dualidade ensinar e aprender, a escola deve assumir-se como um grupo de pessoas que partilham uma paixão comum e ao promoverem essa partilha acabam por aprender umas com as outras a forma de fazer ainda melhor.

Esta visão de escola deve assumir-se como uma Comunidade de Prática (Wenger, 1999) em que pessoas que se associam, livremente, para que juntas possam melhorar e aperfeiçoar as suas capacidades e as da própria organização. Passamos a estar perante uma escola reflexiva e qualificante em que a formação coletiva, permite aos participantes da comunidade, por meio de atividades de formação integradas, uma ampliação e democratização de saberes e liberta-os de compreender o mundo somente na perspetiva das suas próprias disciplinas.

Nesta escola de prática, comunitária e reflexiva as pessoas são o sentido da existência da instituição. O espaço é criado e recriado pelo convívio, interação, cooperação e colaboração. Desta interação entre os atores educativos resulta o confronto saudável das suas ideias, desejos, expectativas, constrangimentos e medos, onde cada um e todos, assumem responsabilidades e se comprometem com a organização.

Pode-se afirmar que o objetivo máximo é uma escola dirigida para as aprendizagens, em que o Diretor se deve assumir como o catalisador da reinvenção da escola, apoiando e garantindo a concretização dos seus objetivos, assentando a sua ação no apoio aos professores e na necessidade de trabalharem juntos, na disponibilização dos apoios necessários à consecução das aprendizagens dos alunos e na promoção de um ambiente de proximidade entre os elementos da comunidade educativa.
Só assim fazemos escola!
Juntos fazemos Escola!

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