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Escreve quem sabe
2023-06-04 às 06h00
Cada pessoa tem um processo próprio de desenvolvimento. “Alcançar” a maturidade não se aplica apenas ao desenvolvimento físico e cognitivo. Vai muito, mais além disso. Preconiza também a maturidade emocional e a psicológica. Há quem alcance a maturidade emocional muito cedo para a sua faixa etária, e há quem nunca alcance numa fase adulta. Neste sentido, poderá dizer-se que, é tão disfuncional tanto para a pessoa que a desenvolve muito cedo, como também, para aquela que nunca a desenvolve. Dito por outras palavras, e a titulo de exemplo, uma criança que no seu período de desenvolvimento (infância), deveria “brincar” e tem responsabilidades de “um adulto”. Não será de todo saudável, pois no futuro e já numa fase adulta, poderá apresentar fragilidades ou bloqueios emocionais tais como: experienciar sentimentos de desesperança (sentir-se sozinho/a, ou abandonado/a), não con- fiar em outras pessoas, “viver” com a ansiedade (fenómeno fuga e luta, em que está sempre em alerta no sentido o “o que poderá acontecer”, logo tem de preparar-se), porque desde a infância teve de se “desembaraçar” e resolver problemas sozinho/a com base na “ausência” emocional e não física da família. Quantas pessoas não se sentem sozinhas a viver mesmo com a permanência da família no mesmo espaço?! Por outro lado, há também, quem na fase adulta se recuse a aceitar as responsabilidades e o compromisso. Uma espécie de recusa ao processo de envelhecimento, onde a pessoa permanece no patamar da adolescência. Desengane-se quem afirme, que a imaturidade especifica género masculino ou feminino. Afetam ambos. Pessoas imaturas emocionalmente, caracterizam-se pela forma como “amam” a sua liberdade e qualquer compromisso que a possa limitar, recusam-se a avançar. É como se fosse difícil aceitar a responsabilidade. São pessoas muito autocentradas no seu “eu”, em que o importante é atender as suas necessidades, em que mesmo estando num relacionamento, não tem em consideração às necessidades do/a companheiro/a, mesmo que tenha a perceção de que é errado esse comportamento. Quais as causas que podem estar na origem da imaturidade? Por um lado, a ausência de au- tonomia na responsabilidade de tomar decisões, desde a infância em que os pais teriam esse papel. Por outro lado, pela vivencia e observação de ver a família “com as responsabilidades” e não desejarem esse caminho para si. Num outro ponto de reflexão e ao contrário de alguns mitos sociais, de que as pessoas imaturas, não se prendem a uma atividade profissional. É errado. Pessoas imaturas, trabalham e desenvolvem os seus projetos muitas vezes direcionados ao empreendedorismo. Na verdade, o que “assusta” é mais o compromisso com construído com a sua família e filhos. Querem “viver de fora” dos padrões da idade. Mas será que há comportamentos, atitudes ou formas de estar que estejam apenas circunscritas a determinada idade?! Isto é, poderá deixar-se de fazer o que se gosta, só porque já “não é suposto” para a idade? Eis a questão! A resposta parte da sensatez. Deve-se sim, fazer o que se gosta, independentemente da idade, predominando, ao mesmo tempo, a responsabilidade e o equilíbrio e a conciliação da vida familiar com o padrão de vida de cada um numa espécie de “negociação”, de cedências e ganhos em que nenhum dos lados fique lesado. A imaturidade pode não passar com o tempo. Nem todas as pessoas amadurecem com a idade. O primeiro passo, é reconhecer que alguns aspetos de vida ligados à dificuldade da responsabilidade de compromisso estão menos bem e procurar ajuda nesse sentido. Uma ajuda que não passa por uma conversa de amigos ou “chamadas de atenção” por parte de familiares, mas sim de terapia psicológica no sentido de potenciar um desenvolvimento mais assertivo da maturidade.
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