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“Humanos, defacto…”

‘Spoofing’ e a Vulnerabilidade das Comunicações

“Humanos, defacto…”

Voz às Escolas

2023-05-29 às 06h00

João Andrade João Andrade

O tempo passa, inexorável, sobre pessoas e instituições. Mais um ano, mais uma “defacto”, a nossa revista, materialização que encerra um ano de reflexões plurais sobre todas as possíveis abordagens de uma palavra. Este ano, tão apropriadamente, “Humanos”...
Pandemia? Parece que já ninguém a recorda! Substituída, no discurso presente, pelas diferentes guerras que nos assolam. Desde, ao longe, a militar, a aqui, todas as outras: a económica, oportunista, como sempre, a social, consequente e agravada. Nas escolas, outra guerra: dentro da permanente, a da educação, uma batalha emergiu. A dos docentes por uma carreira de respeito, como condição incontornável para uma escola pública consequente e de sucesso. No meio e em todas estas guerras, e como desde sempre, a eterna guerra (agora, na modernidade, digitalmente potenciada e omnipresente) da verdade – ou, melhor dizendo, das diversas verdades convenientes – com a mentira! Guerra que alimenta e é alimentada pela intolerância e os extremismos, que parecem cada vez mais crescentes e predominantes.

No entanto, se o discurso da Pandemia acabou, o seu impacto perdura. Na ausência daqueles que roubou, injustamente, e no impacto que perdura nas nossas crianças e jovens, a quem mais de um ano de convivência sã e de aprendizagem plena foram subtraídos. Nos últimos tempos, em particular em Braga, uma outra mudança (que não podemos permitir que termine em mais uma guerra): na cidade e nas escolas, novas gentes vindas dos quatro cantos do mundo, “novos Nós”!
No tempo recente, ainda um primeiro assomo da concretização de um medo já antigo: o confronto entre o denominado humano e a denominada inteligência artificial. Que, antes de tudo, nos confronta com o que deveras seremos ou o que, eventualmente, caso exista, nos possa distinguir de uma futura, já não Inteligência, mas sim Entidade Artificial. É nessa linha que, na presente “defacto”, temos o excelente artigo do nosso colega António Padrão, “Será o livre-arbítrio uma condição distintiva da condição humana?”.
Esta excelente e pertinente “defacto” conta, ainda, com contributos inéditos de dois dos mais relevantes pensadores atuais da educação: Licínio Lima, da Universidade do Minho, e António Sampaio Nóvoa, da Universidade de Lisboa. Contributos na senda do excelente momento com que nos presentearam, aquando das comemorações dos 50 anos da ESAS sob a égide do patrono, quando refletiram, conjuntamente e perante uma rendida plateia, sobre “os últimos cinquenta anos e os futuros da Educação em Portugal”.

Na presente “defacto”, além dos inúmeros outros relevantes contributos de inúmeros atores da comunidade escolar e envolvente, podemos confrontar-nos, também, com uma entrevista inédita a Pilar del Rio, sobre José Saramago e a sua obra (obra que é, antes de tudo, o testemunho da reflexão de um humanista sobre o humano).
Aqui, o nosso agradecido reconhecimento a toda a plural equipa que quis - e soube! - dar corpo e continuidade ao desígnio que é a “defacto”!
A revista foi apresentada internamente à comunidade escolar no dia 22 de maio e será a apresentada à cidade de Braga, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, no dia 15 de junho, pelas 17:30 horas. Sintam-se convidados!
Entre os receios da tecnologia, a pós-pandemia, a guerra na Europa, a crise económica e social, a enorme insatisfação dos atores escolares com a profissão, o fluxo imigrante e o aumento da intolerância, estamos perante uma mutação da realidade, que, mais uma vez, obriga a escola a estar à altura do desafio, não só formativo, mas, antes de tudo e primeiramente, humano, social e civilizacional.

A única resposta possível da escola – como da sociedade – a este contexto só poderá ser uma, aquela que deve nortear sempre uma instituição do perfil: a constante recentralização em valores e, de entre eles, particularmente no contexto atual, convocar, enquanto valor primeiro, o Humanismo: a valorização de cada ser humano e da sua condição específica, o respeito pela verdade e pelo diálogo e a construção de uma escola e sociedade servidoras do próximo, enquanto chaves para a realização e o bem-estar, do próprio e do outro, logo, de Todos, como tão bem descreve o Ubuntu ou convoca a Ética do Cuidado.
A resposta à complexidade dos tempos atuais às tentações do radicalismo só é possível através da construção de uma escola e sociedades educadoras e servidoras, que preparem os jovens para a complexidade do real e do humano e para o respeito, o cuidado e a capacidade de diálogo profícuo com o próximo, seja ele quem for.
Humanos, defacto!

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