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“Incerteza!”

‘Spoofing’ e a Vulnerabilidade das Comunicações

“Incerteza!”

Voz às Escolas

2024-01-08 às 06h00

João Andrade João Andrade

Apesar da imensa evolução nacional dos últimos 50 anos, ainda pertencemos a um País onde uma vasta fatia da população se encontra encurralada em contextos desfavorecidos. E onde, também, a educação ainda não é tida, por muitos jovens, como o imprescindível elevador para uma melhoria significativa da qualidade de vida e, por tal, não apresentam a necessária motivação para o ato educativo.
À necessidade de resposta a essa realidade, agravada para esses jovens, bem como para os demais, pelo contexto pós-pandémico e, eventualmente, pelo patamar de exigência vigente, junta-se a necessidade de responder a um número significativo, que se intui crescente, de crianças com patologias de nascença que implicam recursos educativos específicos.

E, nos últimos anos, como se os anteriores não fossem, por si só, um desafio educativo suficiente, em consequência de uma muito insuficiente taxa de natalidade nacional, emerge uma crescente vaga de crianças de outras nacionalidades, filhas de imigrantes, inúmeras das quais sem qualquer capacidade de comunicação ou compreensão da língua portuguesa, constituindo, cada uma, um desafio educativo específico (para perceber o impacto desta realidade nas escolas, somente no nosso Agrupamento, incluindo as 30 turmas de adultos estrangeiros a aprender português, temos atualmente a frequentar alunos de 75 nacionalidades distintas!).
A coesão social nacional, além de exigência civilizacional, enquanto garante das imprescindíveis condições de segurança e de progresso sustentado do País, exige a capacidade de uma resposta de qualidade a cada uma das necessidades anteriormente descritas.

A Escola Privada, por se reduzir actualmente, em Portugal, ao trabalho com públicos selecionados, dotados do incontornável capital sociocultural e/ou financeiro e, assim, infelizmente, fechada sobre si mesma, em redomas de segregação, atentatórias da imprescindível coesão nacional, encontra-se muito longe de ser resposta à pluralidade e às exigências da educação para todos.
Continua a emergir, assim, a Escola Pública, como única Instituição capaz de responder a esse desafio nacional de educação e coesão. Porque, mesmo que exista a tentação de alargar a Escola Privada a outros públicos, esta responderá, incontornavelmente e pela sua natureza, por via da segregação de públicos, mais uma vez pondo em causa a coesão social nacional.
No actual contexto político nacional, é imprescindível que as diversas forças políticas sejam completamente claras sobre como pretendem estruturar a Educação em Portugal e sobre como se propõem dotar a Escola Pública dos imprescindíveis recursos para responder, com qualidade, à complexidade anteriormente descrita.

Toda a sociedade – e em particular todos os atores da Escola Pública – deverão estar particularmente atentos e exigentes na clareza das diversas propostas apresentadas, até porque um dos factores fundamentais para o sucesso da Escola Pública se encontra perante um desafio crítico, a saber, o insuficiente número, preparação e motivação dos docentes.
Infelizmente, este contexto de incerteza sobre quais são as diversas propostas para resposta ao desafio educativo nacional resulta de uma outra incapacidade nacional severamente crítica: como já referimos inúmeras vezes – bem como muitos outros diretores –, neste espaço e em outros, era obrigatório um consenso alargado, por parte das forças políticas representativas, sobre a finalidade e estruturação da Educação em Portugal e qual a missão, organização e recursos de que deve ser dotada a Escola Pública.

Não o fazer é correr o risco de aventureirismos de ocasião ou, então, a um faz, desfaz e refaz constantes, decorrentes da vontade da deriva ideológica do momento em contrariar a antecedente.
Face aos desafios da modernidade global, em particular a mobilidade humana e a avalanche, fiabilidade e fugacidade de informação digital, proveniente das mais diversas origens, a Educação emerge como o fator fundamental, não só de preparação dos povos, mas da sua identidade e emancipação.
Exige-se outra responsabilidade de todos nós.

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