Correio do Minho

Braga, terça-feira

- +

Jovem... faz ouvir a tua voz!

Começar de novo

Jovem... faz ouvir a tua voz!

Ideias Políticas

2023-09-12 às 06h00

Gonçalo Silva Gonçalo Silva

O encargo de ser-se jovem nos dias de hoje não passa, somente, pelas questões pessoais que cada um de nós tem em decidir acerca do futuro pessoal de cada um. Qual curso estudar, onde morar, quanto tempo passamos com os amigos, quanto tempo podemos praticar desporto e usufruir da cultura e dos tempos livres são questões que, apesar da sua importância primordial nas nossas vidas, estão a ser obstruídas constantemente por graves problemas da vida nacional que afectam todas as camadas da sociedade mas, em foco especial, nós, os jovens que, pela nossa posição frágil na sociedade, vêm o seu futuro cada vez mais sufocado.
Observando a realidade actual, são poucos os jovens que começados os seus estudos ou a sua vida profissional, têm condições de projectar a vida a longo prazo. A realidade do alojamento torna impensável um jovem sair de casa dos pais antes dos trinta anos! Aliás, é no nosso país que os números são mais alarmantes: em média, os jovens portugueses só saem de casa dos pais aos 33,6 anos de idade.
Arrendar ou comprar casa surge ainda como tema de conversa de jantar, seja dos nossos familiares mais velhos que ocasionalmente e em tom jocoso afirmam: "Com a tua idade já tinha casa própria e pensava em casar!". A verdade é que todos os jovens aspiram e têm o direito de se emancipar. Nada disto é diferente em comparação às gerações anteriores. Na verdade o que mudou foi a condição concreta de arrendar ou comprar um imóvel ao longo das últimas décadas.
Dominados pelo jugo do Banco Central Europeu, os bancos portugueses obedecem veementemente às directrizes de Bruxelas e aplicam juros altíssimos nos créditos à habitação, num mercado já altamente especulativo e que pratica preços incomportáveis para os jovens portugueses. Ademais, os contratos precários de trabalho oferecem uma estabilidade mínima de vida a quem trabalha e são sempre acompanhados de um prazo limite de 180 dias. Aqueles que não sabem se daqui a seis meses a empresa lhes vai renovar o contrato precário ou até mesmo, em casos raros, avançar para um contrato efectivo não planeiam as suas vidas para além da lógica de curto prazo que nos é imposta.
Na acção diária da JCP junto dos estudantes e trabalhadores, muitas vezes ouvimos "Se eu não sei se vou estar a trabalhar onde estou agora daqui a seis meses, como hei eu de pensar em comprar casa?". É esta a realidade dos jovens portugueses quanto ao alojamento, a alavanca-chave da emancipação e da plena realização pessoal.
Mesmo para quem estuda no Ensino Superior, a quem a Acção Social mais devia fazer-se valer, recebem e-mails a lamentar a falta de camas nas residências públicas e vem no mercado privado a única solução de alojamento para conseguirem estudar. Graças às sucessivas lenga-lengas do governo PS-Costa em adiar a efectivação do PNAES, hoje há apenas 1300 camas públicas na Universidade do Minho para suprir a necessidade de 12'000 estudantes deslocados que a Universidade acolhe, mas não aloja.
Posto isto, são milhares de novos estudantes recém ingressados no Ensino Superior que são atirados aos lobos e forçados a vasculhar em sites e agências para encontrarem um quarto privado, entre os resquícios dos que sobram dos alunos que já neles habitam. Em Braga e Guimarães, a média de preço mensal de um quarto para estudantes é de 350€ (de acordo com o Jornal 'O Minho') tendo sido Braga o município cujo preço dos quartos privados mais subiu em todo o pais - 35%!
Quando o salário não chega, quando a bolsa não dá e o Estado não apoia, é na luta organizada que os jovens canalizam a sua revolta e materializam as suas aspirações! Cada vez mais jovens estão a tomar partido contra as injustiças e contra as condições que nos tentam impor como perenes. É necessário que cade um de nós faça ouvir as suas preocupações bem alto, leve os seus amigos consigo para a rua, militando e tomando partido para que se reverta o sentido neste caminho, tomando assim nas nossas mãos, o futuro de cada um de nós!

Deixa o teu comentário

Usamos cookies para melhorar a experiência de navegação no nosso website. Ao continuar está a aceitar a política de cookies.

Registe-se ou faça login Seta perfil

Com a sessão iniciada poderá fazer download do jornal e poderá escolher a frequência com que recebe a nossa newsletter.




A 1ª página é sua personalize-a Seta menu

Escolha as categorias que farão parte da sua página inicial.

Continuará a ver as manchetes com maior destaque.

Bem-vindo ao Correio do Minho
Permita anúncios no nosso website

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios.
Utilizamos a publicidade para ajudar a financiar o nosso website.

Permitir anúncios na Antena Minho