Está a aproximar-se o tempo em que os acidentes nas praias fluviais ou marítimas, bem como, os resultantes dos fogos florestais ou urbanos, provocam neste nosso país, de Norte a Sul e de Este a Oeste, muitas vítimas, demasias vítimas de todas as faixas etárias. Nunca será demais recomendar que: informação, cuidado, preparação, formação de recursos humanos preparados para orientar e agir com conhecimento de causa, são fundamentais para atuar com segurança. Hoje, quero partilhar com o leitor duas histórias de um jovem Pioneiro (14-17 anos) e um Caminheiro (18-22 anos) do C.N.E.
O pioneiro, Alexandre Jorge de Oliveira Moreira, encontrava-se na margem do rio Tejo, com outos jovens quando viu que uma criança de três anos de idade, inadvertidamente caiu rio, correndo o risco de se afogar.
O Alexandre foi o mais rápido a reagir: aliviou-se de alguma roupa e do calçado, correu alguns metros pela margem e mergulhou nas águas do maior rio português. Esta maturidade na reação foi vital para salvar a criança de uma morte por afogamento. Para além do ato de heroicidade praticado no auxílio ao seu semelhante, colocando-se, ele próprio numa situação que poderia ter sido letal para ambos.
Este jovem, bem pode ilustrar o exemplo da pedagogia escutista que costumamos identificar pelas expressões: “a educação pela ação” ou “educação ativa”. O que se aprende é para ser colocado em prática, logo após uma rápida análise da situação existente. Neste caso, que felizmente teve um desfecho muito positivo, pois a tragédia foi evitada, mas sempre que o recordo, inevitavelmente penso no que sentiram os pais da criança: tenho para mim que este adolescente recebeu a eterna gratidão dos pais, foi certamente o “filme das suas vidas”.
A Junta Regional de Santarém quis que o exemplo do Alexandre Moreira fosse perpetuado na história do Corpo Nacional de Escutas, na Região de Santarém, mas também no plano nacional do Escutismo Católico, que sob proposta da Junta Regional de Santarém: “Por ter efetuado o salvamento de uma criança de três anos que se encontrava em risco de perder a vida por afogamento no rio Tejo, tendo colocado em risco a sua própria vida em prol do seu semelhante; por ser um exemplo a seguir; é atribuída a Cruz de Abnegação ao Pioneiro Alexandre Jorge de Oliveira Moreira – 0816000490005” Esta atribuição foi publicada, em atos oficiais, na Ordem de Serviço Nacional número 592, de 31/12/2010.
O outro jovem caminheiro, do Agrupamento 495, Santo António dos Cavaleiros, da Região de Lisboa, Tiago José Vieira Santos, quando participava numa atividade escutista deparou-se com um incêndio numa residência, iniciou o combate ao fogo com o recurso à água disponível do jardim, ajudando na evacuação dos habitantes e retardando a expansão, em grande escala, do fogo. Este jovem, com a sua ação, ilustrou de forma eloquente o lema de todos os escuteiros: “Sempre Alerta para Servir”, o seu altruísmo e a sua capacidade de se dar ao seu semelhante fazem dele um jovem nobre do seu tempo que, com a sua ação se transformou numa espécie de “Bom Samaritano” contrariando a ideia muito instalada na nossa sociedade que quer encurralar a juventude com grilhões de futilidade e egocentricidade. O Tiago Santos pelas suas ações, como tantos outros jovens, demonstrou que a juventude tem valores que norteiam as suas vidas e que, em situações extremas, são capazes de responder com disponibilidade total para que as vítimas possam sofrer menos, graças à sua entrega aos outros.
O Tiago não assobiou para o lado, atreveu-se a agir e, desta forma, foi um verdadeiro “Semeador de Esperança”, num triénio em que o Escutismo Católico Português vivia sobe o lema inspirador “Caminhos de Esperança”. A sua “Boa Ação” foi um exemplo para todos nós e permanecerá para sempre na nossa memória coletiva, pois por proposta da Junta Regional de Lisboa: «Por ter combatido um incêndio numa residência, durante uma atividade escutista, demonstrando grande coragem e espírito de serviço; por ser um exemplo a seguir; é atribuída a Medalha de Heroísmo ao Caminheiro do Agrupamento 495, Santo António dos Cavaleiros Tiago José Vieira Santos – 0312020495021». A atribuição desta condecoração ficou registada para sempre na Ordem de Serviço Nacional, número 600, de 30/06/2011.
Como é bom saber que que há tantos jovens que hoje, como outros noutros tempos, são capazes de se libertarem das leis que nos oprimem, vós sois “aqueles” que Camões identifica: «E aqueles que por obras valerosas / Se vão da lei da Morte libertando».